Parusia e a questão espiritual do tempo

Paiva Netto

 

Foi para um 22 de outubro, do longínquo ano de 1844, que alguns irmãos cristãos norte-americanos aguardavam o retorno de Jesus à Terra. Fundamentaram-se em interpretação própria da profecia das 2.300 tardes e manhãs, descrita no livro de Daniel, no capítulo oitavo, no Antigo Testamento da Bíblia Sagrada.

Pelo fato de o segundo advento (a Volta de Jesus ao plano das formas) não ter se dado, essa ocasião foi por eles denominada o Dia do Grande Desapontamento.

No dia 22/10, um sábado, durante a sessão solene das comemorações dos 22 anos do Templo da Boa Vontade, que tive a honra de comandar, reforcei que não percamos de vista o necessário cuidado que devemos ter ao propor datas para o cumprimento das profecias de Deus. Como colaboração ao tema, apresento-lhes aqui trechos do capítulo “A questão espiritual do Tempo”, constante do meu livro Jesus, o Profeta Divino, um dos campeões de vendas da 15ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro:

Essa questão do tempo, que está realmente próximo (Apocalipse, 1:1) — mas sempre lembrando que o tempo próximo da profecia apocalíptica se realiza por partes, dentro de grandes partes e da Grande Parte Final —, por sua vez, deve ser com insistência objeto de estudo e reflexão. O salmista no Antigo Testamento da Bíblia Sagrada (Salmos, 90:4) o afirma e Pedro Apóstolo (Segunda Epístola, 3:8 e 9) no Novo Testamento o ratifica: “Mil anos dos homens são para Deus como o dia de ontem que já passou”. Então, “Jesus pediu dois dias para voltar”, constantemente destacava o saudoso Alziro Zarur. “E vai ressurgir, do mesmo modo como (no passado) ressuscitou, ao terceiro dia”, depois de ter sido “morto” e “sepultado” pelos seres humanos, os quais veio salvar. Atentemos ainda para o fato de que esse “terceiro dia”, que terá início em 2001 (estávamos na década de 1990), possui mil anos de duração, segundo a contagem terrena. É palmar que lhes falamos do Terceiro Milênio, que vem logo ali. Nenhum de nós na Terra detém autoridade suficiente para apontar esta ou aquela data como a da Volta de Jesus, mas pode concorrer para abreviá-la, conforme se encontra na Segunda Epístola de Pedro, 3:11 e 12: “(…) Vivei em santo procedimento, (…) esperando e apressando a vinda desse Dia do Senhor (…)”.

O Breve Tempo de Deus

Reforçando o assunto Tempo, no tocante ao Retorno do Divino Mestre — como “o Leão da Tribo de Judá”, Apocalipse (5:5), isto é, “com poder e grande glória” (Evangelho segundo Mateus, 24:30), não mais como cordeiro a ser abatido —, releio em Reflexões da Alma (2003) trechos da análise que fiz, depois de estudar Zarur e em anos de pesquisa variada.

Alguns argumentam contra a credibilidade do Apocalipse, tendo em vista esta sua afirmativa: “… pois o tempo em breve chegará”. E o fazem até sem jamais o ter lido. Ou, se abriram suas páginas, passaram apenas os olhos nelas, com a ligeireza de quem lê um romance de quinta categoria… A esses, reiteradamente convido a levar em consideração determinados fatores, como há pouco vimos, e que, por serem tão importantes, ilustraremos melhor em outra ocasião.

 

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.

paivanetto@lbv.org.brwww.boavontade.com

 

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