Público que compareceu à abertura do Festival de Dança de Londrina recebeu flores como gesto de vida e resistência após a pandemia; apresentação de ‘ou 9 ou 80’, da Clarin Cia. de Dança, de São Paulo, também emocionou
Os espectadores lotaram o Teatro Ouro Verde e se emocionaram na abertura do Festival de Dança de Londrina, realizada neste sábado (8), com a apresentação do contundente e crítico espetáculo “ou 9 ou 80”, da Clarin Cia. de Dança, e a performance poética de entrega de flores durante o cerimonial. Por meio da linguagem da dança urbana, que inclui funk, passinho, entre outros estilos, os jovens dançarinos que formam o grupo envolveram a plateia em questões que englobam preconceito, violência e desafios de sobrevivência para as maiorias minorizadas, principalmente moradoras de periferias do Brasil. Os ingressos gratuitos para a abertura esgotaram-se ainda na quinta-feira (6), demonstrando o grande interesse do público para o retorno do evento após a pandemia de Covid-19.
A cerimônia de abertura contou com a presença das seguintes autoridades: Cleverson Cavalheiro, Diretor Presidente do Centro Cultural Teatro Guaíra, representando a Secretaria da Comunicação Social e da Cultura do Estado do Paraná; a diretora da Casa de Cultura da UEL, Profª. Marta Dantas da Silva, representando a reitora da UEL, Profª Marta Fávaro; Valdir Grandini, representante da Prefeitura do Município de Londrina e da Secretaria Municipal de Cultura; o gerente da Copel em Londrina, Marcelo Ercoles; a coordenadora geral e o curador e coordenador de comunicação do Festival de Dança de Londrina, Danieli Pereira e Renato Forin Jr., respectivamente.
Emoção à flor da pele – Quase ao final da cerimônia, o público recebeu margaridas e flores do campo como um gesto de resistência da vida e de esperança em tempos difíceis – ainda em recuperação após pandemia. “A primavera chegará, mesmo que ninguém saiba o seu nome, nem acredite em calendário, nem possua jardim para recebê-la”, disse Forin Jr. em seu discurso, fazendo referência à crônica de Cecília Meireles (1901-1964). As mesmas margaridas, nos longos minutos de aplausos à apresentação, se transformaram em uma “chuva de flores” jogadas ao palco pelo público como forma de agradecimento à Clarin Cia. de Dança, desta vez levando às lágrimas alguns integrantes do grupo.
A professora Ellen Mariane da Silva Dias, 44 anos, estava emocionada e feliz por poder participar pela segunda vez do Festival de Dança de Londrina, a primeira foi em 2019, quando se mudou para Londrina. “Foi muito lindo e o festival começou de forma política, como tinha que ser. Eu tinha lido a sinopse do espetáculo, mas não imaginava a forma como iria se desdobrar. Foi surpreendente. Eu, simplesmente, amei. É realmente importante para o momento que estamos vivendo”, afirmou. “A arte é algo fundamental, é o que permite a gente continuar respirando”, complementou, animada para assistir no domingo ao espetáculo “Abjeto-Sujeito: Clarice Lispector por Denise Stoklos”, de São Paulo, e na expectativa para conseguir comprar ingresso para “E.L.A.”, na segunda, montagem de Jéssica Teixeira, de Fortaleza (CE).
A auxiliar de gestão de saúde Janete Leme, 54 anos, acompanhada do seu marido, o aposentado Moacir Marconato, 62 anos, também ficou animada com o retorno do Festival. “Sempre gostei muito de participar do Festival e senti muita falta deste evento. É muito bom sair no final de semana, se alegrar, ver coisa diferente. Isso é algo que faz bem para a mente, é saúde mental”, pontuou.
Corpos políticos – Já no início do espetáculo, a dançarina Juju ZL surpreendeu o público com sua performance de quadradinho ao som de música clássica, propondo uma crítica e uma reflexão radical às categorias demarcadas entre a chamada “alta cultura” e arte popular. “Mulher, preta, gorda e da periferia”, como ela mesma afirma durante fala do espetáculo, fez questão de reforçar que a sua presença é o seu maior ato político.
Acompanhada de muitos aplausos após suas participações, ficou emocionada com a receptividade calorosa do público londrinense: “Foi nossa primeira apresentação no Sul do país e em um festival de dança. Isso gera ansiedade, apreensão, mas estamos saindo muito felizes. Foi incrível poder se apresentar para um público tão grande e receptivo. Hoje eu me senti livre para poder fazer o meu trabalho”, destacou Juliana dos Santos Andrade, a carismática e talentosa Juju ZL, de 27 anos, que desde 2015 dança profissionalmente.
O Festival de Dança de Londrina 2022 é apresentado pela Copel, por meio do PROFICE (Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura da Secretaria de Estado e Comunicação Social e Cultura), com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e tem patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura de Londrina, por meio do PROMIC (Programa Municipal de Incentivo à Cultura). O Festival é uma realização da APD (Associação dos Profissionais de Dança de Londrina e Região Norte do Paraná), com apoio institucional da Funcart e da Casa de Cultura da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Conta ainda com o apoio cultural do Hotel Crystal e Rádio UEL FM.
Serviço:
Festival de Dança de Londrina 2022 – espetáculos e oficinas
Quando: de 8 a 16 de outubro
Onde: Teatro Ouro Verde, Divisão de Artes Cênicas da Casa de Cultura da UEL, Concha Acústica e Funcart
Programação completa: www.festivaldedancadelondrina.art.br
Redes sociais: @festivaldedancadelondrina
Bilheteria:
Ingressos para espetáculos:
R$20 e R$10 (meia-entrada)
Vendas Online:
Portal Sympla (já disponível): sympla.com.br/festivaldedancadelondrina
Vendas presenciais:
Teatro Ouro Verde
Rua Maranhão, 85
Fone: (43) 3322-6381
Horário de funcionamento: a partir de 8 de outubro, das 16 horas até o início do espetáculo
Inscrições das oficinas:
De R$15 a R$30
Pela mesma página do Sympla (já disponível)