Atualmente 720 paradas cardíacas ocorrem, todos os dias, no Brasil, e a grande maioria acontece dentro de casa, na presença de crianças, ou na rua, onde familiares, amigos e pessoas próximas não sabem o que fazer. “Menos de 2% dessas pessoas chegam vivas aos hospitais. Infelizmente elas morrem no caminho ou na própria residência”, conta o diretor do Centro de Treinamento em Emergências Cardiovasculares da SOCESP, Agnaldo Piscopo. Em muitas cidades americanas, onde crianças, adultos e profissionais de saúde são treinados e há disponibilidade de desfibriladores, o índice de sobrevida passa dos 70%.
No Dia Mundial do Coração, celebrado em 29 de setembro, a SOCESP fez uma ação no Ginásio de Esportes Nelson Ruegger, em Araras/SP, com mais de 4 mil crianças e adolescentes. Eles foram treinados a fazer as manobras de ressuscitação cardiopulmonar em bonecos reciclados, feitos de forma artesanal pelos próprios estudantes com suporte da Sociedade de Cardiologia. “Eles produziram manequins com garrafas PET e material reciclado com orientação dos professores de artes. A SOCESP já promoveu atividades semelhantes em seus congressos e eventos”, conta Agnaldo Piscopo.
Desde o ano passado, Araras foi a primeira cidade no Estado de São Paulo com uma legislação específica que prevê o ensino nas escolas públicas e privadas de reanimação cardiopulmonar, prevenção e reconhecimento do infarto e AVC. O programa “Crianças Salvam Vidas” tem o apoio da SOCESP, que fornece o material didático para os treinamentos.
“O objetivo é que eles possam reconhecer os sintomas e ajam para pedir ajuda ao serviço de emergência e, enquanto o SAMU não chega, que façam as compressões torácicas”, orienta o cardiologista. A ressuscitação, quando realizada em até 5 minutos da parada cardíaca, permite uma taxa de sobrevida em torno de 50% a 70%. A cada minuto sem qualquer atendimento, a pessoa perde de 7% a 10% a chance de permanecer viva. “Por isso a relevância desse projeto que precisa ser ampliado para todo o Estado”, defende a presidente da SOCESP, Ieda Jatene.
Em 2015, a SOCESP fez um treinamento em massa com 2.204 pessoas e deteve, pela primeira vez, o recorde auditado no número de participantes. Agora a entidade pretende ‘quebrar’ a própria marca. “A ação, além de treinar de uma vez só, milhares de estudantes ainda sensibiliza a população sobre o tema e faz com que mais pessoas busquem conhecer as manobras de RCP”, conclui Piscopo.