No dia 18 de outubro, o Simpósio Nacional dos Conselhos de Economia (SINCE 2024) chegou ao fim, consolidando três dias de intensas discussões sobre os desafios e o futuro da economia no Brasil. Com o tema central “O papel do Sistema Cofecon/Corecons na superação da crise e retomada do desenvolvimento”, o evento reuniu economistas de diversas partes do país para refletir sobre temas fundamentais, por meio de grupos de trabalho e paineis temáticos. O objetivo principal foi gerar propostas concretas que contribuam para a valorização e ampliação do mercado de trabalho dos economistas.
Durante o evento, realizado em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, os debates foram organizados em três grandes grupos de trabalho. O primeiro discutiu sobre “Formação, aperfeiçoamento profissional e mercado de trabalho do economista”, abordando a importância de melhorar a capacitação contínua e as oportunidades para os profissionais da área. O segundo grupo focou no “Aperfeiçoamento do Sistema Cofecon/Corecons”, com o intuito de propor melhorias na governança e atuação do sistema. Já o terceiro grupo tratou da “Estrutura e conjuntura econômica, política e social do Brasil”, uma análise crítica da atual situação do país e suas implicações para o futuro.
Além disso, o Fórum da Mulher Economista trouxe uma abordagem diferenciada ao discutir o papel das mulheres na economia, destacando a importância da diversidade no desenvolvimento de políticas públicas e estratégias de inovação. O economista André Koerich, presidente do CORECON-SC, destacou:
“É fundamental discutirmos o espaço da mulher. Embora tenhamos alcançado uma boa representação nos conselhos, é preciso avançar e garantir que essa presença se estenda a outros espaços da sociedade.”
O fórum teve início com a palestra de Ana Cláudia Arruda, doutora em Planejamento Regional e Urbano pela UFPE, e abordou o tema “O que afasta a mulher do campo da economia?”. Durante sua fala, ela destacou a sub-representação feminina na ciência econômica e o impacto dessa ausência nas políticas públicas. Segundo a economista: “A economia é uma ciência social com o menor número de mulheres. A falta de economistas mulheres cria um cenário pouco atrativo para a participação feminina, o que acaba limitando as perspectivas e as soluções econômicas. Precisamos de mais mulheres para abordar a desigualdade de forma mais ampla.”
Na palestra “Mulheres Economistas e as Carreiras do Futuro”, Janine Alves, economista e doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela UFSC, explorou os desafios e oportunidades para as mulheres nas profissões emergentes, especialmente em áreas técnicas e de liderança. A economista trouxe uma discussão sobre as barreiras raciais e socioeconômicas que ampliam as desigualdades e limitam o acesso a carreiras promissoras para crianças de famílias pobres, especialmente negras. Ela defendeu que a inclusão e a representatividade são essenciais para combater essas desigualdades, tanto no ambiente educacional quanto no mercado de trabalho. Ainda discutiu a discrepância salarial entre homens e mulheres, apontando que, quanto mais qualificadas são as mulheres, menor é o seu salário proporcionalmente em relação aos homens, o que desincentiva a busca por especialização. Ao final, enfatizou a necessidade de políticas públicas para investir em educação, combater o racismo e o sexismo estrutural, além de criar uma sociedade mais justa e igualitária. Ela ressaltou:”A competência da mulher precisa ser reafirmada constantemente para ocupar o espaço que nos cabe na sociedade, e esse processo começa desde a infância, com o combate às desigualdades estruturais.”
Bianca Lopes de Andrade Rodrigues, economista com experiência em gestão financeira e pública, compartilhou sua trajetória de transição de carreira, relatando como a mudança de setor foi necessária para encontrar propósito em sua vida profissional: “Eu não falo nem recomeçar, porque no meu caso específico foi começar de novo. Fiz uma mudança de carreira, saí, mudei de área, de setor, de atividade, de tudo. Eu tinha uma angústia, uma preocupação: qual é o meu lugar no mundo? O estudo, gente, é um ativo de luxo no nosso país, e essa busca pelo propósito me levou a viver uma nova realidade. Não pode vencer quem tem medo. A gente precisa encarar, se adaptar, e seguir em frente.”
Ao final do Fórum da Mulher Economista, o grupo de dança Pegada Nagô, de Florianópolis, realizou uma emocionante apresentação intitulada “Cores e Fé”. O coletivo de mulheres negras, idealizado por Solange Adão, utiliza a arte para narrar a história do povo preto brasileiro, promovendo uma reflexão sobre ancestralidade e resistência cultural. A performance trouxe músicas autorais e cânticos em iorubá, celebrando não só o papel da mulher na sociedade, mas também a importância da diversidade cultural.
No último dia do SINCE, ainda houve as premiações do Desafio Quero Ser Economista, que chegou à sua 9ª edição com recorde de inscrições, totalizando 6.588 estudantes de todo o país. Santa Catarina foi o estado com maior número de participantes, com 2.588 inscritos, destacando-se pelo desempenho de seus estudantes na competição. Cinco alunos da Escola de Educação Básica Valentin Gonçalves Ribeiro, da cidade de Monte Castelo, SC, ficaram entre os 10 primeiros colocados, um feito notável para a instituição.
A lista dos premiados foi:
1º lugar: Yasmin de Deus Rodrigues – RJ
2º lugar: Cintia Werner Lemos – SC
3º lugar: Maira Alessandra Fernandes dos Santos – SC
A premiação foi entregue pelo presidente do Cofecon, Paulo Dantas da Costa, e pelo coordenador da Comissão de Educação, Claudemir Galvani.
A noite foi encerrada com a premiação da XIII Gincana Nacional de Economia, que reuniu 33 duplas de estudantes de economia, competindo por prêmios que somaram R$10 mil. O evento ocorreu no campus da Universidade Estadual de Santa Catarina, em Balneário Camboriú, e premiou os seguintes vencedores:
1º lugar: Theo Dalmaso Kussama e Pedro de campos Barbosa Moreno – UFRJ
2º lugar: Maurício Martinho Lino Junior e Bruno Felipe Spies – UFG
3º lugar: Matheus Ribeiro Nunes de Oliveira e Gabriella Regina de Souza – UFSC
4º lugar: Francisco Azevedo de Moraes e João Paulo Soares Pinto – UFES
Com isso, o SINCE 2024 encerra mais uma edição, consolidando-se como um importante espaço de debate e de valorização da profissão do economista no Brasil.