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Inteligência financeira: como padrões e crenças sabotam o bem-estar financeiro

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Especialista explica como promover a inteligência financeira por meio do autoconhecimento

A inteligência financeira vai além da simples capacidade de lidar com números e gerir dinheiro. Ela envolve um entendimento profundo dos padrões e crenças inconscientes que influenciam nossas decisões financeiras diárias. Um estudo publicado pelo economista, Sendhil Mullainathan, e pelo psicólogo Eldar Shafir, no artigo Understanding the Psychology of Scarcity, mostra que nossas atitudes e comportamentos financeiros são moldados por padrões enraizados e crenças inconscientes, muitas vezes estabelecidos durante a infância. Essas crenças podem ser formadas por observações dos comportamentos financeiros dos pais, experiências pessoais e mensagens culturais.

Segundo a empresária, coach, palestrante e diretora da Febracis Paraná, Daniella Kirsten, embora muitas pessoas se esforcem para alcançar estabilidade e independência financeira, poucos reconhecem que os maiores obstáculos podem estar dentro de suas próprias mentes. “Se alguém cresceu ouvindo que “dinheiro é a raiz de todos os males” ou que “ricos são gananciosos”, é provável que essa pessoa desenvolva uma relação negativa com o dinheiro, dificultando sua capacidade de acumular riqueza e gerir suas finanças de maneira saudável. Desenvolver inteligência financeira desde cedo pode fazer uma grande diferença”, explica.

Daniella conta que esses padrões e crenças inconscientes podem levar a comportamentos sabotadores, como o gasto impulsivo, a incapacidade de poupar, o medo de investir ou a procrastinação na gestão das finanças pessoais. “Nossos valores e crenças, muitas vezes inconscientes, desempenham um papel importante nas nossas decisões financeiras. Se você cresceu ouvindo que “dinheiro não traz felicidade”, pode ter desenvolvido crenças limitantes que afetam negativamente sua relação com as finanças. Essas crenças podem ser verdadeiras sabotadoras da nossa vida financeira, minando nossa confiança e impedindo que tomemos as rédeas das nossas finanças. Frases como “não sou bom com dinheiro” ou “nunca vou conseguir economizar” são profecias autorrealizáveis que precisam ser identificadas e substituídas por pensamentos mais positivos e empoderadores, permitindo uma mudança significativa na nossa vida e na nossa conta bancária”.

Valores e decisões financeiras

Além das crenças limitantes, nossos valores também exercem uma grande influência sobre nossas decisões financeiras. Por exemplo, se damos mais valor a experiências do que a posses materiais, podemos ser mais propensos a gastar dinheiro em viagens e eventos sociais, em vez de economizar para o futuro. “Compreender nossos valores nos ajuda a alinhar nossas ações financeiras com o que realmente importa para nós, o que é parte integrante da inteligência financeira e nos permite tomar decisões mais informadas e coerentes com nossos objetivos e prioridades. Inteligência financeira, portanto, envolve a capacidade de identificar e reprogramar essas crenças limitantes, substituindo-as por uma mentalidade mais positiva e construtiva em relação ao dinheiro”, afirma a coach.

O impacto das emoções sobre as finanças

A falta de dinheiro pode gerar medo, ansiedade e insegurança, enquanto o excesso pode trazer culpa e inveja, ambos os cenários criam problemas nos relacionamentos e na saúde mental. “Essas emoções podem influenciar nossas decisões financeiras, levando-nos a escolhas mais conservadoras quando sentimos medo ou ansiedade, ou a riscos excessivos quando estamos eufóricos. Desenvolver inteligência financeira é fundamental para equilibrar essas emoções e tomar decisões saudáveis. Isso pode ajudar a superar o medo e a insegurança relacionados à falta de dinheiro, ou a culpa e a inveja associadas ao excesso, permitindo-nos alcançar uma relação mais equilibrada e saudável com as finanças”, conta Daniella.

O medo de tomar decisões erradas também pode levar à procrastinação, adiando ações importantes e nos mantendo presos em um ciclo de indecisão, o que pode resultar em falta de controle financeiro e no adiamento de metas importantes. “A procrastinação é uma armadilha comum quando se trata de finanças pessoais, fazendo com que adiemos a criação de um orçamento, a revisão de gastos ou a busca por melhores investimentos, o que pode parecer menos estressante a curto prazo, mas a longo prazo resulta em grandes perdas financeiras. Para superar essa procrastinação, é essencial enfrentar esses medos e tomar decisões proativas para garantir a saúde financeira, desenvolvendo inteligência financeira para tomar controle de nossas finanças e alcançar nossos objetivos”, afirma a coach.

 

Desejos e recompensas: um desafio à inteligência financeira

A gratificação imediata é um dos principais motores das compras impulsivas e das dívidas, sendo que a busca por recompensas instantâneas pode levar a decisões financeiras que prejudicam nossos objetivos de longo prazo. “Promoções e liquidações podem intensificar a busca por gratificação imediata, tornando mais fácil cair em compras impulsivas. É preciso reconhecer que a busca por recompensa imediata está profundamente enraizada no nosso cérebro, onde a liberação de dopamina, o hormônio do prazer, pode nos levar a buscar constantemente essa sensação de prazer”, explica Daniella.

Nesse panorama, a chave para superar esse desafio está em desenvolver inteligência financeira e encontrar maneiras de obter prazer e satisfação que não comprometam as nossas finanças. “Isso permite que tomemos decisões mais informadas e coerentes com nossos objetivos e prioridades, ao invés de ceder às emoções e aos gatilhos que nos levam a compras impulsivas e à acumulação de dívidas. Com inteligência financeira, podemos aprender a controlar esses desejos e recompensas, alcançando uma relação mais saudável com as finanças”, reforça a coach.

 

Como promover a inteligência financeira

1 – Identifique as suas crenças limitantes

 Faça uma auto análise para identificar quais são suas crenças inconscientes sobre dinheiro. Pergunte a si mesmo quais mensagens sobre dinheiro você internalizou ao longo da vida.

2 –  Faça uma reprogramação mental

Substitua crenças negativas por afirmativas positivas. Por exemplo, mude a crença “dinheiro é escasso” para “há abundância de recursos e oportunidades”.

3 – Invista em educação financeira

Invista em sua educação financeira para compreender melhor como o dinheiro funciona, incluindo aspectos de poupança, investimento e gestão de dívidas.

4 – Defina de metas

Estabeleça metas financeiras claras e alcançáveis. Metas bem definidas ajudam a direcionar seu comportamento financeiro e manter o foco.

5  – Faça acompanhamentos e ajustes

Monitore regularmente seu progresso financeiro e esteja disposto a ajustar suas estratégias conforme necessário.

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