O crescimento da população acima de 60 anos é visível no Brasil, com mulheres e homens saudáveis, hoje caminhando pelas ruas das cidades, fazendo exercícios em academias, ajudando a cuidar dos netos, indo a bares e restaurantes, enfim, se divertindo. Entretanto, com o envelhecimento, surgem os problemas de saúde, entre eles os de quadril.
Frequentemente, nessa faixa etária ocorrem acidentes, como quedas, afetando muitas vezes esta articulação localizada entre o fêmur e a bacia, que conecta os membros inferiores ao tronco.
De acordo com o ortopedista Eliseu Barros, de Belo Horizonte/MG, cirurgião do quadril, pós-graduado em clínica da dor e especialista em acupuntura, “além de fraturas, o quadril é acometido por inúmeras doenças, em todas as faixas etárias, podendo ser fonte importante de dor e limitação para atividades diárias”. No entanto, a maioria das hospitalizações está relacionada à fratura de quadril (83,5%) em pessoas de 50 anos, com um crescimento médio anual de 5,6% de casos. A maioria em homens entre 50 e 60 anos. Entre mulheres, após os 65 anos. (Dados de O Impacto de Fraturas de Quadril no Sistema de Saúde Pública do Brasil, entre 2008 e 2017).
Fragilidade óssea – Conforme explica o médico, as fraturas por fragilidade são os problemas mais comuns que acometem o quadril, bem como a artrose – doença degenerativa. “As fraturas por fragilidade acontecem em pacientes acima dos 60 anos, enquanto a artrose tem ampla faixa de acometimento, sendo mais frequente em pessoas acima dos 50 anos”.
As fraturas por fragilidade, ressalta o médico, são consequências da osteoporose, uma doença que acomete a estrutura microscópica do osso, tornando-o incapaz de sustentar o peso do corpo, gerando, consequentemente, as quedas. “A osteoporose decorre de processos relacionados ao envelhecimento. Estima-se que em algumas regiões do Brasil apresentam até 33% de prevalência da osteoporose. Por ser uma doença silenciosa, quase metade dos pacientes não sabem que são acometidos por ela”, observa.
Já a osteoartrite do quadril é um processo de degeneração e desgaste da cartilagem que reveste a cabeça do fêmur e o acetábulo, região da bacia onde a cabeça do fêmur se encaixa. Em 80% dos casos, ela é decorrente de alguma deformidade do quadril, seja após uma fratura, ou secundária devido a uma má formação dos ossos.
A incidência das fraturas e da osteoartrite é maior em mulheres na faixa etária superior a 65 anos, como consequência da maior prevalência de osteoporose. Segundo o Dr. Eliseu, “a osteoartrite é mais prevalente em mulheres, sendo multifatorial, como, por exemplo, as doenças reumáticas, que acometem mais mulheres do que homens”.
Fatores de risco – Os idosos possuem dois fatores de risco importantes para as fraturas do quadril: osteoporose e risco de queda. As doenças relacionadas ao envelhecimento trazem consigo repercussões sobre o equilíbrio, qualidade da musculatura e limitações sobre a visão. “Isso aumenta muito o risco de queda em pacientes idosos, predispondo a quedas e fraturas. Geralmente essas fraturas são eventos graves de saúde, apresentando índices de mortalidade próximos a 10%, durante a internação para tratamento dessas fraturas”.
Além do quadril, os acidentes domésticos em virtude de quedas podem causar contusões cerebrais, fraturas do punho e do ombro, sendo mais comuns em mulheres do que em homens, devido a maior incidência de osteoporose a partir dos 50 anos.
Tratamento – De acordo com o Dr. Eliseu, as fraturas do quadril são de tratamento preferencialmente cirúrgico porque são extremamente incapacitantes, levando a óbito a maioria dos pacientes não operados, em até 6 meses após a fratura. No caso da artrose, “devemos operar os pacientes sempre que a dor e as limitações impostas pela doença não melhorarem com fisioterapia e medicação para dor.
“Nos últimos 10 anos passamos por um período de grande inovação e melhora progressiva dos tipos de implantes e técnicas de controle da dor pós-operatória. A reabilitação inicia-se no primeiro dia pós-operatório, associado ao controle adequado da dor. Os pacientes são estimulados a ficar de pé e a caminhar com apoio, sendo que a maioria deles consegue retornar para casa caminhando. O tempo médio para recuperação completa varia de 30 dias a 6 meses, a depender do estado de saúde do paciente”, destaca.
Prevenção – As principais formas de prevenção das fraturas do quadril do idoso são a proteção contra quedas e a prevenção e tratamento para osteoporose. “Para prevenir a osteoporose é necessária uma dieta adequada, exposição ao sol e exercícios físicos que envolvam o levantamento de peso. O tratamento dos pacientes que já têm osteoporose é baseado na correção de alterações do metabolismo e de drogas que diminuem a fragilidade óssea.
No caso de quedas, orienta, “é necessário criar um ambiente domiciliar seguro, evitado tapetes, manter iluminação adequada, adaptar os banheiros e quartos. É importante o controle de doenças cardíacas e neurológicas, como arritmia do coração e Parkinson, bem como evitar a perda de massa muscular através de exercícios físicos e dieta adequada”.