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As armadilhas mortais das rodovias paranaenses

*Rafaela Aparecida de Almeida 

As ultrapassagens malsucedidas e o excesso de velocidade são os principais fatores de riscos nos acidentes das rodovias do Paraná.  A Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgou, recentemente, o balanço de ocorrências de sinistros registrados nas rodovias federais do Paraná em 2024. Os dados apontam que no comparativo com 2023, houve um aumento de 8,2% no número de óbitos, passando de 559 para 605 vítimas fatais. Entre as rodovias mais letais do estado, destacam-se a BR-277, responsável por 164 mortes (27,1%), a BR-376, com 126 óbitos (20,8%), e a BR-116, que registrou 64 mortes (10,6%). Juntas, essas três rodovias concentraram cerca de 60% dos acidentes fatais no Paraná.

Entre as principais causas e características dos acidentes estão: a colisão frontal, que representa o maior índice de sinistros, com 181 mortes (29,9%), seguida do atropelamento de pedestres, com 102 mortes (16,9%), e da saída de pista, com 84 óbitos (13,9%). Essas colisões frontais estão associadas a ultrapassagens proibidas ou malsucedidas e ao excesso de velocidade.

Vale destacar que as principais causas dos acidentes fatais nessas rodovias estão diretamente relacionadas ao comportamento dos condutores. A reação tardia ou ineficiente dos motoristas foi responsável por 91 óbitos, enquanto 73 mortes ocorreram devido a veículos trafegando na contramão e outras 64 foram causadas pela ausência de reação dos condutores diante de situações de perigo.

Em 2024, foram registrados 341 mil flagrantes de excesso de velocidade e aproximadamente 20 mil de ultrapassagens proibidas. Embora a maioria dos acidentes tenha ocorrido em pistas duplas (4.785 no total), os sinistros com maior índice de vítimas fatais foram registrados em pistas simples, com 328 mortes contra 275 em pistas duplas. As retas, por sua vez, concentraram tanto o maior número de ocorrências (5.104) quanto de óbitos (368). Além disso, a maioria dos acidentes ocorreu com pista seca, representando 80% do total.

Os finais de semana continuam liderando as estatísticas de sinistros, com os domingos registrando 17,9% das ocorrências, seguidos das sextas-feiras (13,7%) e dos sábados (15,5%). Outubro foi o mês com o maior número de óbitos, somando 66 mortes (10,9%), enquanto dezembro, tradicionalmente um período de alta circulação devido às férias, apresentou uma redução de 8,93% no número de mortes em comparação com o mesmo mês de 2023, registrando 51 óbitos.

Sobre a prevenção de acidentes é importante frisar que o respeito aos limites de velocidade e o cuidado durante as ultrapassagens continuam sendo os principais fatores para evitar os acidentes. Para reforçar essas medidas, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) tem intensificado a fiscalização e aplicado penalidades aos condutores infratores.

No que diz respeito aos caminhões, dos 260 mil veículos abordados em 2024, 118 mil eram caminhões. Nessas abordagens, foram realizadas verificações das condições dos motoristas, dos veículos e da documentação obrigatória. A observância de aspectos como limite de peso, velocidade permitida, manutenção adequada dos veículos e, especialmente, o funcionamento dos freios, é fundamental para evitar sinistros, sobretudo em trechos de serra, onde as exigências sobre o desempenho do veículo são maiores.

Outro ponto de atenção é a saturação das rodovias, que enfrentam uma alta dependência do modal rodoviário. Cerca de 60% das cargas no Brasil continuam sendo transportadas por caminhões, o que aumenta significativamente a pressão sobre a infraestrutura das vias e a necessidade de medidas preventivas e de fiscalização.

As armadilhas mortais das rodovias paranaenses

*Rafaela Aparecida de Almeida é doutora em Gestão Urbana e professora da Escola de Negócios no Centro Universitário Internacional UNINTER

@nqm.com.br

PRF aponta aumento de mortes em acidentes nas BRs do Paraná em 2024

Alta de 6,5% é puxada pelas colisões frontais, fruto de ultrapassagens proibidas e alta velocidade

https://www.gov.br/prf/pt-br/noticias/estaduais/parana/2024/julho/prf-aponta-aumento-de-mortes-em-acidentes-nas-brs-do-parana-em-2024
Foto: PRF

Fonte: Polícia Rodoviária Federal

Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou aumento de 6,5% de mortes  em sinistros de trânsito nas rodovias paranaenses no primeiro semestre de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023. O aumento de 17 mortes (passando de 261 para 278) tem relação direta com as colisões frontais, tipo de acidente causado predominantemente pelas ultrapassagens proibidas ou forçadas e pelo excesso de velocidade.

