O exercício físico regular traz uma série de benefícios ao corpo e à mente, por isso a prática não só ajuda a prevenir, como complementa o tratamento de uma série de doenças. Entre elas, destaca-se o diabetes tipo 2, epidemia que cresce em razão do aumento da obesidade e da vida cada vez mais sedentária². São mais de 422 milhões de pessoas no mundo com a doença, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde)², só no Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, são mais de 13 milhões de diabéticos¹.
Tipo mais prevalente da doença, o DM2 corresponde a 90% dos casos e pode levar a várias complicações, sendo que uma das mais graves são as doenças cardiovasculares². “O paciente diagnosticado com a patologia tem de duas a quatro vezes mais chances de morrer vítima de um infarto ou de um AVC (Acidente Vascular Cerebral)². O grande obstáculo, no entanto, é que, além de desconhecer esse risco, metade dessas pessoas não sabe que é diabética³”, alerta o endocrinologista Marco Antonio Tambascia.
Quem tem a doença possui resistência aos efeitos da insulina, hormônio produzido no pâncreas, responsável pela captação da glicose no organismo¹. Além do controle com medicação e dieta adequada, o esporte faz parte do tratamento porque, em geral, resulta na perda de peso, além de contribuir para o controle glicêmico¹. Calcula-se que 80% das pessoas com diabetes estejam com sobrepeso4. E sabe-se que o aumento da gordura provoca um processo inflamatório generalizado no organismo que leva à resistência à insulina5.
O treinamento, se realizado de forma recorrente, aumenta a captação e o metabolismo da glicose pelo músculo, pois intensifica a síntese de GLUT-4, receptor que auxilia na retirada do açúcar do sangue para dentro das células6. Esse processo, explica o Dr. Tambascia, torna a insulina mais ativa. “Com maior quantidade de GLUT 4, as taxas de glicemia ficam mais baixas e o diabetes mais controlado. Sem contar que os exercícios, especialmente os aeróbios, melhoram a capacidade cardiorrespiratória, uma forma de prevenção com as doenças cardiovasculares”, esclarece.
Para o médico, a mudança de estilo de vida é um dos pilares para o controle do DM2, e atividade física nesses casos ainda acelera o emagrecimento por meio de maior queima calórica, reduz os níveis do hormônio cortisol, que, elevado agrava o processo inflamatório gerado pela doença, entre outros efeitos positivos.
Antes, porém, de iniciar uma atividade física, é importante ir ao médico para avaliar a necessidade de solicitação de exames e também para receber orientação sobre os cuidados com a doença¹. Também é essencial que o paciente seja orientado por um profissional especializado durante a prática esportiva. “O recomendado é mesclar as atividades aeróbicas com as resistidas, por 30 minutos, pelo menos três vezes por semana, mas isso vai depender da condição física de cada paciente²”, pondera.
Sobre o diabetes tipo 2
- Como identificar a doença? Ela pode ser assintomática, mas existem alguns sintomas mais comuns: fome e sede excessivas, ganho ou perda de peso, vontade de urinar com frequência, fadiga, má cicatrização, manchas escuras na pele e visão embaçada¹.
- Mais comum em pessoas com histórico familiar, idade igual ou superir a 45 anos, obesidade (principalmente a abdominal) e sedentarismo
- Caso não ocorra o controle glicêmico adequado, o diabetes pode não só comprometer o coração e os rins como pode levar à cegueira e à amputação de membros inferiores¹.
- O Brasil é o quarto país do mundo com maior número de diabéticos, perde para China, Índia e Estados Unidos².
Referências
1.Sociedade Brasileira de Diabetes. Disponível em: http://www.diabetes.org.br/
2. World Health Organization. Disponível em: www.who.int. Acesso em dezembro de 2017.
3. Kholood M. Mugharbel, FFCM and Mowaffaq A. Al-Mansouri, FFCM Prevalence of obesity among type 2 diabetic patients in Al-Khobar Primary Health Centers.J Family Community Med. 2003 May-Aug; 10(2): 49–53.
4. Obesity and visceral fat: a growing inflammatory disease. Hanauer SB Nat Clin Pract Gastroenterol Hepatol. 2005 Jun; 2(6):245.
5. Exercise, GLUT4, and skeletal muscle glucose uptake. Richter EA, Hargreaves M. Physiol Rev. 2013 Jul;93(3):993-1017. doi: 10.1152/physrev.00038.2012.
6. Prevalence and correlates of inadequate glycaemic control: results from a nationwide survey in 6,671 adults with diabetes in Brazil. Mendes AB, Fittipaldi JA, Neves RC, Chacra AR, Moreira ED Jr. Acta Diabetol. 2010 Jun;47(2):137-45. doi: 10.1007/s00592-009-0138-z. Epub 2009 Aug
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