Modelos de lojas físicas temporárias e as guide shops impulsionam uma abordagem focada na experiência de compra; especialista conta como o varejo brasileiro pode usar essas tendências para conquistar mais clientes
No primeiro semestre de 2023, as vendas no varejo digital registraram um crescimento de 20,1% em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com dados da pesquisa da Linx – grupo StoneCo. Nesse panorama, um aspecto que merece destaque é a crescente preferência pelos serviços de retirada em lojas físicas, que teve um aumento médio de 37% durante 2023 e 2022, representando 32% do total das operações. Esses números exemplificam as mudanças constantes que o varejo passa no sentido de se adaptar aos modelos híbridos, que unem o mundo físico e virtual.
Segundo o especialista em marketing e estratégia de negócios, Frederico Burlamaqui, o futuro do varejo é uma combinação habilidosa de experiências físicas e online, estratégia que vai de encontro com os desejos dos consumidores, que buscam ter experiências de compra fluidas e atendimento personalizado. “Essas abordagens inovadoras no varejo demonstram que o setor está evoluindo rapidamente e à medida que mais empresas exploram os modelos híbridos de venda, é provável que vejamos o varejo continuar a evoluir ainda mais, pois notamos que o setor está preocupado em atender às crescentes expectativas dos clientes. Bons exemplos são as estratégias das gigantes do varejo como a Shein, Amaro e Troc, que têm investido em estratégias físico-digital para criar experiências e promover produtos exclusivos. Algo que tem movimentado o mercado”, conta.
Lojas físicas temporárias e guide shops
A Shein, gigante do comércio eletrônico de moda, inovou o mercado ao adotar modelos de lojas temporárias (também conhecidas como pop-up), que se concentram em uma experiência única de compra, oferecendo uma experiência imersiva, onde os clientes podem tocar e sentir os produtos antes de comprar virtualmente. “O exemplo da Shein tem trazido boas referências de como é possível inovar no varejo, pois a marca usa diversas estratégias para melhorar a experiência do cliente em ambos os ambientes, físico e digital, ao criar o conceito de loja temporária. Essas lojas são abertas por um curto período de tempo, geralmente relacionado à alguma data importante de uma grande capital, e são usadas para lançar produtos exclusivos que só podem ser encontrados lá. Com isso, a marca cria um senso de urgência e incentiva os clientes a visitarem a loja pessoalmente. Outro ponto importante é a integração omnicanal, já que a marca usa a loja pop-up para promover suas operações online, já que os clientes podem fazer pedidos na loja para entrega em casa, incentivando a integração de experiências online e offline”, explica Frederico.
Outro exemplo é o das marcas Amaro e a Troc que optaram por um modelo de guide shop, que também combina elementos de lojas físicas e virtuais, mas com uma abordagem diferente. “Nas guide shops, os clientes podem experimentar os produtos antes de comprar, proporcionando uma experiência tátil que muitas vezes é crucial na moda. Além disso, os consultores de moda estão disponíveis para fornecer orientações e dicas, ajudando os clientes a tomar decisões informadas. As guide shops estão intimamente conectadas às operações online das marcas, onde os clientes podem fazer pedidos na loja para entrega em casa e têm acesso a todo o catálogo online das marcas”, explica o especialista.
Como pequenos e médios varejistas podem usar essas referências?
Frederico explica que essas inovações no varejo, que focam na experiência entre os ambientes físicos e digitais, também têm relevância para os pequenos e médios negócios de varejo no Brasil, pois estimulam a busca por soluções que possam impulsionar as vendas. “É fundamental que os varejistas estejam atentos a esses movimentos inovadores, pois embora essas empresas não tenham os recursos financeiros das gigantes do comércio eletrônico, elas podem adotar abordagens semelhantes para aprimorar suas operações e conquistar clientes. A combinação de experiências físicas e online, assistência personalizada e criatividade nas operações pode ajudar a atrair e fidelizar clientes, promovendo o crescimento e o sucesso no mercado de varejo”, reforça o especialista que sugere algumas ideias, como:
Lojas físicas inspiradoras
Pequenos e médios varejistas podem se inspirar no modelo de lojas pop-up da Shein para criar experiências memoráveis para seus clientes. Eles podem alugar espaços temporários em locais movimentados, como shoppings ou áreas comerciais, e projetar produtos específicos. Aqui a criatividade é fundamental e o objetivo é criar uma atmosfera que atraia a atenção e estimule o compartilhamento nas redes sociais.
Omnicanalidade integrada
A integração omnicanal é acessível mesmo para pequenos negócios de varejo, que podem oferecer a opção de pedidos online e retirada na loja, ou entrega em domicílio. É importante garantir que o estoque online e offline esteja sincronizado, para evitar frustrações dos clientes.
Assistência pessoal e personalização
Pequenas e médias empresas podem investir em treinamento de pessoal para fornecer assistência pessoal aos clientes. A abordagem de guide shops da Amaro e Troc é relevante aqui, com foco em oferecer consultores de vendas bem informados que podem ajudar os clientes a encontrar produtos que atendam às suas necessidades. Esse é um grande diferencial competitivo.
Experiências táteis
Para negócios de moda e vestuário, permitir que os clientes experimentem produtos antes de comprar é fundamental. Nesse ponto é importante investir em ter provadores bem iluminados e confortáveis em lojas físicas, oferecendo experiência tátil.