As mulheres sempre tiveram fama de estressadas e, agora, as pesquisas confirmam: é verdade, elas sofrem mais do que os homens com estresse, ansiedade e depressão. Um levantamento da Vittude, healthtech de desenvolvimento de programas de saúde mental para empresas, mostra que mais de 10% das mulheres enfrentam níveis graves ou extremamente graves de estresse.
As crises de ansiedade são outro problema para 15,72% das mulheres contra 6,66% dos homens. Já a depressão grave chega a 10,17% no universo feminino, uma taxa superior à dos homens, que gira em torno de 8%.
Mas, afinal, quais as causas desse desequilíbrio na saúde mental de mulheres e homens? Por que elas apresentam maiores níveis de estresse associados à irritabilidade, tristeza, insônia, baixa estima, sonolência e fadiga?
Mestre em Análise do Comportamento, o psicólogo Guilherme Alcântara Ramos explica. “O problema é principalmente cultural. As mulheres são responsáveis por grande parte das atividades não remuneradas e que consomem esforço, tempo e dedicação. O trabalho doméstico e o cuidado com os filhos associados às obrigações profissionais levam a jornadas diárias muito longas. Como consequência, elas têm menos tempo de descanso e de lazer”, diz o professor do curso de Psicologia do UniCuritiba – instituição que integra a Ânima, o maior e mais inovador ecossistema de ensino de qualidade do país.
Além da sobrecarga física e mental, as mulheres ainda convivem com o estigma de que os ciclos hormonais são responsáveis por torná-las excessivamente “emocionais”. Essa crença menospreza e deslegitima os sentimentos femininos. “A falta de validação social na hora de enfrentar um conflito aumenta a frustração e o estresse sofrido pelas mulheres”, continua o psicólogo.
Fatores estressores
A exposição a fatores sociais estressores pode até ser igual para homens e mulheres, mas a sobrecarga diária não.
Ainda que ambos tenham de administrar a pressão para atingir metas no trabalho, limitações financeiras, condições sociais vulneráveis ou desemprego, os quadros de estresse se agravam em mulheres por causa de fatores culturais – como a não valorização das atividades domésticas – e a dificuldade de validar sentimentos, capacidades e competências.
“É isso o que deixa as mulheres mais suscetíveis, afinal, elas são responsáveis, na maioria das vezes, por um conjunto de atividades que não é gratificante nem reconhecido, mas é exigido delas. Para completar o cenário desigual, a disparidade salarial no mercado de trabalho potencializa a frustração”, analisa o especialista.
Outros fatores que “pesam” sobre os ombros femininos envolvem a questão biológica. Geralmente, as mulheres são mais pressionadas para se casar e engravidar – ou não engravidar para resguardar sua atuação profissional.
Segundo o professor do UniCuritiba, essa pressão social não pode ser ignorada no contexto da saúde mental. “Tanta cobrança gera uma crise pessoal e íntima em relação aos planos de vida e de carreira, justamente porque a mulher sabe que uma gravidez e a atenção à família aumentam as responsabilidades em casa e podem colocar em risco as oportunidades profissionais.”
Riscos reais à saúde
Os níveis elevados de estresse e ansiedade comprometem a saúde das mulheres em vários aspectos, levando à hipertensão, arritmia cardíaca, maior predisposição a dores crônicas, fibromialgia, alterações do sono, exaustão e fadiga crônica.
O prejuízo é significativo para a saúde física e mental, alerta o psicólogo Guilherme Alcântara Ramos. “O estresse e a ansiedade facilitam a ocorrência da depressão e influenciam questões de autoestima, autoeficácia e senso de realização. A consequência é o isolamento social e a insatisfação pessoal.”
A dica do especialista é ficar atento aos sinais, buscar engajamento e apoio das pessoas próximas e, se necessário, recorrer à ajuda terapêutica. “Boa alimentação, atividade física, descoberta de hobbies, tempo de lazer, descanso e atividades agradáveis, satisfatórias e alinhadas às percepções do que é uma boa vida são estratégias importantes para manejar o estresse e a ansiedade”, ensina o professor do UniCuritiba.
Dicas para aliviar a sobrecarga
Faça um investimento na saúde física e mantenha uma rotina diária de exercícios. A prática de atividades físicas e esportes libera serotonina, endorfina e dopamina, hormônios responsáveis pela sensação de bem-estar, felicidade, prazer e recompensa.
Mantenha uma alimentação equilibrada e saudável, com menos industrializados e mais “comida de verdade”.
Não fume e evite bebidas alcóolicas. Em um primeiro momento, o álcool pode trazer uma sensação de relaxamento, mas é um equívoco apostar nele como solução para o estresse.
Crie bons hábitos de descanso e rotinas de relaxamento para ter um sono de qualidade. Dormir bem é essencial para a saúde mental.
Tenha hábitos de lazer e mantenha a convivência social com pessoas queridas e de confiança.
Invista no autoconhecimento e em atividades de desenvolvimento pessoal que ajudem no reconhecimento dos desejos pessoais, objetivos de vida e limites.
Encontre um ponto de equilíbrio entre o trabalho, os estudos (se for o caso), os relacionamentos e a vida pessoal.
Aprenda a fazer a gestão do tempo, a organizar a rotina, a comunicar com clareza suas frustrações e a dizer “não” ou a pedir ajuda sempre que for preciso. Livre-se da armadura de “mulher-maravilha”.
Faça pequenos intervalos durante a jornada de trabalho. Essa prática ajuda a perceber e a controlar o estresse, alivia o cansaço, evita a exaustão e melhora a performance e a produtividade.
Pressão, comparação e redes sociais
De acordo com o professor Guilherme Alcântara Ramos, essas medidas protetivas atenuam o estresse e a ansiedade, aumentam a percepção de bem-estar, a qualidade de vida e resguardam a saúde mental das mulheres.
“Desde a infância e a adolescência as meninas são mais suscetíveis à ansiedade e ao estresse do que os meninos. Por isso, é importante que elas tenham meios para canalizar os sentimentos e para construir suas identidades sem tanta sobrecarga. Pais e familiares têm papel fundamental nisso”, comenta.
Por fim, o psicólogo faz um alerta: “Com o advento das redes sociais, a comparação constante, a busca por padrões estéticos inalcançáveis, o desvirtuamento da realidade e a sensação de inferioridade, meninas e adolescentes ficam ainda mais propensas a desencadearem, precocemente, quadros de ansiedade e depressão. Para prevenir é necessário que os pais tenham atenção redobrada à saúde mental das filhas”, finaliza Guilherme.
Sobre o UniCuritiba
Com mais de 70 anos de tradição e excelência, o UniCuritiba é uma instituição de referência para os paranaenses e reconhecido pelo MEC como uma das melhores instituições de ensino superior de Curitiba (PR). Destaca-se por ter um dos melhores cursos de Direito do país, com selo de qualidade OAB Recomenda em todas as suas edições, além de ser referência na área de Relações Internacionais.
Integrante do maior e mais inovador ecossistema de qualidade do Brasil, o Ecossistema Ânima, o UniCuritiba conta com mais de 40 opções de cursos de graduação em todas as áreas do conhecimento, além de cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado.
Possui uma estrutura completa e diferenciada, com mais de 60 laboratórios e professores mestres e doutores com vivência prática e longa experiência profissional. O UniCuritiba tem seu ensino focado na conexão com o mundo do trabalho e com as práticas mais atuais das profissões, estimulando o networking e as vivências multidisciplinares.
Estressadas e com razão: por que a sobrecarga é maior para as mulheres?
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