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Indicação Geográfica pode eternizar Carne de Onça como iguaria curitibana

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Muitos turistas se assustam ao chegar em bares de Curitiba (PR) e se depararem com um nome bem polêmico: Carne de Onça, um clássico da “baixa gastronomia” paranaense. A Carne de Onça pode até levar o nome de um animal ameaçado de extinção, mas é preparada com carne bovina. Sua receita prática e única tem fãs na cidade e fora dela, tendo alcançado reconhecimento internacional recente. O prato, feito com carne picada na ponta da faca, figurou o Top 10 de pratos com carne crua pelo mundo segundo o site TasteAtlas, divulgado em 2023, e segue processo para ganhar reconhecimento de Indicação Geográfica.

 

“A Carne de Onça é uma receita muito única e ao mesmo tempo simples”, explica o empresário e cozinheiro Sérgio Medeiros, organizador do tradicional Festival da Carne de Onça de Curitiba. A versão original do preparo leva broa de centeio coberta por patinho moído, cebola branca, cebolinha verde, pimenta, óleo de oliva e sal.  “Com um sabor forte e bem marcante, ela se difere de outros pratos de carne crua pelo mundo, como o steak tartar e o quibe cru, que têm receitas mais suaves”, o cozinheiro comenta.

 

Medeiros pesquisou as origens da iguaria e foi responsável pelo processo de registro da Carne de Onça como Patrimônio Cultural Imaterial de Curitiba, concluído em setembro de 2016, pela Câmara Municipal. A primeira “aparição” da Carne de Onça é de 1930, quando um bar da cidade anunciou que servia a iguaria. Segundo relatos históricos, a Carne de Onça teve origem no futebol.

 

O Britânia, um dos clubes que deram origem ao Paraná Clube, era um dos times mais tradicionais da época. Campeão Paranaense por sete oportunidades, suas vitórias eram comemoradas na Toca do Tatu, bar que tinha como dono o então presidente do clube, Cristiano Schmidt. No local, Schmidt oferecia ao time um preparo de broa de centeio com a carne crua, cebola e os temperos, acompanhados de chope. O nome Carne de Onça popularizou após os atletas brincarem com o “bafo de onça” que ficava depois de comer carne crua com cebola. Foi aí que a receita se transformou em um símbolo da “baixa gastronomia”, se transformando em um clássico dos botecos curitibanos.

 

Indicação Geográfica

 

Com quase cem anos de tradição gastronômica, o próximo passo é buscar a certificação de Indicação Geográfica (I.G.) para a Carne de Onça. A Associação dos Amigos da Onça, da qual Medeiros faz parte, junto com o Sebrae, buscam esse reconhecimento no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). “Esse reconhecimento tem a mesma importância que tem para o Champagne da França”, revela o empresário. “Aos poucos, o prato está se tornando conhecido no Brasil, e tenho certeza de que ganhará outro patamar com a Indicação Geográfica. As pessoas virão para Curitiba querendo provar a Carne de Onça curitibana”, comenta. A broa de centeio também está no processo de receber esse registro de I.G. Em março, a Associação dos Amigos da Onça teve sua primeira reunião – com degustação do prato – para arrecadar fundos e custear o projeto de registro da I. G. da Carne de Onça.

 

Bares

 

O sucesso do prato na cidade de Curitiba pode ser visto nas centenas de bares que contam com a iguaria em seus cardápios. Localizado na Rua 24 Horas, um dos principais pontos turísticos da cidade, o Bávaro tem na Carne de Onça um de seus destaques. “A alta circulação de turistas faz a Carne de Onça estar entre os pratos mais pedidos”, explica Luiz Breda, sócio do bar. Pessoas curiosas de todo o Brasil e de fora querem experimentar a iguaria. Mas os curitibanos também são grandes consumidores do prato.

 

Como não poderia ser diferente, a combinação do preparo com cerveja e futebol continua sendo celebrada há décadas. O Bávaro costuma transmitir jogos de campeonatos nacionais de futebol, oportunidades em que mesas de amigos costumam compartilhar a Carne de Onça. “É um prato muito democrático, costumam pedir para dividir, e combinar com a Torre de Chope”, comenta o sócio do bar.

 

A tradição do prato também abre espaço para inovação. No bar Quermesse, outro grande destaque da gastronomia curitibana, a Carne de Onça tem diferentes apresentações além da clássica sobre a broa. O Canudinho de Carne de Onça é sucesso no local, com os canudinhos de massa crocante recheados com a carne crua temperada. Há também a Carne de Onça Japonesa, com as broas fatiadas em pequenos pedaços e servida com gengibre, shoyu e hashis, para degustar no mesmo estilo dos sushis. Novidade no menu, a Carne de Onça Caiçara traz inspiração na gastronomia do litoral paranaense feito com cachaça de banana de Morretes e raiz forte com tartar de banana-da-terra.

 

 

Confira dez lugares para comer Carne de Onça em Curitiba:

Bar Quermesse: R. Carlos Pioli, 513 – Bom Retiro – Instagram: @barquermesse

 

BarBaran: Al. Augusto Stelfeld, 799 – Centro – Instagram: @barbaran_ucrania

 

Bávaro: Rua 24 Horas, sem número – Acesso pela R. Visconde de Nácar, sem número – Centro – Instagram: @bavaro__

 

Bek’s Bar: R. Brasílio Itiberê, 3645 – Água Verde – Instagram: @beksbarcwb

 

CanaBenta: R. Itupava, 1431 – Hugo Lange – Instagram: @canabenta

 

Cartolas Sports Bar: R. Emiliano Perneta, 880 – Centro – Instagram: @cartolassportsbar

 

Mavy Gastrobar: R. João Ernesto Killian, 159 – São José Dos Pinhais – Instagram: @mavy_gastrobar

 

Mercearia Fantinato: R. Mateus Leme, 2553 – Bom Retiro – Instagram: @merceariafantinato

 

Quitutto GastroPub: Av. dos Estados, 481 – Água Verde – Instagram: @quitutto

 

Sambiquira: R. Visconde do Rio Branco, 1199 – Mercês – Instagram: @sambiquiracuritiba

 

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