Sede da Associação de Mulheres de Atitude e Compromisso Social (AMAC), integrada à Rede Favela Sustentável, inaugura sistema solar de geração de energia, buscando a realização do potencial das favelas como modelos de comunidades sustentáveis.
A Associação de Mulheres de Atitude e Compromisso Social (AMAC), que há 11 anos luta pelo direito das mulheres e contra a violência doméstica em Duque de Caxias, município da Baixada Fluminense, acaba de dar mais um passo em seus esforços para tornar-se referência também de práticas sustentáveis.
A associação recebeu jornalistas, lideranças comunitárias e aliados da Rede Favela Sustentável (RFS) para uma coletiva de imprensa, que contou também com a cerimônia de lançamento oficial da mais nova conquista da associação: um sistema de energia solar fotovoltaica instalado na comunidade do Dique da Vila Alzira.
Potencial inexplorado
Apesar de possuir um excelente potencial solarimétrico para a exploração da energia solar, a Baixada Fluminense ainda aproveita muito pouco essa oportunidade. Com cerca de 57% da população do município do Rio de Janeiro, e uma área geográfica bem maior, a potência fotovoltaica instalada da região apresenta apenas 23% da capital do estado. O potencial solar não realizado da região é gigante.
Gabriel Souza, Educador Social da AMAC, comemorou a nova conquista da Associação. “Quando a gente vê a energia solar no nosso território, que é uma energia mais limpa, ecológica, melhor para o nosso planeta, a gente começa a realmente ver a possibilidade de um futuro melhor. Estamos indo pelo trilho correto, correndo atrás de nossos sonhos para que nossos sobrinhos, filhos e netos tenham um mundo melhor para viver. E cabe a nós prepararmos esse mundo para eles. A AMAC está sendo pioneira em energia solar, em Duque de Caxias”.
SMA faz doação de inversor
Entre os aliados que fizeram a doação de equipamentos e o serviço de instalação está a SMA, empresa alemã líder no fornecimento de soluções fotovoltaicas, fornecedora do inversor utilizado para o sistema solar na AMAC.
André Gellers, Country Manager da SMA Brasil, explica a importância da iniciativa, não só para a SMA, mas também para a sociedade como um todo. “O apoio na implementação de sistemas solares em comunidades carentes é uma medida importante na busca da justiça energética, pois melhora o acesso à energia, reduz as desigualdades, promove a sustentabilidade ambiental, criando oportunidades econômicas e fortalecendo a resiliência das comunidades. Isso não apenas beneficia as comunidades diretamente envolvidas, mas também contribui para um mundo mais justo e sustentável”.
Já Nill Santos, fundadora e presidente da AMAC, conta como a iniciativa ganhou corpo. “A sociedade nos impõe uma barreira que não existe. Quando vi a possibilidade de trazer energia solar para o meu território, da Baixada Fluminense, onde tudo é mais difícil e, ao mesmo tempo levar não só para o território, mas fazer com que os moradores e os jovens pudessem olhar isso como uma possibilidade de crescimento pessoal e profissional, não pensei duas vezes”.
Parceria pela justiça energética
Os outros parceiros da inciativa incluem a Solarize Treinamentos Profissionais, empresa também ativa como aliada técnica no eixo de justiça energética da RFS. A AE Solar doou os módulos, a Clamper os dispositivos de proteção contra surtos, a Solar Group as estruturas de fixação para os painéis, a Almax Energia as ferramentas para a montagem e, a Bold Energy, foi a empresa responsável pela distribuição dos módulos.
A instrução foi realizada pela Solarize, que assinou o projeto elétrico e conduziu o processo frente à concessionária. O equipamento foi instalado por técnicos da comunidade, capacitados pela Solarize, para que a própria comunidade possa manter o sistema e gerar renda com essa nova profissão.
“Estamos em um ONG de mulheres para mulheres, para famílias. Este foco é muito importante, elas precisam de energia mais barata, precisam dessa economia para continuar oferecendo o essencial trabalho que dão para suas comunidades”, explica Hans Rauschmayer, da Solarize Treinamentos Profissionais.
A AMAC
A Associação de Mulheres de Atitude e Compromisso Social (AMAC) surgiu em 2012 a partir de vivências de Nilcimar “Nill” Maria Santos, moradora da comunidade do Dique da Vila Alzira.
Os já notórios índices de feminicídio e assédio sexual vêm aumentando em nosso país, e a Baixada Fluminense lidera o estado do Rio de Janeiro em casos de violência contra a mulher. Infelizmente, Nill foi também uma dessas vítimas.
Em 2007, porém, conseguiu quebrar o ciclo da violência e a partir de uma rede de trocas, conversas e acolhimento com outras mulheres de sua comunidade, surgiu a ideia de criar a AMAC.
“A principal missão da AMAC é reconstruir e reconstituir vidas, empoderando mulheres, especialmente aquelas que são vítimas de violência doméstica. A AMAC é responsável por muitas atividades e movimentos, que visam capacitar e educar as comunidades de Caxias sobre os direitos das mulheres”, conclui ela.