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Cartórios do Paraná registram quase 20% mais óbitos do que o patamar anterior à pandemia

Levantamento aponta que em 2022 aumentaram as mortes por doenças respiratórias e do coração. Número é 15 vezes maior que o crescimento anual médio de falecimentos no Estado antes da Covid-19

 

Passados os primeiros 10 meses deste ano, marcado pelo maior controle da pandemia de Covid-19 e aumento da vacinação, o número de óbitos no Paraná ainda não retornou ao patamar anterior à crise sanitária no país. Levantamento inédito junto aos Cartórios de Registro Civil do Estado aponta que o número de mortes em 2022 é quase 20% maior que o computado em 2019 e 15 vezes maior que o crescimento anual médio de óbitos registrado no Paraná antes da doença causada pelo novo coronavírus.

Os dados constam no Portal de Transparência do Registro Civil, administrado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos 7.658 Cartórios de Registro Civil — presentes em todos os 5.570 municípios brasileiros —, e cruzados com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que utilizam como base os dados dos próprios cartórios brasileiros.

Em números absolutos foram registrados entre janeiro e outubro de 2022, 74918 óbitos, número 19,8% maior que os 62.532 ocorridos nos 10 primeiros meses de 2019, antes da chegada da Covid-19. Na comparação com os números dos anos em que a pandemia esteve no auge no país, verifica-se uma redução de 22% em relação ao ano passado, que totalizou 96.140 mortes, e aumento de 13% em relação a 2020, que computou um total de 66.253 óbitos.

O ainda alto número de óbitos em 2022 chama mais atenção quando comparado em relação à média da evolução de mortes ano a ano no estado do Paraná, que variou, em média, 1,25% entre 2010 e 2019. Durante este período, a maior variação no número de óbitos no Estado tinha ocorrido em 2016, quando registrou crescimento de 6,9%. Com exceção ao ano de 2021, auge da pandemia no Brasil, quando os óbitos cresceram 45% de um ano para o outro, o alto número de mortes neste ano sugere que ainda podem haver fatores impactantes relacionados à doença.

Sequelas da Covid

Com o aumento da vacinação e o maior controle da pandemia, a Covid-19 deixou de liderar o ranking de mortes por doenças no Paraná, apresentando queda de 88% entre janeiro e outubro de 2022 em relação ao ano passado. Em 2021, no período analisado, foram registradas 31.764 mortes causadas pelo novo coronavírus frente a 3.775 neste ano. No entanto, outras doenças, algumas delas relacionadas a sequelas da doença passaram a registrar crescimento diferenciado no Estado.

“Mais uma vez, os dados dos Cartórios de Registro Civil trazem um panorama sobre o impacto da pandemia na sociedade e com isso, medidas cautelosas podem ser tomadas, como políticas de saúde pública e prevenção às doenças consequências de sequelas da Covid-19”, destaca o presidente do Instituto de Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado do Paraná (Irpen/PR), Mateus Afonso Vido da Silva.

Um número que chama atenção no levantamento diz respeito às mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Entre 2019 e 2022, houve um salto de 185% nos registros de óbitos por esta doença respiratória. Em números absolutos, foram contabilizadas 314 mortes por SRAG nos 10 primeiros meses deste ano frente a 110 registros para o mesmo período de 2019.

Outro exemplo é o aumento no número de óbitos por pneumonia, que aumentou 45% na comparação entre os primeiros meses de 2022 em relação ao ano passado, e 32,9% em relação a 2020. Já em relação a 2019, houve uma ligeira queda de, 19%.

Outra doença que apresentou crescimento em 2022 foram as mortes por septicemia, que registrou aumento de 12,3% de janeiro a outubro de 2022 em relação ao mesmo período de 2019. Neste ano foram computadas 7.655 mortes causadas pela infecção generalizada grave do organismo, enquanto em 2019 foram 6.814 óbitos no mesmo período. Já nos anos auge da pandemia, 2021 e 2020, foram catalogados respectivamente 6.519 e 6.146 óbitos por este tipo de doença, o que representa um aumento em 2022 de 17,4% em relação a 2021 e de 24,6% em relação a 2020.

Outro dado observado pelos números de óbitos registrados pelos Cartórios paranaenses está relacionado ao crescimento de mortes por doenças do coração. Entre janeiro e outubro deste ano cresceram 56,1% os óbitos por causas cardiovasculares inespecíficas em relação ao mesmo período de 2019, com um total de 5.438 óbitos frente a 3.484. Também aumentaram os falecimentos por AVC, 7% em relação ao ano passado e 12,4$ em relação ao mesmo período de 2019.

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