O Movimento Paranista, que exalta a identidade do Paraná por meio da valorização de seus símbolos, está completando 100 anos. Para celebrar, um evento realizado no Memorial de Curitiba marca a abertura de uma exposição artística e o lançamento de um livro sobre o tema, nesta quinta-feira (30/03) às 19h, com entrada gratuita. Na ocasião, também é celebrado o aniversário de 330 anos de Curitiba.
O livro “Paranismo” foi escrito pelo pesquisador e crítico de arte José Roberto Teixeira Leite, o mesmo que lançou em 2014 a biografia do artista João Turin (1878-1949), um dos criadores e grande expoente do movimento. Teixeira Leite analisa a proposta que enaltece a identidade paranaense por meio do pinheiro, do pinhão, da erva-mate e de outros elementos típicos na arquitetura, esculturas, pinturas, móveis e até na moda.
Além de uma rica pesquisa sobre o tema, a publicação também traz um texto da Família Ferrari Lago, gestora do patrimônio artístico de João Turin, que relata a trajetória póstuma para preservação das obras (iniciado por familiares como Jiomar José Turin e Elisabete Turin) até o processo de resgate do legado deixado pelo artista. Turin também é citado diversas vezes em outras passagens do livro por sua relevância dentro da temática Paranista.
“O fortalecimento do legado do escultor paranista aconteceu graças à junção de esforços entre gerações de pessoas interessadas em manter sua arte viva ao longo dos anos”, comenta Samuel Ferrari Lago, um dos gestores das obras de Turin. O resgate realizado por sua família, a partir de 2011, possibilitou ações como a construção de uma fundição para produzir originais inéditos, montagem de três grandes exposições, localização e recuperação da obra “Pietá” na França, inauguração do Memorial Paranista (administrado pela Prefeitura de Curitiba), entre outras relatadas no livro.
Exposição artística
O livro “Paranismo” é um lançamento da Fundação Cultural de Curitiba, que também concebeu a exposição “Curitiba, Capital do Paranismo”. A mostra vai ocupar dois andares do Memorial de Curitiba com originais e reproduções de obras de diversos artistas, com linguagens artísticas que assimilaram as propostas do movimento, acompanhadas de textos explicativos.
A mostra também conta com duas esculturas em gesso de felinos (“Luar do Sertão” e “Tigre Esmagando a Cobra”), três vestidos produzidos a partir de croquis deixados pelo artista, especialmente criados pelo Centro Europeu para a premiada exposição “João Turin: Vida, Obra, Arte” no Museu Oscar Niemayer, entre 2014 e 2015; desenhos e reproduções arquitetônicas de Turin com a temática paranista. A exposição permanecerá em cartaz, podendo ser visitada de terça a domingo.
Sobre João Turin
Em quase 50 anos de carreira, João Turin deixou mais de 400 obras. Nascido em 1878 em Morretes, no litoral do Paraná, mudou-se ainda garoto para a capital Curitiba, iniciando seus estudos em artes, chegando a ser professor. Especializou-se em escultura em Bruxelas e em seguida morou por 10 anos em Paris.
Retornou ao Brasil em 1922, trazendo comentários elogiosos da imprensa francesa, e deu início à etapa mais produtiva de sua trajetória. Foi premiado no Salão de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1944 e 1947. Faleceu em 1949 e é considerado o maior escultor animalista do Brasil. Possui obras em espaços públicos no Paraná, Rio de Janeiro e França. Em sua homenagem, foi inaugurado o Memorial Paranista, em Curitiba, que reúne 100 obras.
Em junho de 2014, seu legado foi prestigiado pelas 266 mil pessoas que visitaram “João Turin – Vida, Obra, Arte”, a exposição mais visitada da história do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, que ficou em cartaz por 8 meses e foi citada em um ranking da revista britânica The Art Newspaper. Esta exposição também recebeu o Prêmio Paulo Mendes de Almeida, da ABCA – Associação Brasileira de Críticos de Arte, de melhor exposição do ano, e teve uma versão condensada, exibida em 2015 no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e em 2016 na Pinacoteca de São Paulo.
Serviço:
Exposição “Curitiba, Capital Paranista”
Lançamento do livro “Paranismo”, de José Roberto Teixeira Leite
Local: Memorial de Curitiba – R. Claudino dos Santos, 79 (Centro, Curitiba-PR)
Data e horário: 30 de março, quinta-feira, às 19h
Visitação: de terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 18h. Sábados e domingos, das 9h às 15h.
Entrada gratuita