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Dificuldade para engolir não se pode ignorar: veja causas, riscos e como tratar a disfagia

Condição muitas vezes é subvalorizada, mas pode comprometer o bem-estar, a longevidade e até colocar em risco a vida de pacientes de todas as idades

 Existem situações em que, por costume ou teimosia, deixamos algum incômodo de lado pensando ser algo temporário ou sem importância. Quem nunca desprezou uma dor de cabeça, uma dor de garganta ou um incômodo abdominal, pensando que “logo vai passar”? Porém, a dificuldade para engolir alimentos, líquidos e até saliva em qualquer ponto entre a boca e o estômago, condição conhecida como disfagia, não pode ser ignorada em nenhuma hipótese pelos riscos imediatos e, também, em médio e longo prazo – seus riscos e consequências são muito sérios e, em casos mais graves, podem levar à morte.

O dia 20 de março marca o Dia Nacional de Atenção à Disfagia, que tem o intuito de alertar a população e todos os profissionais de saúde sobre a importância do devido diagnóstico para o tratamento correto da condição. E, como primeiro passo nesse objetivo, é preciso observar alguns sinais tipicamente característicos da disfagia. O mais conhecido, sem dúvida, é a dificuldade para mastigar ou engolir o que se come ou bebe. Porém, outras situações também compõem o grupo de sintomas da disfagia, tais como a necessidade de engolir várias vezes o alimento, líquido ou a saliva que estão na boca, bem como a dor para engolir, a tosse ou pigarro constante no momento da deglutição, a sensação de alimento parado na garganta, além de falta de ar, palidez ou pele roxa, ou mudança de voz após se alimentar, presença de resíduos de alimentos na boca após engolir e perda de peso ou falta de apetite.

“As causas para o surgimento da disfagia em um indivíduo podem ser várias, congênitas ou adquiridas. Além disso, a disfagia pode aparecer como consequência do envelhecimento natural ou como sintoma de alguma doença, tais como mal de Parkinson e de Alzheimer, traumatismo cranioencefálico, paralisia cerebral, AVC, cânceres (especialmente de cabeça e pescoço, pulmonar e no sistema nervoso central) e covid-19. É muito importante notar, acima disso, que é uma condição que pode afetar indivíduos de qualquer idade, de recém-nascidos a idosos”, detalha Celso Santos Junior, presidente do Conselho Regional de Fonoaudiologia da 3ª Região (Paraná e Santa Catarina) – CREFONO3, especialista em Disfagia.

O fonoaudiólogo ressalta que essas características e sintomas da disfagia não devem ser desprezadas. “Qualquer sinal pode ser crucial para um diagnóstico que tenha condições de antecipar – e evitar – situações ainda mais graves. O ato de engolir é tão automático que é possível afirmar que se o estamos percebendo, é sinal de que precisamos prestar atenção se há algum incômodo ou dor. E, dentre os profissionais envolvidos na avaliação inicial, o fonoaudiólogo é um dos que possuem maior influência na confirmação do diagnóstico, e são justamente esses profissionais que são acionados para atuar com mais frequência na adoção de abordagens e terapias que amenizem a situação, promovam maior segurança alimentar e oferecem maiores chances de recuperação”, analisa Celso.

A desidratação e a desnutrição são duas sérias consequências da disfagia, que podem evoluir e até provocar a morte em casos mais severos, sem que haja ajuda profissional. A broncoaspiração, situação na qual algum alimento ou saliva entra na via respiratória, também é muito séria, pelo risco de provocar uma pneumonia como consequência do alojamento de um corpo estranho no pulmão. Já em crianças, alerta o especialista, a disfagia ainda pode ser responsável por vômitos, perda de peso, engasgos frequentes e dificuldades no processo de amamentação.

“Identificados os primeiros sintomas, o paciente deve ir (ou ser levado) para uma avaliação com o otorrinolaringologista ou gastroenterologista, que conduzirá o paciente ao fonoaudiólogo para a confirmação do diagnóstico, realizado também com o apoio de exames como a videonasofibroscopia da deglutição e a videodeglutograma. Pais de crianças pequenas e cuidadores de idosos devem ter especial atenção e observação, já que esses grupos nem sempre manifestam o que estão sentindo”, indica o presidente do CREFONO 3.

O tratamento contra a disfagia varia caso a caso. Há situações em que são indicadas mudanças na dieta, exercícios de fortalecimento dos músculos envolvidos na deglutição ou a prescrição de medicamentos – como os que inibem o refluxo gastroesofágico. Alguns casos requerem intervenção cirúrgica, principalmente no caso de disfagia provocada por algum tumor.

Cuidar da disfagia significa promover o bem-estar dos envolvidos. Promover longevidade, qualidade de vida e a preservação do prazer em se alimentar. Com atenção, cuidado e medidas simples, o tratamento se torna absolutamente benéfico e afetará positivamente a vida dos pacientes e seus familiares”, completa.

SOBRE O CREFONO3

O Conselho Regional de Fonoaudiologia – 3ª Região (CREFONO3), atuante no Paraná e em Santa Catarina, constitui, em conjunto com o Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa), uma autarquia federal. É responsável por zelar pelo cumprimento das leis, normas e atos que norteiam o exercício da fonoaudiologia, a fim de proteger a integridade moral da profissão, dos profissionais e dos usuários diretos.

Ao zelar pelo exercício regular da profissão, o CREFONO3 protege o fonoaudiólogo daqueles que exercem inadequadamente ou ilegalmente a profissão, além de proporcionar melhores condições para que a população tenha um atendimento adequado ao consultar o profissional.

 

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