Uma das doenças neurológicas crônicas mais comuns, a epilepsia atinge cerca de 50 milhões de pessoas no mundo, dois milhões delas só no Brasil, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). O tratamento padrão para a doença que provoca crises convulsivas recorrentes, movimentos involuntários e falta de controle da função intestinal e da bexiga, é feito com medicamentos antiepilépticos. Porém, em cerca de 30% dos casos eles não funcionam.
“Os indivíduos com epilepsia refratária são aqueles que não respondem bem ao tratamento medicamentoso e, por isso, podem se beneficiar de tratamento cirúrgico. Até 70% dessas pessoas podem ficar livres das crises epilépticas”, explica Antonio Nogueira Almeida, neurocirurgião e especialista em neurocirurgia funcional da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Estimativas apontam que 600 mil brasileiros que sofrem com a epilepsia poderiam ser beneficiados pelo tratamento cirúrgico, que ainda é pouco difundido no País, onde poucas instituições estão preparadas para oferecer esse tratamento. “Aqui na BP, por exemplo, recebemos clientes de diversos Estados onde os procedimentos cirúrgicos para tratamento de epilepsia não estão disponíveis”, conta o neurocirurgião Antonio Almeida.
Diagnóstico preciso é fundamental
O neurocirurgião da BP (Beneficência Portuguesa de São Paulo) alerta que, apesar do tratamento cirúrgico proporcionar uma alta taxa de controle total das crises epiléticas (70% dos casos), nem todas as pessoas com epilepsia refratária estão aptas para o procedimento. Por isso, é fundamental que o especialista faça uma minuciosa avaliação.
“Além da avaliação clínica, pode ser necessário a realização de exames auxiliares como a ressonância magnética, eletroencefalograma, avaliação neuropsicológica e cintilografia de perfusão cerebral ou Spect (diagnóstico por imagem em medicina nuclear). Somente após uma investigação criteriosa é que se pode decidir se a pessoa tem ou não condições de ser operada e qual a melhor técnica cirúrgica a ser empregada”, salienta Antonio Almeida.
Ele explica que várias técnicas cirúrgicas podem ser empregadas, desde a remoção de uma má formação no cérebro até o implante de eletrodos cerebrais ou na região do pescoço. Entretanto, todas têm como objetivo principal normalizar as descargas elétricas das células cerebrais, eliminando ou reduzindo as crises epiléticas e oferecendo melhor qualidade de vida aos indivíduos.
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