Maringá faz 1ª transfusão de sangue da história aeromédica do país

Com suporte da Helisul Aviação, a operação pioneira tem o objetivo de aumentar as chances de sobrevida de pacientes vítimas de traumas

A primeira transfusão de sangue da história aeromédica do Brasil aconteceu em Maringá, no Oeste do Paraná, no último dia 17 de outubro. Ela foi realizada com o apoio de um helicóptero da Helisul Aviação, que está há 50 anos no mercado e é responsável por fornecer o serviço de resgate aeromédico ao governo do estado do Paraná.

Na ocasião, uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) inaugurou a tecnologia com o atendimento a um homem de 47 anos. O paciente foi vítima de uma batida entre uma moto e um caminhão e ficou gravemente ferido. Ele sofreu hemorragia toráxica e abdominal gravíssima.

O socorro chegou rapidamente e o homem recebeu transfusão de sangue do tipo O Negativo (universal) já dentro da aeronave, antes mesmo de ser encaminhado a um hospital da região, como relata o médico Maurício Lemos, do SAMU Regional de Maringá.

“Imediatamente, a equipe do helicóptero chegou, já reconheceu esse tipo de choque hemorrágico e instalou o hemocomponente (as duas bolsas de sangue)”, afirma o profissional.

De acordo com Lemos, o objetivo deste projeto pioneiro é fornecer o que é melhor ao paciente, neste caso, sangue, associado a uma velocidade rápida de chegada ao hospital e, na sequência, o tratamento cirúrgico. “Isso nos mantém com os olhos sempre abertos, buscando tecnologias, para fornecer mais possibilidades e mais esperança aos nossos pacientes graves vítimas de traumas.”

Maior chance de sobrevivência 

O serviço aeromédico, que conta com suporte operacional e helicópteros da Helisul, é acionado em Maringá para três tipos de ocorrências: resgates em rodovias, acidente de trânsito de todos os tipos (em rodovias estaduais, federais ou estradas rurais) e remoções aeromédicas, que significam pacientes que estão em locais que não têm condições de tratamento definitivo, como em caso de infarto do miocárdio, que precisa de cateterismo; AVC, que precisa de trombólise; aneurisma, que precisa de cirurgia; entre outras situações, explica o médico.

Até então, os pacientes que apresentavam hemorragia exsanguinante (externa grave), ou seja, por traumas abdominais ou amputações, recebiam transfusão de soro fisiológico ou rigerlactato (soluções cristaloides), para prevenir a desidratação ou a falência renal do paciente até a chegada a um hospital, para então receber sangue por transfusão.

Com esta inovação, o paciente já recebe sangue antes mesmo do atendimento hospitalar, aumentando as chances de sobrevivência da vítima de trauma, explica Lemos.

“Quando nós usávamos apenas soro fisiológico, estávamos tentando repor volume com cristalóides, que são soluções que mantêm, temporariamente, a perfusão do doente, um nível de pressão arterial razoável. Mas é um produto que não substitui o sangue, não carrega oxigênio, porque o sangue transporta hemácias que carregam oxigênio. Muito soro também é prejudicial. O benefício do sangue é para trocar pelo que realmente o ser humano precisa.”

A operação foi implantada, inicialmente, em Maringá. A ideia, no entanto, é buscar indicadores nos primeiros seis meses, para então levar a tecnologia a outras bases no estado do Paraná, podendo servir como exemplo para todo o país. Antes do uso da transfusão de sangue no serviço aeromédico, a tecnologia existia apenas em ambulâncias de Bragança Paulista (SP) e do estado de Santa Catarina.

Transporte das bolsas e manutenção

As bolsas de sangue são transportadas pelos helicópteros da Helisul dentro de uma caixa importada e especial. Ela é capaz de manter o sangue em temperatura ideal, monitorada rigorosamente por um sistema de controle via aplicativo e GPS.

Para garantir o melhor desempenho das aeronaves, para que as bolsas e as equipes médicas cheguem o mais rápido possível e que todo o transporte ocorra em segurança de tripulantes e passageiros, a Helisul investe no que há de mais moderno em tecnologia.

A operadora de helicópteros participa ativamente do projeto, tanto na aquisição dos equipamentos e reforma na estrutura, como na disponibilização das aeronaves, do hangar e na manutenção do serviço e comemora mais uma ação pioneira.

“É muito gratificante fazer parte deste importante marco no serviço aeromédico do Paraná, que tem a nobre missão de dar maior sobrevida aos pacientes, vítimas de acidentes graves, especialmente em casos de hemorragia”, destaca o superintendente operacional da Helisul, Bruno Biesuz.

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