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Ensinar e vigiar: escolas como espaço de inteligência afetiva  

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*Dinamara P. Machado

A problemática exponencial que emergiu, nas últimas décadas de violência no ambiente escolar e que recentemente invadiu noticiários no cenário brasileiro, reflete novamente a falácia social em que agimos, somente após sermos atingidos. Ou seja, um planejamento e a aprendizagem do reconhecimento dos acontecimentos globais, principalmente nos Estados Unidos da América, estavam sendo negligenciados por todos nós. A liberdade de fazer escolhas, permitiu nos omitirmos.  

A escola em seu âmago é o espaço em que trabalhamos diariamente na formação das novas gerações, isto inclui as metodologias para gerar apropriação de conhecimento, de habilidades, que por consequência desdobram-se em habilidades e atitudes. Ao incluirmos os aparatos tecnológicos para vigiar este espaço, é sabido que não garantiremos segurança. E, ainda colocar profissionais das forças para vigiar este espaço diariamente, também não garantirá segurança.  

A tecnologia irá vigiar e registrar os acontecimentos e os policiais poderão diminuir o impacto de mentes perturbadas. E, quem responderá as perguntas de vários trilhões de libras:
Como os policiais estão sendo capacitados para se relacionar com crianças e jovens, cheios de hormônios, gestos e gritos que ecoam em corredores, com crianças com TOD (transtorno de oposição desafiante), autismo (…), com crianças e jovens em sua complexidade em transformação?
Quais as políticas públicas estão sendo discutidas para mitigarmos os problemas gerados pela exclusão social?
Quais as políticas públicas estão sendo discutidas a partir da percepção das doenças socioemocionais?  

Enfim, acreditamos que não basta surfar na onda e aparamentar escolas com equipamentos tecnológicos e policiais do lado de fora da escola, é preciso refletir e agir no contexto geral. Ter imagens do ambiente escolar, significa o compromisso em possuir em seu quadro profissionais capacitados para transformar imagens em dados, para ações preventivas e coercitivas de mudança de comportamento.  

Autoridades policiais, professores e administrativos das escolas precisam verificar este momento histórico para a implementação da inteligência afetiva, reafirmando que na escola os seres humanos ajudam na formação de novos humanos, que precisam receber doses de cultura e afeto para fazerem florescer o humano existente, dentro de cada um de nós, aplacando os institutos de sobrevivência, de luta e insanidade que reside em cada um de nós.  

Saber reconhecer o estágio emocional de cada estudante é uma tarefa para todos os profissionais e familiares, que ultrapassa apenas equipar escolas com aparatos tecnológicos, mas este pode ser um primeiro rabisco do quanto estamos comprometidos com a formação das gerações atuais e futuras. Enfim, escolas não são prisões, em que se vigia e se pune, escolas são espaços democráticos, em que a comunidade deve participar, com firme objetivo de preservação da vida em sociedade. Sim, sou favorável por termos policiamento e câmeras no ambiente escolar.  

*Dinamara P. Machado é doutora em Educação e diretora da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter. 

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