Em 2022 estima-se mais de 65 mil novos casos da doença, sendo que na maioria deles a reconstrução parcial ou total da mama será necessária
O câncer de mama é o tipo de câncer mais incidente em mulheres de todas as regiões do Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), para cada ano do triênio 2020-2022 a estimativa é de 66.280 novos casos de câncer de mama no país, sendo que o risco estimado é de 61,61 casos por 100 mil mulheres. O tipo histológico mais frequente é o carcinoma ductal, sendo que, na maioria dos casos, será necessário a cirurgia de remoção total ou parcial da mama para o tratamento do tumor.
Para o cirurgião plástico Bruno Legnani, o tratamento do câncer de mama evoluiu muito nos últimos 30 anos e, se antes receber o diagnóstico de um tumor no seio era sinônimo de mutilação das mamas, hoje a realidade é diferente, sendo que algumas mulheres com câncer de mama em estágio inicial podem escolher entre a cirurgia conservadora e a mastectomia, que consiste na retirada de toda a mama. “As decisões sobre tratamentos envolvem muitos fatores, indo desde intenções pessoais até a análise do tumor, porém hoje o tratamento cirúrgico está cada vez mais preciso e objetivo, buscando uma abordagem cirúrgica o menos invasiva possível”, conta o médico.
Bruno explica que o padrão atual para a maioria dos casos iniciais é a cirurgia conservadora, que é o nome dado à cirurgia que remove apenas o tumor e uma mínima margem de segurança ao redor e que tende a causar uma pequena ou nenhuma alteração estética. “Quanto mais cedo o câncer for detectado, maiores são as chances de cura e de cirurgias menos invasivas, ainda assim, em muitos casos, a mastectomia se faz necessária. Nesses casos as indicações são diversas a depender do tamanho do tumor, volume mamário, da presença de mutações genéticas de alto risco para câncer, da presença ou não de outros cânceres, entre outras questões que vão definir a necessidade de retirada completa da glândula mamária e da retirada ou não da pele e mamilo”, completa o médico.
Nesses casos, algumas técnicas podem ser usadas. Na mastectomia simples ou total, por exemplo, acontece a remoção de toda a mama, incluindo o mamilo, a aréola e a pele. Já na mastectomia poupadora também há a remoção dos itens citados, porém a maior parte da pele é preservada e usada para reconstrução imediata, geralmente com implantes de silicone ou próteses expansoras. “Quando se realiza uma mastectomia total, o ideal é que a paciente procure fazer a reconstrução mamária imediatamente, quando possível na mesma cirurgia, por meio de técnicas de cirurgia plástica, mas, quando não for possível, poderá ser feita meses depois”, explica o cirurgião.
Há também a mastectomia poupadora de pele e mamilo, que é uma opção disponível para mulheres com tumores que estão distantes da pele e do mamilo. Essa é uma opção preferível, caso seja tecnicamente possível e oncologicamente seguro, pois ela garante a reconstrução imediata da mama com prótese e na maioria dos casos garante uma aparência mais anatómica à mama, com aréola e mamilo. “O conceito de beleza está muito ligado à simetria, sendo o mamilo uma identidade da mama, por isso é tão importante a conservação, caso seja possível”, afirma Bruno.
Na maioria dos casos a cirurgia faz uma reconstrução relativamente natural e o resultado final pode ser muito satisfatório, minimizando o impacto físico e psicológico da paciente. “É possível comparar o resultado com o de uma redução de mamas. O tamanho da cicatriz depende, basicamente, da cirurgia que foi feita para retirar o câncer”, explica. A reconstrução da mama é um procedimento físico e emocionalmente gratificante para a mulher que sofreu um câncer. “Uma nova mama pode melhorar radicalmente a autoestima, a autoconfiança e a qualidade de vida”, finaliza o especialista.