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Colaboração na Educação

Maíra Weber*

Imagine uma sala de aula com crianças de oito anos reunidas em grupo para discutir a escrita conjunta de um poema sobre um assunto estudado, como por exemplo, a importância da preservação da natureza. Juntas, elas dialogam sobre o que a professora explicou, relembram as atividades feitas, reelaboram conteúdos e se conectam com seus conhecimentos prévios sobre o assunto (adquiridos em conversas com a família, filmes, notícias, enfim, no dia a dia). Certamente, o poema, de autoria colaborativa, resultaria em um texto de qualidade – e seria uma consequência do processo de criação. A atitude cooperativa faria com que os estudantes trocassem experiências e reuniria o que cada um tem de melhor.

Existem várias maneiras de haver colaboração quando pensamos na Educação. Em sala de aula, os professores podem centrar suas práticas em metodologias que instiguem a participação dos alunos no processo de ensino, chamadas por alguns teóricos de Aprendizagem Colaborativa, conforme a situação trazida acima. Nessas propostas, os estudantes realizam atividades em grupo, interagem e fazem reflexões para, juntos, construir conhecimentos.

Mas a colaboração, princípio federativo previsto na constituição brasileira, também pode ser uma estratégia educacional que norteia as ações de gestão de secretários de Educação e de suas equipes. O trabalho em colaboração pode ser uma alternativa extremamente importante para auxiliar questões administrativas vividas por todos os gestores do sistema de ensino, tais como: gerir com mais eficiência os recursos que um município tem disponível para a escolha do transporte escolar, da merenda, do material didático, do método de aprendizagem do aluno e de formações continuadas para os professores. Assim, quando a colaboração é estruturada, segundo o chamado Regime de Colaboração, traz como principal característica a intenção de unir gestores educacionais para juntos, cooperarem em ações que visam a melhoria do ensino.

Uma das maneiras de se efetivar o Regime de Colaboração é por meio dos Arranjos de Desenvolvimento da Educação (ADEs). A proposta dos ADEs foi homologada pelo MEC na divulgação do Plano Nacional de Educação, em 2014, favorecendo o trabalho em rede “de forma que municípios com proximidade geográfica e características sociais semelhantes troquem experiências e solucionem em conjunto dificuldades na área da Educação”, de acordo com Mozart Neves Ramos, relator do texto no Conselho Nacional de Educação (CNE). Existem alguns modelos bastante estruturados de arranjos operantes no Brasil, como o da região Noroeste paulista (centralizado em Votuporanga), o da Chapada – englobando 19 municípios na Bahia –, o da Mesorregião de São José do Rio Preto, o da região da foz do Rio Itajaí (COGEMFRI) e o da Grande Florianópolis, chamado de GRANFPOLIS.

Esse último, estabelecido em 2015 por meio de uma parceria entre a Associação dos Municípios da Grande Florianópolis e o Instituto Positivo, tem obtido resultados bastante satisfatórios a partir da realização de metas e planos traçados por seus dirigentes educacionais. Nas últimas eleições, por exemplo, muitos prefeitos e secretários de Educação decidiram manter os compromissos previamente acordados por seus antecessores com o ADE. Com isso, todos os vinte e dois municípios seguem engajados, independentemente das diferentes ideologias político partidárias, focados na viabilização de iniciativas conjuntas que possibilitem a melhoria do ensino ofertado aos alunos da rede pública de ensino. Atitudes colaborativas sempre serão muito importantes dentro da área educacional. Mas a colaboração organizada, constituída de fato, seja dentro da sala de aula ou de um território, sempre trará ganhos. Especialmente para os alunos.

*Maíra Weber, doutora em Educação e coordenadora de Responsabilidade Social do Instituto Positivo.

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