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Casos de coceira em cães aumentam com urbanização e humanização

"Casos de coceira em cães aumentam com urbanização e humanização"
Foto de Yaroslav Shuraev: https://www.pexels.com/pt-br/foto/mulher-animais-bichos-cachorros-8498513/

Os fatores desencadeantes incluem humanização dos animais, predisposição genética, alimentação inadequada

"Casos de coceira em cães aumentam com urbanização e humanização"
Foto de Yaroslav Shuraev: https://www.pexels.com/pt-br/foto/mulher-animais-bichos-cachorros-8498513/

Tem sido observado o crescimento de casos de prurido (coceira) em cachorros nas clínicas veterinárias. Segundo especialistas, essa é uma tendência mundial que está relacionada ao estilo de vida dos tutores, mais presentes nas regiões urbanas, e ao processo de humanização dos animais.

De acordo com Flávia Clare, Doutora e Mestre em Medicina Veterinária e Clínica Médica de Pequenos Animais, com ênfase em Dermatologia Veterinária, existem evidências do aumento da população de cães atópicos no mundo, principalmente no meio urbano.  “Alguns artigos publicados entre o final do ano passado e início deste ano fazem uma atualização da dermatite atópica, com uma abordagem dos fatores ambientais, estilo de vida, barreira cutânea, fatores genéticos, fisiopatologia da doença, dentre outros aspectos, e demonstram esse crescimento apontando os fatores de risco para para a atopia em cães.”

“Percebemos que houve aumento da dermatite atópica canina, da hipersensibilidade alimentar e das alergias em linhas gerais, nos gatos também, mas principalmente em cães. Isso está vinculado a características como fatores genéticos e predisposição racial. E são exatamente essas raças que estão na moda e aparecem com mais frequência no consultório, como Shitzu, Golden retriever, Labrador, Bulldog francês e inglês, Pug e outras”, diz a médica veterinária.

Além da predisposição genética, o estilo de vida pode aumentar as chances de distúrbios que geram prurido. “Animais tratados como crianças, dentro de apartamento, com excesso de banho e menor contato com o meio rural e outras espécies animais e vegetais na primeira infância constituem fatores de risco. Outro ponto que contribui para essa condição é a alimentação inadequada”, acrescenta.

Doenças alérgicas, infecciosas, parasitárias e até de origem psicossomáticas, devido ao tipo de convivência com os tutores, podem provocar a coceira nos cachorros, por isso o diagnóstico é trabalhoso. Segundo a doutora, pode levar até três meses. “O diagnóstico é clínico e de exclusão. Não temos um exame específico para determinar qual doença leva o animal a apresentar prurido. Começamos com o histórico, anamnese, exames físicos e complementares dermatológicos. Conforme se exclui todas as doenças, no final, encontramos a dermatite atópica”, diz Clare, que atua há 32 anos na veterinária.

O prurido pode se espalhar por todo o corpo do animal ou se concentrar em algumas áreas. Como resultado, o cão pode se arranhar, se ferir, se lamber de modo frequente e ter queda de pelo, um quadro que pode gerar grande sofrimento aos PETs. “Quem já teve coceira sabe quanto essa condição pode ser desconfortável e dolorosa, assim é com os animais. Por isso, enquanto os médicos veterinários investigam as causas do problema, normalmente indicam medicamentos para cessar a coceira e permitir que o cão volte a ter qualidade de vida, até que se tenha o diagnóstico definido e se possa, efetivamente, tratar a causa”, explica a gerente de produto da Zoetis, Cintia Bessa Santos.

Nesse cenário, é comum os veterinários prescreverem corticoide por alguns dias para ajudar a reduzir a inflamação e eliminar a coceira. Animados com os resultados, alguns tutores passam a aplicar o corticoide sem orientação e por períodos prolongados, o que pode provocar efeitos colaterais. “Os glicocorticoides são medicamentos utilizados no controle da coceira e doenças autoimunes, são anti-inflamatórios esteroidais. Eles têm ampla função, sendo importantes em várias áreas da medicina veterinária, porém têm efeitos colaterais que podem ser reversíveis ou não, por isso não devemos fazer uso deles sem o aval do médico”, explica a doutora Clare.

Dentre as principais consequências, o cão pode passar a beber muita água, fazer muito xixi, comer muito, ganhar peso e ter mudanças no comportamento. E o mais sério dos efeitos, o Hiperadrenocorticismo (HAC) ou Síndrome de Cushing, originado pelo uso dos corticoides em dose e tempo errado.

Tutores bem-intencionados, mas desinformados

Há uma tendência, entre os tutores, de adotar medidas não recomendadas por profissionais de saúde para livrar seus pets da coceira, mas essa atitude pode complicar ainda mais a saúde do cão. Priscila Corain, groomer do PetLov, com vasta experiência na tosa de cães de todas as raças, comenta que cerca de 70% dos tutores de cães reclamam que seus animais estão com coceira e que uma parte deles adota soluções caseiras. “Creio que falta informação aos donos, com base nos produtos inadequados que eles usam nos cachorros, sem consultar um veterinário. Assim, eles agravam o problema.”

A profissional conta que uma situação, em particular, chamou sua atenção. “A dona pediu para eu usar um xampu anticaspa, para humanos, no seu cachorro, sem saber qual seria a raiz do problema. Ela simplesmente deduziu que seria caspa.  Os donos precisam entender que pelo é igual cabelo, o PH da pele do PET chega próximo ao de um bebê, mas não quer dizer que os produtos direcionados a humanos sejam a solução.” Para evitar que o prurido se agrave, Corain lembra que é preciso manter a pele dos cães hidratada e ter um cronograma de pelagem para não sobrecarregar o pelo. @ketchum.com.br

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