*Dinamara P Machado
As mudanças sociais sempre ocorreram, o que vivenciamos desde o milênio passado é uma aceleração das transformações sociais a partir dos pilares da tecnologia, da democracia e dos direitos humanos vivenciados em quase todo o planeta, pois ainda existe uma dúzia de países em regime totalitário, renegando uma nova percepção de vida globalizada.
Diante de contexto de mudanças, e do entendimento mediano dos aspectos legais do novo tempo, ouvimos pelos corredores das escolas e nas conversas informais na família, que “hoje a criança e o adolescente podem tudo, que a família não pode impor limites” e tantos outros discursos equivocados.
Na década de 90, tivemos implantação do Estatuto da Criança e Adolescente, nos anos seguintes, ocorreu a implantação da Lei da Primeira Infância, da Lei Menino Bernardo, Lei do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, e em nenhuma delas encontramos respaldo para os discursos de senso comum, que se transformou em realidade. E, em todas encontramos crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, em condição peculiar e prioridade absoluta para família, sociedade e Estado.
Para o desenvolvimento desse sujeito de direito configura-se como dever os direitos à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. E, se agrega que devem ficar livres de tratamento desumano, violento, castigo físico, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
A civilidade e a empatia ao longo da história passaram por todas estas transformações, dos castigos cruéis até o momento atual, muitas foram as mudanças. E, encontrar o bom senso social de civilidade não ocorre em apenas três décadas, mas as famílias precisam encontrar o bom senso entre ser democrático e negligente na educação dos filhos. Não se pode utilizar bordões que “somos uma família democrática, o diálogo prevalece’’ e negligenciar que os filhos passem horas e horas seguidas com dispositivos móveis.
Democracia é encontrar um caminho de respeito, e significa que ambos, adultos e crianças/adolescentes, precisam juntos realizar acordos para a convivência e, principalmente, buscar na preservação do que foi constituído, uma prioridade absoluta. Famílias, que cedem aos encantos das vontades dos filhos, negligenciam com a legislação, e principalmente com o futuro daqueles que amam.
A criança e o adolescente precisam ser criados e educados, por consequência se exige tempo dos adultos que os rodeiam. Tempo para acompanhar na escola, para ir à igreja, para realizar atividade física, para leitura, para alimentação no horário correto, para a higiene (…). Filhos exigem tempo e responsabilidade daqueles que lhe trouxeram à vida, e famílias ainda precisam ser repletas de heroínas e heróis que causem admiração e respeito.
Por mais famílias com conhecimento e atitude na educação das novas gerações, e que compreendam que as emoções de uma criança e adolescente estão em desenvolvimento a partir dos valores vivenciados. Amanhã, ali fora e livre, seu filho ou filha estará à mercê da sociedade globalizada e competitiva. Declare seu amor com ações, hoje!
*Dinamara P. Machado é doutora em Educação e diretora da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter.