Casos de Febre Amarela diminuem, mas falta de informação causa maus-tratos aos animais

O Ministério da Saúde divulgou um balanço do número de mortes de febre amarela no país, na última terça-feira (30). Atualmente são 213 casos confirmados e destes, 81 pessoas morreram devido à infecção nos últimos seis meses. Ainda de acordo com os dados, as mortes diminuíram 44%, em relação ao levantamento anterior (2016/2017), e 435 casos permanecem sob investigação. Mesmo com a queda das contaminações confirmadas em relação ao ano anterior, que chegou a 54%, e diversas orientações à população, interpretações erradas e falta de informação sobre a forma de contágio e transmissão, fizeram surgir casos de maus-tratos aos macacos – que também são receptores da doença, igual aos humanos.

“O mosquito transmissor e os macacos dividem o mesmo habitat, por isso, esse animal acaba sendo hospedeiro do ciclo silvestre da febre amarela. Da mesma forma como é transmitida para nós, o vírus da febre amarela (Arbovírus gênero Flavivirus) se dá através da picada dos mosquitos dos gêneros Aedes, Haemagogus e Sabethes, no macaco. Contudo, precisamos entender que ele é apenas receptor e não transmissor”, explica a coordenadora do curso de Medicina Veterinária do UniBrasil Centro Universitário, Jennifer Cristina Biscarra Bellio.

A contaminação pela doença se dá unicamente pela picada dos mosquitos. Mesmo infectados, tanto os animais quanto os seres humanos não transmitem a doença. “Os macacos podem ser considerados sentinelas, pois quando contaminados, indicam que o vírus está próximo da população. Eles acabam nos ajudando, são nossos aliados”, diz Jennifer.

Ainda segundo a veterinária, a Lei de Crimes Ambientais (N.º 9.605/98) determina que as agressões cometidas contra animais silvestres, nativos ou em rota migratória, como a caça, pesca, transporte e a comercialização sem autorização; os maus-tratos; a realização experiências dolorosas ou cruéis com animais quando existe outro meio, independente do fim, configuram-se como crimes ambientais. Também estão incluídas as agressões aos habitats naturais dos animais, como a modificação, danificação ou destruição de seu ninho, abrigo ou criadouro natural. “Os macacos são vítimas da febre amarela, não são transmissores”, finaliza a profissional.

 

Grupos de risco e reações da vacinação

 

Para quem reside em Curitiba, atualmente a indicação da vacina é somente caso haja viagem planejada para regiões de risco. Também é preciso estar atento aos grupos de risco, para os quais a vacina é contraindicada e pode causar reações adversas.

“Idosos, gestantes, lactantes (nos primeiros seis meses) e bebês com até nove meses de idade, pessoas em tratamento contra o câncer e pessoas com o sistema imunológico debilitado correm o risco de reações graves à vacina”, explica a gerente médica do Hospital Santa Cruz, Dra. Maria Inês Ramina. “A vacina contra a febre amarela possui o vírus vivo atenuado, o que pode fazer com que esses indivíduos apresentem um quadro semelhante ao da doença”, explica. Pacientes alérgicos a ovo também não devem receber a vacina. “Na dúvida, consulte o seu médico, para que seja avaliado o risco individual”, afirma.

Nestes casos, a recomendação é a prevenção com o uso de roupas com mangas e calças compridas, repelentes, mosquiteiros e telas nas janelas de casa.