A mais nova edição da Revista da SOCESP está inteiramente voltada a ultrassonografia “point-of-care” ou POCUS, uma técnica que tem merecido bastante atenção pela agilidade diagnóstica em várias condições cardiovasculares e que teve significativos avanços em 50 anos, desde que a ecocardiografia chegou no Brasil.
O editor-chefe da publicação, Luís Henrique Wolff Gowdak, conta no editorial que em 1963, um cardiologista pegou “emprestado” um transdutor de ultrassom de um neurologista e colocou no tórax de um paciente para determinar se ele conseguia detectar um derrame pericárdico. “Iniciava-se de maneira tímida e quase anedótica, uma nova era nos métodos de diagnóstico por imagem na cardiologia. No Brasil, o primeiro ecocardiógrafo modo M chegou, em 1974, pelas mãos de Egas Armelin e outros colegas do Hospital da Beneficência Portuguesa em São Paulo”, lembra Luís Gowdak.
Segundo o editor-chefe, recentemente temos assistido ao último estágio nessa escalada de progresso com “a assimilação da ecocardiografia ‘point-of-care’ e do ultrassom pulmonar como práticas corriqueiras à beira-leito, que podem ser implementadas com êxito, após treinamento apropriado, por cardiologistas, clínicos, intensivistas, anestesiologistas e quaisquer outros médicos que se interessem pelo método”, completa.
A Revista da SOCESP oferece ao leitor uma visão ampla do grande potencial de aplicabilidade da técnica com conteúdo didático dos princípios básicos da ultrassonografia para o clínico, em um capítulo ricamente ilustrado facilitando a aprendizagem do método. “Na sequência, artigos sobre as aplicações nos mais diversos cenários clínicos como na avaliação do paciente com dispneia aguda, no choque indiferenciado, na parada cardiorrespiratória, na avaliação da congestão venosa sistêmica, em
pacientes com valvopatias e no diagnóstico diferencial de insuficiência cardíaca”, esclarece Luís Gowdak.
Para o editor-chefe, além de técnica diagnóstica, o POCUS tem utilidade durante os procedimentos como um “guia” através da imagem, aumentando a taxa de sucesso dos procedimentos e minimizando de maneira significativa o risco de complicações, o tempo da intervenção por menor número de tentativas e o desconforto do paciente. “A edição é finalizada com apresentação dos diversos protocolos utilizados em situações específicas, validados por diversos estudos”.
Luís Gowdak destaca que a tecnologia POCUS não substitui a anamnese cuidadosa e o exame físico detalhado e atento e também não serve de substituto à avaliação pormenorizada obtida através do exame de ecocardiografia realizada por profissional experiente. “Mas é inegável que,
se bem aplicada por profissional treinado, o uso do POCUS constitui ferramenta de valor inquestionável e complementar”, finaliza.
A edição da Revista da SOCESP teve a coautoria de Tarso Augusto Duenhas Accorsi e Aloísio Marchi da Rocha. A publicação, com download gratuito, contempla nove artigos médicos e ainda um suplemento com sete artigos multiprofissionais dos Departamentos de Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Odontologia, Serviço Social e Psicologia. Acesse: https://socesp.org.br/revista/.