“É preciso deslocar o eixo dos interesses individuais para olhar à luz de um contexto coletivo e maior. É por isso que lutamos no Instituto Ética Saúde”, afirmou o presidente do Conselho de Ética, Celso Cláudio de Hildebrand e Grisi
‘Ética, Saúde e Felicidade: Qual a relação dessas dimensões?’. Este foi o tema do evento promovido pelo Instituto Ética Saúde (IES), Instituto de Ética e Felicidade (IEF), Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) e Faculdade Paulista de Ciências da Saúde, no dia 27 de setembro, em São Paulo, com presença híbrida do público.
O presidente do IEF e professor de filosofia, Ives Alejandro Munoz, iniciou a apresentação explicando os conceitos. “Ética significa ‘como viver’, o que nos move, quais os valores. Felicidade era ‘boa vida’, na Grécia Antiga. Logo, a relação entre ética e felicidade é: como viver uma boa vida. Um dos componentes da boa vida é a saúde/bem-estar”. E complementou: “Virtudes – honra, justiça, cooperação, gratidão, resiliência – são valores que estão a serviço do bem e do bom do indivíduo e do coletivo”.
Segundo o palestrante, dentro do estudo de comportamento humano, são precisos vários pilares – alegria, prazer, relacionamentos amorosos positivos, dinheiro, engajamento, propósito, entre outros – para sustentar o estado de felicidade. A tarefa do indivíduo é saber quais são esses pilares e buscá-los. Quanto mais pilares, mais sólida e robusta é a felicidade. “A política pública tem tudo a ver com isso, porque ela proporciona possibilidades para que haja o aumento desses pilares nas pessoas, como por exemplo, mais emprego, mais segurança”, associou.
São três as grandes dimensões ligadas à felicidade: afetiva, cognitiva e ética. Ives Alejandro Munoz destacou a dimensão ética: é como viver uma vida virtuosa, de busca dos potenciais máximos individuais durante toda a vida. “Sempre é possível ser mais cooperativo, mais empático, mais justo, honrado e toda a lista enorme de virtudes. E o jeito como vivemos pode sabotar ou potencializar a nossa saúde”.
A segunda parte do evento foi sobre ética, moral e conduta empresarial. O presidente do Conselho de Ética do IES, Celso Cláudio de Hildebrand e Grisi, definiu a moral como “um conjunto de normas que servem para orientar a maneira de agir das pessoas dentro de um contexto social específico”. Já a ética “reflete sobre um conjunto de comportamentos, que são vistos como certo ou errado”, disse.
Na opinião dele, “viver a vida empresarial é um desafio muito grande, postos pelos oportunismos que existem na própria pessoa. É uma conduta com risco moral elevado”. Grisi ressaltou que toda decisão tomada no plano empresarial atinge alguém. Ou positiva ou negativamente. “E nesse sentido é possível causar danos ou beneficiar interesses alheios. Um gestor não tem escolha, está comprometido com a ética, porque será obrigado a prestar contas a sociedade”.
Individual e Coletivo
Para o professor Ives Alejandro Munoz, “no cenário virtuoso é impensável levar uma vida individual descolada da vida coletiva. Para a ética das virtudes são duas faces de uma mesma moeda, o bem-estar dessas duas coisas tem que andar juntas”.
No contexto empresarial, o presidente do Conselho de Ética do IES complementou: “é preciso deslocar o eixo dos interesses individuais para olhar à luz de um contexto coletivo e maior. É por isso que lutamos no Instituto Ética Saúde”, concluiu Grisi.
O diretor executivo do IES e moderador do evento, Filipe Venturini Signorelli, lembrou que a ética salva vidas. “A transparência nas relações negociais no setor da saúde – seja dentro de uma empresa de produtos médicos, num hospital, laboratório, na gestão dos planos de saúde, entre os profissionais da saúde – traz o prolongamento da vida”.