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O futuro do streaming será com publicidade (e você vai querer que isso aconteça)

Juliana Selenko*

Falar em propagandas dentro de plataformas de streaming ainda parece assustar certas pessoas, mas é assim mesmo. O novo sempre assusta, mas ele sempre vem. O curioso é que esse novo nem é tão novo assim. Por algum tempo o streaming tentou sobreviver sem o velho modelo de negócio da televisão aberta, que vive do lucro das cotas publicitárias vendidas dentro dos seus programas ou nos intervalos comerciais. Atualmente, entretanto, com a necessidade de aumentar os valores da mensalidade para cobrir custos de produções originais e a alta concorrência entre as plataformas, as empresas on-demand estão migrando para modelos, digamos, mais tradicionais, entendendo definitivamente que a publicidade está longe de acabar. E parece estar dando certo.

Uma pesquisa da Magnite, plataforma de vendas de publicidade, revelou que 79% dos usuários de serviços de streaming aceitariam a inserção de anúncios publicitários nas plataformas, desde que isso reflita numa redução significativa da mensalidade. A Magnite também trouxe dados que mostram que o público de streaming é mais engajado e aberto à publicidade do que o público de TV aberta, sendo que boa parte das pessoas dizem gostar de descobrir novos produtos a partir de anúncios.

Confirmando a tendência, desde o início de novembro a Netflix trabalha com uma nova opção de assinatura da plataforma. O novo plano oferece a exibição de anúncios antes e durante filmes e séries do catálogo do streaming. O pacote custa bem menos (R$ 18,90) e tem uma média de 4 a 5 minutos de anúncios por hora, além de um número limitado de filmes e séries, que não estarão disponíveis devido a restrições de licenciamento, mas que devem ser resolvidas depois pela empresa.

Nesse cenário há algo muito peculiar quando falamos em propaganda, e essa diferença parece ser a cereja do bolo para as plataformas. Na era da personalização, ao invés de jogar qualquer tipo de anúncio, as empresas entenderam que propagandas direcionadas a grupos ou indivíduos específicos podem funcionar muito bem. Como as plataformas funcionam online, elas podem oferecer anúncios com base nos hábitos de visualização, localização ou outros dados que a plataforma puder oferecer.

Embora a TV aberta ainda seja o local com maior visibilidade para as marcas, ela nem sempre consegue engajar o público correto. Por isso, a publicidade está mudando sua rota para o serviços over the top (OTT), mídia que faz distribuição de conteúdos pela internet. Assim, os serviços de streaming buscam anúncios mais assertivos e relevantes, para que o público não se sinta invadido.

Assim como foi preciso entender que a televisão e o cinema passaram por uma migração para o streaming e para um novo modelo de consumo, agora é preciso compreender que as plataformas de streaming não poderão abandonar o suporte das propagandas, caso queiram continuar ativas e lucrativas no mercado. O público, pelo jeito, vai sempre consumir publicidade, mas agora cada vez mais e mais personalizada.

Juliana Selenko é Diretora Operacional das empresas Neoconsig e Alias Tecnologia. Profissional com vasta experiência de mais de 10 anos nas áreas de atendimento e operações, trabalha nas duas empresas desde 2010, e nos últimos anos com foco em gestão e liderança. É graduada em Letras-Português/Espanhol pela Uniandrade.

 

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