Perda de massa muscular, aumento de peso, maior risco de doenças cardiovasculares, de diabetes tipo 2, depressão, ansiedade e diminuição da qualidade de vida. Essas são algumas consequências do sedentarismo. Segundo relatório divulgado em 2022, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 500 milhões de pessoas em todo o mundo podem sofrer dessas doenças até 2030 decorrentes do sedentarismo. No Brasil, a realidade não é animadora: de acordo com pesquisa realizada pelo Sesi (Serviço Social da Indústria) em março do ano passado, 52% da população raramente ou nunca se exercita. Foram entrevistados 2.021 brasileiros acima de 16 anos de todos os estados, com margem de erro de dois pontos percentuais e intervalo de 95% de confiança. O levantamento mostrou que entre os que fazem atividade física, 22% se exercitam diariamente, 13% pelo menos três vezes por semana e 8% pelo menos duas vezes por semana. Mas, qual a diferença entre ser ou não sedentário?
O diretor de Comunicação da Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul (SOCERGS), Dr. Tiago Luiz Luz Leiria, explica que há uma definição da OMS que considera sedentário todo aquele que faz menos de 150 minutos de atividade física de intensidade moderada por semana ou menos de 75 minutos de intensidade vigorosa semanal ou ainda uma combinação entre a moderada e a vigorosa ao longo da semana.
O cardiologista ressalta que as quantidades e o tempo de exercícios não são por acaso. “Essas recomendações são respaldadas por evidências científicas robustas que demonstram os benefícios significativos da atividade física regular para a saúde cardiovascular, incluindo a redução do risco de doenças cardiovasculares, melhoria da saúde mental, controle do peso corporal e aumento da qualidade de vida”, afirma. Ele esclarece ainda que é recomendado uma abordagem mais abrangente e personalizada para a atividade física. “As Sociedades de Cardiologia também enfatizam a importância do treinamento de força muscular pelo menos duas vezes por semana para promover a saúde muscular e óssea, o que também contribui para um metabolismo saudável”, ressalta.
Entre as entidades estão as Sociedades de Cardiologia, incluindo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a American Heart Association (AHA) e a European Society of Cardiology (ESC). “Essas diretrizes são fundamentais para orientar indivíduos, profissionais de saúde e políticas públicas no estabelecimento de hábitos saudáveis de atividade física, contribuindo para a prevenção de doenças cardiovasculares e a promoção da saúde em geral”, diz.
Dr. Leiria também explica que a diferença entre exercício físico e atividade física está na intenção e no planejamento. “O exercício físico é uma atividade estruturada e repetitiva com o objetivo de melhorar ou manter a aptidão física, enquanto a atividade física engloba qualquer movimento corporal produzido pelos músculos, resultando em gasto energético. Ambos são importantes, mas o exercício físico planejado tende a ter benefícios específicos para a saúde”, orienta.
Os danos ao corpo sedentário
O diretor de Comunicação da SOCERGS, Dr. Tiago Luiz Luz Leiria salienta que quando ocorre a atividade física os sistemas imunológico e nervoso são muito beneficiados. “O exercício físico regular pode fortalecer o sistema imunológico, ajudando a reduzir o risco de infecções e doenças, enquanto a falta de atividade física pode comprometer a resposta imunológica do corpo. Assim como a atividade física regular é essencial para a saúde do sistema nervoso, ajudando a melhorar a função cognitiva, a redução do estresse e a ansiedade, e promove o bem-estar mental”, afirma. Contudo, a falta de atividade física ou exercício físico regularmente diz ele: “pode afetar uma ampla gama de órgãos e sistemas do corpo humano causando diversos problemas de saúde”. O médico pontua o que ocorre com cada órgão quando não é realizado exercício físico:
Coração: pode levar a uma diminuição da capacidade cardiovascular, aumentando o risco de doenças cardíacas como doença arterial coronariana, hipertensão arterial e insuficiência cardíaca.
Pulmões: pode resultar na menor capacidade pulmonar e resistência respiratória, tornando as atividades diárias mais desafiadoras e aumentando o risco de problemas respiratórios.
Músculos e ossos: pode levar à perda de massa muscular e densidade óssea, aumentando o risco de lesões musculoesqueléticas, fraqueza muscular e osteoporose.
Sistema circulatório: pode propiciar o desenvolvimento de problemas circulatórios como má-circulação sanguínea e aumento do risco de formação de coágulos sanguíneos.
Sistema metabólico: A falta de exercício físico está associada a distúrbios metabólicos como resistência à insulina, diabetes tipo 2 e aumento dos níveis de colesterol e triglicerídeos no sangue.