Início Vida e Saúde Abril Marrom alerta para risco de cegueira

Abril Marrom alerta para risco de cegueira

0

Levantamento mostra que a falta de consulta anual coloca a visão de 47% dos brasileiros em risco. Entenda.

Este mês acontece a campanha Abril Marrom, uma iniciativa do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) que reúne oftalmologistas de todo o País para celebrar na próxima quinta-feira (8), o Dia Nacional do Braille, e orientar a população sobre as doenças oculares que podem levar à perda da visão por falta de tratamentos preventivos. Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) indicam que 80% dos casos de deficiência visual poderiam ser evitados com tratamento precoce. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier de Campinas, um levantamento feito no hospital com 814 pacientes mostra que 47% só buscam por consulta quando sentem alguma alteração na visão. O problema, afirma, é que muitas doenças só são percebidas em estágio avançado.

Este é o caso do glaucoma em que ocorre a lenta perda do campo visual sem apresentar nenhum sintoma. Geralmente surge a partir dos 40 anos.  Tem como causa mais frequente o aumento da pressão intraocular acima de 21 mmHg, embora possa surgir em pessoas com pressão intraocular normal. O oftalmologista explica que a falta de sintomas faz mais da metade dos portadores de glaucoma chegarem à primeira consulta com perda irreversível do campo visual.

Queiroz Neto destaca que a condição também pode ser hereditária, especialmente entre negros e asiáticos, ou decorrente de alta miopia, escavação no nervo óptico, sangramento no fundo do olho, trauma. hipertensão arterial e diabetes. O diagnóstico é feito através da tonometria que mede a pressão intraocular, exame de fundo de olho e campimetria que mede o campo visual. O oftalmologista conta que a aplicação de laser é um tratamento de primeira linha para o glaucoma. A maioria dos pacientes, ressalta, usam entre dois e três colírios diariamente para manter a pressão intraocular sob controle. A descontinuidade do tratamento medicamentoso pode levar à perda da visão mas é o glaucoma secundário causado por trauma, hipertensão arterial, ou diabetes que mais causa a perda da visão.

Perda da visão aumenta 4 vezes em 3 anos

O censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicado em meados do ano passado revela que 3,1% dos brasileiros, ou 6,3 milhões não enxergam de modo algum mesmo usando óculos. Isso indica mais de quatro vezes os 1,5 milhão de brasileiros clinicamente cegos em 2019 segundo estudo do CBO. Queiroz Neto afirma que além do glaucoma, outras doenças que causam perda da visão entre adultos são a catarata, a degeneração macular e a retinopatia diabética.

Catarata

Para o oftalmologista o aumento exponencial do número de deficientes visuais no Brasil está relacionado ao rápido envelhecimento da população e à falta de políticas públicas de saúde que atendam às novas demandas na área da saúde. A boa notícia é que a catarata responde por 49% dos casos de cegueira no Brasil mas a visão pode ser recuperada por meio de uma cirurgia em que o cristalino do olho que fica opaco é substituído pelo implante de uma lente intraocular. A condição é diagnosticada em um exame de rotina. O especialista ressalta que a catarata  também pode ser causada por trauma no olho, tratamento contínuo com estatina, corticoide ou antidepressivo e em todos os tipos o tratamento é sempre cirúrgico.

Degeneração macular relacionada à idade (DMRI)

“A doença surge a partir dos 65 anos e tem como maior fator de risco modificável o hábito de fumar”, afirma Queiroz Neto. O último relatório da OMS sobre saúde ocular aponta 195,6 milhões de pessoas no mundo com degeneração macular que atinge a mácula, porção central da retina responsável pela visão de detalhes e   pode ser do tipo úmida ou seca. “A seca é tratada com compostos vitamínicos que retardam a progressão, mas não eliminam a condição”, explica. Já o tratamento da degeneração macular úmida é feita com injeções antiangiogênicas aplicadas que controlam a doença.

Retinopatia diabética

O Brasil é o quinto país com a maior incidência de diabetes no mundo com um total de 16,8 milhões de diabéticos segundo o atlas da Federação internacional de diabetes (IDF). Queiroz Neto esclarece que a retinopatia diabética geralmente surge após dez anos de convivência com a doença. O tratamento é feito com antiangiogênicos, tratamento que requer continuidade para evitar a perda da visão. O primeiro sinal perceptível da doença é enxergar tortuosidades em linhas retas, como por exemplo no batente de portas ou moldura de quadros. Nos consultórios é comum diabéticos que mantêm a glicemia sob controle serem surpreendidos pela piora da visão quando não seguem rigorosamente o tratamento da retinopatia, adverte.

Crianças

Na infância as principais causas de perda definitiva da visão são as doenças congênitas – catarata, glaucoma e retinoblastoma – diagnosticadas pelo teste do olhinho logo que o bebe nasce. A recomendação é repetir este exame a cada 3 meses até a idade de 3 anos. Isso porque nem sempre as doenças congênitas surgem logo após o parto. “Hoje a miopia, dificuldade de enxergar à distância, decorrente do excesso uso de telas e falta de exposição ao sol  é a condição que mais cresce entre crianças”, salienta. A progressão da miopia pode ser contida com lentes de contato multifocais, óculos com lentes especiais, lentes de contato ortoceratológicas que aplanam a córnea durante a noite e colírio de atropina que diminuem o comprimento axial do olho que é maior entre míopes.  Queiroz Neto afirma que o controle da miopia é importante porque acima de 6 graus estas crianças correm maior risco de terem descolamento de retina, glaucoma e degeneração macular.

Prevenção

Para todas as idades as principais recomendações para manter a saúde ocular são: exames oftalmológicos anuais, praticar atividades físicas regulamente, dormir de 6 a 8 horas/dia, incluir frutas, legumes e folhas verde escuro na alimentação, controlar o consumo de sal e de açúcar, evitar esfregar ou coçar os olhos, fazer hemograma completo anualmente e controlar a pressão arterial partir dos 40 anos, finaliza.

SEM COMENTÁRIOS

Sair da versão mobile