Rafaela de Almeida (*)
Quando refletimos sobre nossos deslocamentos diários na cidade, geralmente as primeiras opções que nos vêm à mente são o transporte em veículos particulares e o transporte público. O Brasil é um país em que a cultura está intimamente ligada ao uso intensivo de veículos motorizados, e as nossas cidades refletem essa realidade, ao contrário do que observamos em cidades europeias, como Paris, Barcelona e Copenhague, onde a bicicleta é um meio de transporte reconhecido e valorizado.
No dia 17 de julho, a cidade de Curitiba lançou o novo serviço de compartilhamento de bicicletas, seguindo o exemplo de outras capitais brasileiras, como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, que já possuem sistemas similares. Inicialmente, o novo serviço contará com 500 bicicletas e 50 estações distribuídas nas áreas centrais da capital paranaense.
Ao incentivar a implantação desse tipo de sistema, a cidade estimula a mobilidade ativa e não motorizada, ou seja, a mobilidade sustentável, proporcionando a redução de congestionamentos e impactos ambientais. Promove também a qualidade de vida dos cidadãos, uma vez que, com o aumento da prática de atividade física, pode haver uma redução do desenvolvimento de diversos problemas de saúde, relacionados ao sedentarismo.
Vale ressaltar que essa forma de mobilidade pode representar uma alternativa viável para pequenos deslocamentos, em áreas centrais e até mesmo, na integração com outros modais de transporte, complementando o uso do transporte público e veículos de aplicativos, ou seja, uma ótima solução de mobilidade para as viagens de “última milha” (última etapa).
Além disso, um sistema de compartilhamento de bicicletas oferece aos visitantes e turistas a oportunidade de vivenciar a cidade de forma mais interativa, gerando memórias e emoções únicas.
A adoção de um sistema de compartilhamento de bicicletas pode proporcionar vantagens como:
– Redução do custo com deslocamentos;
– Menor custo com manutenção, no comparativo com bicicletas próprias;
– Redução de índices de poluição atmosférica e sonora;
– Conexão com outros modos de transporte;
– Conexão entre os principais pontos da cidade;
– Maior incentivo a prática de atividades físicas;
– Oportunidade de renda e trabalho em entregas realizadas com bicicletas;
– Senso de apropriação, humanização e uso do espaço urbano
No entanto, é importante reconhecer que, apesar de Curitiba já contar com aproximadamente 260 km de ciclovia, ciclofaixas e vias compartilhadas, a cidade ainda precisa investir mais na expansão e melhoria de sua infraestrutura cicloviária, integrando-a ao planejamento urbano para facilitar a conexão das bicicletas com outros meios de transporte. Além disso, a promoção de ações educativas e conscientizadoras é essencial para se criar uma cultura de respeito, compartilhamento e segurança no trânsito, tanto por parte dos ciclistas, quanto dos demais usuários das vias.
(*) Rafaela de Almeida, doutora em Gestão Urbana e professora da Escola Superior de Gestão, Comunicação e Negócios do Centro Universitário Internacional UNINTER