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Doença silenciosa que atinge um terço da população mundial tem causado recorde de mortes no Brasil nos últimos 10 anos

Uma doença silenciosa e fatal, que atinge quase um terço da população mundial, tem crescido exponencialmente nos últimos anos e acendido um alerta entre os especialistas. Trata-se da hipertensão, que apenas no Brasil matou mais de 39 mil pessoas em 2021, um número 72% maior quando comparado a 2011, em que foram registrados pouco mais de 23 mil óbitos. Para o cardiologista José Rocha Faria Neto, existem dois aspectos que podem explicar o aumento preocupante de casos fatais da doença.

“Embora não possamos afirmar com absoluta certeza, certamente há um componente relacionado ao estilo de vida atual da população, marcada pelo sedentarismo, especialmente na população mais jovem, que passa mais tempo em frente às telas e pratica menos exercícios.  Além disso, enfrentamos uma epidemia de obesidade, o que influencia diretamente o aumento da pressão arterial”, explica o médico que também é professor da PUC-PR e sócio da PreviNEO, startup que desenvolveu um algoritmo capaz de identificar o risco de uma pessoa desenvolver doenças cardiológicas como a própria hipertensão, além de cinco tipos de câncer e doenças mentais.

Dr. Faria explica que especificamente no caso de Curitiba, a cidade apresenta dados alarmantes, mas ao menos com uma luz no fim do túnel. “De acordo com o Ministério da Saúde, nossa cidade é a terceira capital com maior incidência de mulheres hipertensas: 31% das curitibanas já têm o diagnóstico de hipertensão. Já entre os homens, 24% sabem que têm a doença. O número é um pouco desanimador, pois mostra como a hipertensão já pode ser tratada como uma epidemia. Mas,  é possível olhar o copo meio cheio quando encaramos a realidade de que, segundo a Organização Mundial da Saúde, um terço da população mundial sofre de hipertensão. Ou seja, ao menos em Curitiba, estamos diagnosticando a doença no percentual apontado pela OMS, o que já é um passo fundamental para mitigar os riscos”, explica.

O cardiologista destaca que a hipertensão não ganhou a fama de doença silenciosa à toa. Os sintomas demoram a aparecer e quando surgem, pode ser muito tarde. “Muitas vezes, o paciente que não faz um acompanhamento preventivo e só descobre que tem hipertensão em eventos graves como insuficiência renal, infarto, AVC e outras doenças cardiovasculares. Por isso, é fundamental fazer o monitoramento, especialmente em casos de risco maior para o desenvolvimento da doença, como a obesidade e o histórico familiar”, destaca.

Para Faria, a melhor forma de combater a doença é estar atento ao estilo de vida, praticando atividades físicas e controlando a alimentação, além de manter uma rotina de exames e consultas com médicos especializados para monitorar a pressão. “Quanto maior o tempo de exposição à doença, maior o risco de ocorrer um evento grave. Por isso, a regra é prevenir, tratar se for o caso, mudar seus hábitos alimentares e incluir rotinas de exercícios. Não é necessário se privar de tudo e passar a viver na academia. Mas sim, ter consciência dos limites e dos riscos da inatividade”, destaca.

O médico ainda ressalta que a tecnologia, apontada por muitos como uma das causas do sedentarismo, pode na verdade ser uma importante aliada no acesso às ferramentas que auxiliem as pessoas a prevenir essa doença. “Destaco especialmente as soluções de inteligência artificial, que ajuda a mapear os riscos de desenvolver hipertensão, sugerindo e acompanhando as ações do paciente tanto no aspecto do acompanhamento médico como nas mudanças de hábitos. Isso certamente auxiliará na mudança da mentalidade das pessoas, que passam a encarar a hipertensão como uma realidade a ser combatida e não como uma doença que só acomete os mais velhos”, finaliza o cardiologista.

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