A cirurgia metabólica para o tratamento da diabetes tipo 2 só pode ser feita em hospitais que realizam cirurgias de alta complexidade
Os pacientes diagnosticados com o diabetes tipo 2 contam com um novo aliado no combate à doença: a cirurgia metabólica. O Conselho Federal de Medicina (CFM) anunciou no final de 2017 as novas regras para a indicação do procedimento. Estudos recentes comprovam a eficácia da cirurgia para o tratamento de pacientes com o diabetes tipo 2, incluindo pessoas com obesidade grau I (Índice de Massa Corporal entre 30kg/m2 e 34,9kg/m2).
Pedro Henrique Lambach Caron, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Angelina Caron, explica que as novas regras exigem o cumprimento de alguns requisitos pelos pacientes. “A cirurgia é indicada para pacientes com diabetes tipo 2 sem resposta ao tratamento clínico, com índice de obesidade de no mínimo grau I, entre 30 e 70 anos de idade e que tenha sido diagnosticado há menos de dez anos”.
A indicação cirúrgica só pode ser autorizada após a avaliação de dois endocrinologistas e a comprovação da ineficiência do tratamento clínico por pelo menos dois anos. “A cirurgia metabólica busca ir além da perda de peso e possui indicações diferentes da bariátrica. O procedimento é opção quando os medicamentos falham”, esclarece o cirurgião.
O estudo Stampede publicado no New England Journal of Medicine em 2014 comparou os resultados entre o tratamento clínico e a cirurgia bariátrica para o controle do diabetes tipo 2. Após três anos, a cirurgia foi mais efetiva que o tratamento clínico em relação ao controle do diabetes, além de ter sido associada a uma melhora nos fatores de risco cardiovasculares, como IMC, controle de peso, hipertensão arterial, níveis de triglicérides e HDL.
Contribuição na luta contra outras doenças
O tratamento eficaz do diabetes tipo 2 permite reduzir complicações associadas à doenças como AVC, cegueira (retinopatia diabética), insuficiência renal, doença vascular periférica e síndrome coronariana.
Procedimento exige outros requisitos
A cirurgia metabólica para o tratamento da diabetes tipo 2 só pode ser feita em hospitais que realizam cirurgias de alta complexidade e com estrutura de UTI e plantonistas 24h. Pacientes com dependência química ou que façam uso abusivo de bebidas alcóolicas não podem realizar o procedimento.
Doença de difícil controle
O diabetes tipo 2 é uma doença de difícil controle, mesmo com os medicamentos de última geração, e atinge quase 10% da população adulta no Brasil. Os números do Ministério da Saúde apontam um crescimento de mais de 60% na última década. A estimativa é que até 15% dos pacientes não respondam ao tratamento clínico.
Sobre o Hospital Angelina Caron
O Hospital Angelina Caron está localizado na cidade de Campina Grande do Sul, na Grande Curitiba (PR). De caráter eminentemente social, o local é um centro médico-hospitalar de referência no Sul do País e um dos maiores parceiros do Sistema Único de Saúde (SUS) no Paraná. Recebe, anualmente, mais de 350 mil pacientes de todo o país, dos quais 95% pertencem ao SUS. Atua em todas as vertentes da medicina e é um centro tradicional de fomento ao ensino e à pesquisa. O setor de transplantes é um dos mais destacados, reconhecido internacionalmente, com cerca de 250 procedimentos por ano nas áreas hepática, renal, reno-pancreática, cardíaca e de tecidos corneanos.