balanço parcial sinistros
Balanço parcial sinistros

Das 278 pessoas que perderam a vida por sinistros de trânsito nas rodovias federais paranaenses, 93 foram vitimadas em sinistros do tipo “colisão frontal”, quando o choque de dois veículos ocorre “de frente”, resultando numa interrupção brusca da trajetória do veículo e de seus ocupantes. Em 2023, foram 74 vítimas mortas neste tipo de sinistro de trânsito, 21% menos do que neste ano. Para exemplificar o potencial de dano, à velocidade de 100 km/h o corpo humano passa a se comportar como tendo um peso 28 vezes maior. Assim, no caso de uma desaceleração brusca os órgãos sofrem danos severos, pois tendem a continuar na mesma trajetória e velocidade. Nas colisões frontais, pelo somatório de energia dos veículos, os danos tendem a ser de maior gravidade.

As colisões frontais são o sétimo tipo de sinistro mais frequente (aproximadamente 7% das ocorrências), mas responde por 1/3 das mortes registradas no estado. A maior parte dessas colisões (54%) aconteceram em trechos sem duplicação, com o fluxo de ambos os sentidos dividindo a mesma pista.

Ranking de tipos Óbitos por tipo de sinistro

Ao acompanhar os casos, a PRF reforçou a fiscalização de ultrapassagens proibidas e de excesso de velocidade, realizando, além do trabalho ordinário, comandos direcionados a estas infrações. Como resultado, houve um aumento de 5,3% dos flagrantes de ultrapassagens proibidas e de 3,5% nos flagrantes de condutores circulando com velocidade acima da permitida.

Entretanto, para reduzir mortos e feridos é indispensável que os motoristas tenham um comportamento de segurança nas rodovias, respeitando as normas de trânsito. Para o condutor que já segue essas regras, a PRF recomenda que adote um comportamento defensivo: sempre que avistar outro condutor em ultrapassagem, mesmo que proibida, diminua a velocidade e, se necessário, desloque-se mais para a direita da via. Antes de realizar ultrapassagens, o condutor deve observar se tem velocidade suficiente para concluí-la com segurança, se não existe outro veículo que já tenha iniciado a mesma manobra atrás e sinalizar com as luzes do veículo: utilizando a seta de direção e piscando o farol para o condutor que vai à frente. Para maior segurança, os condutores devem também optar por ultrapassar apenas um veículo por vez.

“A maioria dos sinistros fatais de trânsito atendidos pela PRF são perfeitamente evitáveis porque estão ligados ao comportamento humano, a atos de imprudência. Entre as principais causas estão, sempre, o excesso de velocidade, as ultrapassagens malsucedidas e a desatenção”, avalia o superintendente da PRF no Paraná, Fernando César Oliveira. “Trechos críticos de rodovias existem, sim. Mas o que mais mata no trânsito são as condutas críticas, independentemente das condições da pista e do clima.”

Atropelamentos de pedestres

Outro tipo de sinistro que preocupa a PRF são os atropelamentos: 48 pedestres morreram atropelados, 9 a mais do que no primeiro semestre de 2023. Usuários mais frágeis do trânsito, os pedestres estão ainda mais fragilizados nas rodovias pela velocidade mais alta do que a do trânsito urbano.

Os atropelamentos de pedestres estão diretamente ligados à falta de uma condição básica de segurança no trânsito das rodovias: ver e ser visto. A luminosidade natural da luz solar fornece uma condição em que tanto os condutores quanto os pedestres conseguem assimilar os riscos e adotar comportamentos para evitar sinistros. Das 48 mortes neste tipo de sinistro, 40 ocorreram durante a noite ou em horários em que o sol está nascendo ou se pondo.

Além de sugerir mudanças para órgãos e entidades que administram as rodovias, a PRF atua fiscalizando as condições dos veículos que possam aumentar o risco de atropelamentos, como o funcionamento das luzes e o estado do parabrisas. Apenas nesta metade de 2024, a PRF no Paraná fez 10.496 autuações em veículos que estavam com seus equipamentos obrigatórios em desacordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

Para os pedestres que precisem utilizar as rodovias à noite, a PRF recomenda que utilizem sempre o acostamento, usem roupas claras, façam uso da lanterna do celular para se tornarem mais vistos e que caminhem no sentido contrário ao dos veículos.

 

Óbitos por veículo
Óbitos por veículo

 

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