O fluxo de brasileiros que viajam para a França por causa da Olimpíada vai aumentar tanto o risco de um surto de coqueluche no Brasil, que as autoridades e os laboratórios de análises já se preparam para a eventualidade.
Enquanto os laboratórios de análise clínicas já estão abastecidos com testes moleculares de amostra única para o diagnóstico da doença, o Ministério da Saúde recomendou a vacinação dos 277 atletas classificados para os Jogos e também das pessoas que planejam viajar para a Europa.
O problema é que segundo o European Centre for Disease Prevention and Control, nos três primeiros meses do ano foram registrados mais de 32 mil casos de coqueluche em 17 países europeus, e relatório da Santé Publique da França que confirma a situação epidêmica no País registra cinco mil casos com 17 mortes apenas este ano.
O risco da coqueluche no Brasil é maior porque caiu muito a cobertura vacinal nos últimos anos e a Bolívia, que faz fronteira conosco, está enfrentando um surto que no ano passado atingiu 693 pessoas. Além disso, o número de casos na cidade de São Paulo, por exemplo, saltou de 14 no ano passado para 165 este ano, enquanto o Rio de Janeiro também registra três vezes mais casos que em 2023.
“Como em todas as doenças o diagnóstico precoce é extremamente importante”, lembra o biólogo Guilherme Ambar, CEO da Seegene Brasil, cujo teste molecular é um dos mais procurados para o diagnóstico, pela precisão e rapidez com que apresenta o resultado.
Ainda segundo Guilherme Ambar, o teste deve ser feito porque os sintomas da coqueluche podem ser confundidos com o de um resfriado, mal-estar geral, corrimento nasal, tosse seca e febre baixa, e o tratamento com antibiótico evita a evolução da doença e as complicações que podem levar à morte, principalmente quando o paciente tem menos de seis meses.
Quando a doença evolui e não é tratada adequadamente, explica Guilherme Ambar, a tosse se torna severa e descontrolada, por isso o nome popular do mal, chamado também de ‘tosse comprida’.
A coqueluche pode até comprometer a respiração, levando aos paroxismos de tosse, quando o esforço para respirar com a glote inchada provoca o ‘guincho’ característico.
A vacinação que evita a doença e, no caso da infecção o tratamento adequado eliminam o risco dessa doença perigosa, conclui Guilherme, que lembra ter sido emitida no início de junho uma Nota Técnica do Ministério da Saúde o qual, lembrando a situação verificada na Europa, afirma que “situação semelhante poderá ocorrer no Brasil dentro de pouco tempo”.