A escritora e tradutora Luci Collin, a autora Glória Kirinus e a cantora lírica Luciana Melamed realizaram mais uma edição do Ciclo de Palestras Vozes Femininas. O evento aconteceu dia 20 de maio, das 19h30 às 20h30, no CEU das Artes e Esportes Unificados de Colombo com entrada franca.
O objetivo foi debater a baixa representatividade feminina nas artes e a pouca evidência histórica que foi e ainda continua sendo destinada às mulheres. Ao mesmo tempo, a ação pretendeu estimular a leitura de livros de escritoras brasileiras – inclusive de paranaenses – que foram subtraídas dos registros históricos nacionais entre os séculos XVIII e XX, de maneira proposital, e dar a oportunidade aos moradores de Colombo para conhecer algumas dessas autoras e suas obras.
“Queremos revisitar o passado, homenagear essas escritoras que lutavam bravamente por espaço na literatura e foram ‘propositalmente esquecidas’ de serem incluídas nos registros históricos”, explica a mediadora de leitura e mestranda em Educação pela UFPR, Carla Viccini.
Em busca de igualdade
A palestra integra o projeto cultural Anônimas; que pretende resgatar esse atraso na igualdade de gênero e debater os motivos pelos quais as mulheres que viveram no período que compreende os séculos XVIII e XX tinham que escrever às escondidas e seus textos necessitavam de um endosso masculino para conquistar reconhecimento ou legitimidade de suas produções.
O que parece ser um absurdo atualmente já foi realidade até poucos anos, quando as mulheres não eram estimuladas a escrever, recebiam críticas conservadoras e seus textos foram subtraídos da memória cultural e das análises literárias.
Quem são essas escritoras anônimas?
Para que o público conheça um pouco mais sobre essas autoras anônimas, Carla Viccini fez um breve resumo biográfico dessas mulheres.
Narcisa Amália: escreveu Nebulosas e não faltam elogios à sua poesia. Ela é uma heroína, fez críticas sociais e denunciou injustiças. Foi nomeada por D. Pedro II como a “Musa dos Livros” e, de repente, foi ‘esquecida’ na literatura.
Maria Firmina dos Reis: é autora de Úrsula, considerado o primeiro romance de autoria negra e feminina do Brasil. De cunho antiescravista, a obra tem uma perspectiva própria e autêntica, de importância inigualável.
Júlia Lopes: é autora de vários livros, escreveu sobre temáticas realistas e naturalistas. Apesar de fazer parte das reuniões para abertura da Academia Brasileira de Letras, não pode ocupar uma cadeira, pois era mulher.
Amélia de Oliveira: ficou conhecida como a eterna noiva de Olavo Bilac e irmã de Alberto de Oliveira. Sua obra foi publicada postumamente em 1959.
Francisca Julia da Silva: destacou-se como poeta parnasiana, tendo a autoria de um poema seu atribuída a outro escritor do período, pois não acreditaram ser de uma mulher.
Escritoras paranaenses esquecidas
Entre as escritoras paranaenses que foram esquecidas entre os séculos XVIII e XX, destaque para Júlia da Costa – que foi considerada a primeira poeta do Estado –; Maria Nicolas, ‘a pesquisadora da alma das ruas’ e Laura Santos, que cantava a “glória de ter nascido poetisa”.
Já Mariana Coelho afirmou em um de seus textos: “Permitir, hoje, que a mulher permaneça amarrada ao deplorável poste da ignorância equivale a arriscá-la criminosamente à probabilidade de receber em compensação do seu mais nobre e espontâneo afeto o completo aniquilamento da alma – o que quer dizer a sua principal ruína”.
O projeto Anônimas foi aprovado no Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura / PROFICE da Secretaria de Estado da Cultura do Governo do Estado do Paraná e tem apoio da Copel. A produção é de Cristiano Nagel e o projeto contempla diversas atividades culturais gratuitas em Colombo, Pinhais e Almirante Tamandaré. As ações estão em andamento, acontecem em dias, locais e horários específicos e seguem até o mês de julho de 2024.