Desde 2009, o uso de câmaras de bronzeamento artificial no Brasil está proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Resolução RDC 56/2009), após a comprovação científica do risco desses equipamentos à saúde.
No entanto, muitos estabelecimentos em Curitiba seguem atuando normalmente, fazendo propaganda de um bronzeamento bonito e saudável, principalmente agora no inverno, onde a procura para manter a ‘cor do verão’ aumenta.
Annia Cordeiro, médica dermatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional PR, faz um alerta para esse tipo de divulgação enganosa.
“As máquinas de bronzeamento estão proibidas no Brasil desde 2009 pois houve novos indícios de agravos à saúde relacionados com o uso das câmaras de bronzeamento. As máquinas de bronzeamento emitem raios UV a partir de lâmpadas, podendo causar uma predisposição ao câncer de pele e contribuindo com o envelhecimento precoce da pele”, ressaltou Annia.
O câncer da pele responde por 33% de todos os diagnósticos desta doença no Brasil, sendo que o Instituto Nacional do Câncer (INCA) registra, a cada ano, cerca de 185 mil novos casos. É o câncer mais comum entre os brasileiros.
Bronzeamento artificial: promoções e ‘padrão de segurança’
Em uma pesquisa rápida no Google e nas redes sociais, é possível encontrar inúmeros estabelecimentos que oferecem o serviço de bronzeamento artificial.
Numa empresa localizada no bairro Parolin, em Curitiba, o anúncio do bronzeamento feito com máquinas importadas alemãs de alta performance pode causar interesse do público que não conhece os perigos desse tipo de atividade. É possível conseguir uma sessão avulsa pelo valor de R$ 100.
Questionada sobre o possível risco de câncer de pele, a profissional diz que “tudo que é demasiado corre risco, até mesmo o sol“. Ela ressalta que trabalha dentro de um padrão de segurança, diz que existe um médico responsável e que as máquinas são registradas na Anvisa.
Outra clínica, localizada no bairro Centro Cívico, também na capital, oferece o bronzeamento e diz que “as lâmpadas da máquina não têm nada que comprove que cause câncer de pele“. Reforça que o tempo que o paciente fica na máquina é monitorado e que há um controle seguro de exposição. Ela ressalta, ainda, que a clínica é legalizada.
Resposta da Anvisa
Em contato com a Anvisa, o órgão informou que “não há equipamentos de bronzeamento artificial autorizados.”. Segundo informações da agência, um grupo de trabalho da Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC), ligada à Organização Mundial da Saúde, noticiou a inclusão da exposição às radiações ultravioleta na lista de práticas e produtos carcinogênicos para humanos.
O estudo da IARC indicou que a prática do bronzeamento artificial aumenta em 75% o risco do desenvolvimento de melanoma em pessoas que se submetem ao procedimento até os 35 anos de idade. A resolução da Anvisa também afirma que não existem benefícios que se contraponham aos riscos decorrentes do uso estético das câmaras de bronzeamento.
A resolução de proibição continua em vigor e pode ser consultada neste link:
Procure um médico especialista para cuidar da sua pele
Annia reforça a importância de educar a população para que não caia em golpes de bronzeamento artificial e orienta que os pacientes busquem informação segura com médicos especialistas.
“Não existe bronzeamento saudável, muito menos em máquinas de bronzeamento. Precisamos, sim, do sol, mas que a exposição seja feita nos horários recomendados – antes das 10h e depois das 16h, e com a devida proteção solar. É a exposição menos nociva, pois a radiação UVB está mais baixa neste período”, explicou a dermatologista.
Para a presidente da SBD-PR, é necessário ampliar as ações educativas para a população em geral, trazendo o alerta para o perigo desse tipo de serviço e as consequências que podem acontecer ao deixar seu corpo e sua saúde aos cuidados de profissionais não médicos, realizando serviços não autorizados.
“Consulte sempre um médico dermatologista, ele é médico especialista em cuidar da pele. Caso tenha dúvidas sobre bronzeamento, pergunte a ele. Procurar um médico certificado vai evitar que você caia na mão de pessoas que vendem um produto/serviço que sequer está liberado no Brasil”, finalizou Annia.