De acordo com a biomédica, que é doutora em Microbiologia, os ambientes com grande circulação de pessoas – como as praias, piscinas, clubes de lazer e salas de aula – são grandes facilitadores para o contágio. Justamente por isso, a higiene é a medida de prevenção mais recomendada. “Lavar bem as mãos e os alimentos, evitar locais fechados, manter janelas abertas são condutas essenciais e que não podem ser deixadas de lado neste período”, enfatiza.
Indícios
Daiane observa que os sintomas de virose podem aparecer em algumas horas ou dias depois de a pessoa entrar em contato com o vírus. Os primeiros sinais envolvem dores de cabeça, mal-estar e náuseas. “Porém, essas manifestações podem evoluir para tosse, febre, diarreia e vômito dependendo do agente infeccioso e do sistema imunológico da pessoa”, complementa.
Segundo a diretora da 15ª Regional de Saúde – que tem sede em Maringá e responde por outros 30 municípios das imediações – crianças e adultos estão suscetíveis às doenças, mas é preciso redobrar cuidados com os idosos em virtude da resposta imunológica.
“Bebês, crianças da primeira infância [até os seis anos] e os idosos tendem a ficar mais debilitados. É fundamental dar atenção especial a esse público, observar os sintomas e manter uma boa hidratação que vai ajudar nas atividades celulares, na absorção dos nutrientes, na oxigenação, digestão, no funcionamento dos rins, regulação da pressão arterial entre outras funções”.
Surto de norovírus
No fim de janeiro deste ano, autoridades do Reino Unido emitiram um alerta sobre um “surto” de casos de diarreia na região, causados por infecções de norovírus. No mesmo período, a cidade catarinense de Florianópolis registrou situação semelhante.
“Se no passado ouvíamos falar mais vezes no rotavírus – amplamente combatido com a vacinação – hoje vemos um novo tipo de agente de contágio que também afeta o trato gastrointestinal. Isso requer novamente esforço de todos nós”, enfatiza Daiane.
O norovírus pertence às classes dos microrganismos que causam gastroenterite e tem como principais sintomas diarreia intensa, vômito e algumas vezes febre alta. A infecção é transmitida via fecal-oral (quando se leva a mão contaminada à boca), por meio da água e dos alimentos contaminados ou pelo contato com pessoas contaminadas.
O norovírus tem alta capacidade infecciosa e é capaz de permanecer em superfícies nas quais a pessoa esteve, o que facilita a transmissão. O contágio pode levar a sintomas graves, especialmente em crianças e idosos, e que podem evoluir com desidratação, provocando sintomas como pele, lábios e mucosas secos, batimentos cardíacos acelerados ou rápida diminuição da pressão arterial.
Além das viroses causadas por rotavírus e norovírus, outros agentes também podem ser encontrados nas chamadas “viroses de verão”. São os adenovírus e os sapovírus, todos com características muito semelhantes.
“A incidência das diarreias por rotavírus em crianças tem caído bastante desde a introdução da vacina contra esse agente. Cabe ressaltar que são duas doses orais de vacina contra o rotavírus: uma aos 2 meses e a segunda quando os bebês completam 4 meses de idade”, explica Daiane.
Como se prevenir
Quando o tema é prevenção, a vice-presidente do CRBM6 enfatiza que “cuidar nunca é demais” e traz algumas dicas para evitar contaminações. Confira:
1) Uma das principais formas de se prevenir contra as viroses de verão que causam problemas gastrointestinais é a higiene. Como o agente infeccioso é transmitido pelo contato, é imprescindível manter as mãos sempre higienizadas, pois elas são consideradas porta de entrada às doenças.
Lave bem as mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos antes de enxaguar, principalmente após tocar em animais e manipular os alimentos.
2) Lave bem os vegetais, frutas e legumes com água e sabão. Em seguida, coloque-os de molho em solução de água sanitária 2,5%, preparada com 1 litro de água e 2 gotas da água sanitária, deixando agir por 30 minutos.
3) Evite compartilhar toalhas, roupa de cama ou objetos pessoais.
4) Evite tocar em superfícies e levar as mãos à boca, nariz ou olhos.
5) Beba sempre água tratada ou fervida e fique atento ao escolher os alimentos. O calor favorece a proliferação de vírus e bactérias. Por isso, redobre a atenção em como os alimentos são preparados, armazenados e conservados.
6) A água da piscina e das praias também são grandes facilitadores das transmissões virais, em relação às doenças diarreicas. A ingestão de água do mar, mesmo que por descuido, pode acarretar em gastroenterite.
7) Viroses respiratórias, embora tenham significativo aumento dos casos no inverno, também circulam no verão. Por isso, evite aglomerações e ambientes fechados.
Apesar das campanhas de vacinação, o uso de máscaras em algumas situações ainda é recomendado para se evitar a transmissão e contaminação pelo Coronavírus.
8) Em caso de contaminação, monitore os sintomas, reforce a hidratação, invista em alimentação leve e, em caso necessário, busque auxílio médico com clínico geral, gastroenterologista ou infectologista. Nunca faça ingestão de remédios por conta própria.