A Mercedes-Benz Trucks está avançando no desenvolvimento de veículos elétricos. Este mês, a marca irá iniciar os testes em clientes com o primeiro caminhão elétrico pesado, o eActros. Dez unidades, em duas versões (PBT de 18 ou 25 toneladas), serão entregues este mês para transportadores que testarão sua praticidade e eficiência econômica no dia a dia, sob condições reais de uso. No longo prazo, o objetivo é a condução silenciosa e livre de emissões em ambientes urbanos, com caminhões produzidos em série para esta aplicação.
“A Daimler Trucks é sinônimo de liderança em inovação, principalmente quando o tema é mobilidade elétrica. A partir de agora, queremos trabalhar em conjunto com os nossos clientes para avançarmos, ainda mais, no desenvolvimento do Mercedes-Benz eActros, com o objetivo de torná-lo uma proposta viável, do ponto de vista técnico e comercial, para as operações diárias. ”, diz Martin Daum, membro do Board da Daimler AG e chefe mundial da Daimler Trucks e da Daimler Buses. “Estamos iniciando este processo com uma frota inovadora e vamos apoiar os testes no ambiente logístico dos transportadores. Isso nos permitirá entender o que ainda precisa ser feito em termos de tecnologia, infraestrutura e serviço para tornar nosso eActros competitivo”,
“Estamos repassando as versões de dois e três eixos de nosso caminhão elétrico pesado eActros para os clientes. Inicialmente, o foco será no transporte urbano de mercadorias e serviços de entregas. A autonomia necessária para isso está bem dentro do objetivo do eActros“, informa Stefan Buchner, chefe mundial da Mercedes-Benz Trucks.
Frota de caminhão elétrico será utilizada por um ano
“Desenvolvemos um veículo que foi configurado desde o início para a mobilidade elétrica. Em comparação com nosso protótipo, lançado em 2016, foram realizadas algumas alterações: o suprimento de energia agora é feito por onze pacotes de baterias e, sempre que possível, utilizamos componentes comprovados que já estão prontos para produção em série ou estão muito próximos disso”, destaca Stefan Buchner. “Participam do teste dez clientes de diversos setores. As empresas são: Dachser, Edeka, Hermes, Kraftverkehr Nagel, Ludwig Meyer, pfenning logistics, TBS Rhein-Neckar e Rigterink, da Alemanha, e Camion Transport e Migros, da Suíça”.
Para esse teste, foram selecionados transportadores que trabalham com diferentes aplicações, desde alimentos e materiais de construção até matérias-primas. Os eActrosserão utilizados para operações que seriam realizadas por veículos com motor a diesel.
Os motoristas dos eActros foram treinados especialmente para trabalhar com os veículos. Os clientes vão testar os modelos por doze meses. Depois, os caminhões serão repassados a um segundo grupo, para mais doze meses de uso. “Isso nos permitirá satisfazer aos muitos pedidos que recebemos dos transportadores e ganhar um conhecimento ainda maior”, diz Stefan Buchner. “Nosso objetivo é chegar à produção em série e à maturidade de mercado para uma linha de caminhões elétricos economicamente competitivos para operações de transporte pesado até 2021.”
Autonomia de até 200 km
A base do caminhão pesado elétrico Mercedes-Benz é fornecida pela estrutura do Actros. Porém, de forma diferente, a arquitetura do veículo foi configurada especificamente para um sistema de propulsão elétrico, com uma alta proporção de componentes específicos. O eixo de tração, por exemplo, é baseado no ZF AVE 130, que já mostrou resultados positivos nos ônibus híbridos e movidos a célula de combustível da Mercedes-Benz, tendo sido totalmente desenvolvido para o eActros.
O sistema de propulsão conta com dois motores elétricos localizados junto aos cubos de roda do eixo traseiro. Esses motores têm refrigeração líquida e operam a uma voltagem nominal de 400 Volts. Esses propulsores geram 125 kW de potência cada um, com torque máximo individual de 485 Nm. As reduções de engrenagem convertem esse torque para 11.000 Nm cada, resultando num desempenho de rodagem equivalente ao de um caminhão com motor a diesel.
A carga máxima permitida por eixo mantém-se nas convencionais 11,5 toneladas. A energia para uma autonomia de até 200 km é fornecida por duas baterias de íons de lítio com potência de 240 kWh, que também já foram utilizadas no ônibus da EvoBus. “Sinergias como esta, dentro do Grupo Daimler, nos permitem compartilhar nossas experiências, diminuir os tempos de desenvolvimento e, é claro, economizar custos”, diz Stefan Buchner.
As baterias ficam em onze pacotes: três na área do chassi e os outros oito mais abaixo. Por razões de segurança, os pacotes de baterias são protegidos por compartimentos de aço. Numa eventual colisão, as montagens cedem e deformam, desviando assim a energia para longe das baterias sem danificá-las.
As baterias de alta voltagem não fornecem energia apenas ao sistema de propulsão, mas ao veículo como um todo. Componentes auxiliares, como o compressor de ar para o sistema de frenagem, a bomba da direção hidráulica, o compressor do ar condicionado da cabina e, quando for o caso, da carroceria refrigerada, também são movidos a eletricidade.
As baterias podem ser completamente recarregadas entre três e onze horas, assumindo uma capacidade de carga de 20 a 80 kW. O padrão de carga usado é o Combined Charging System, CCS. A rede de baixa voltagem de bordo consiste de duas baterias convencionais de 12 Volts, carregadas pelas baterias de alta voltagem por meio de um conversor. Isso garante que todas as funções importantes do veículo, como luzes, indicadores, freios, sistemas de suspensão a ar e sistemas da cabina se mantenham em operação, caso haja eventual ocorrência na rede de alta voltagem ou desligamento.
Subsídios apoiam desenvolvimento de veículos elétricos
O desenvolvimento e testes dos caminhões elétricos pesados para distribuição fazem parte do projeto “Concept ELV²”, que recebe fundos do Ministério Federal do Meio-Ambiente da Alemanha (BMUB) e do Ministério Federal dos Assuntos Econômicos e Energia (BMWi), com valor total de cerca de dez milhões de euros. As áreas cobertas pelo plano de financiamento são desenvolvimento, montagem e operação, o que inclui uso de altas voltagens (até 400 V), altas correntes (até 1000 A), tecnologia das baterias (preço, peso, durabilidade, vida útil, tempo de carga), autonomia e necessidades de energia, infraestrutura de carga e conceitos logísticos, exigências de segurança, viabilidade no verão e inverno, assim como questionamentos sobre a aceitação dos veículos pelos clientes.
A frota vai rodar até a metade de 2020. O objetivo é estabelecer as necessidades de energia para diversas aplicações, assim como a eficiência econômica dos caminhões elétricos e comparar o desempenho ambiental dos modelos inovadores com o de motores a diesel em uma Avaliação do Ciclo de Vida (Life Cycle Assessment). Os resultados do trabalho de pesquisa serão enviados aos clientes durante o teste, como forma de otimizar a operação, e serão publicados, dando aos potenciais transportadores a oportunidade de otimizar seus planejamentos de rotas ou desenvolver novos modelos de negócios para seus métodos de logística.
Daimler lidera o desenvolvimento de veículos comerciais elétricos
O Grupo Daimler é líder no desenvolvimento de veículos comerciais elétricos. O eCanter, da marca asiática FUSO, foi o primeiro caminhão leve totalmente elétrico produzido em série. Já o eVito Mercedes-Benz também foi disponibilizado para encomendas desde novembro de 2017 e começará a ser entregue aos clientes a partir do segundo semestre deste ano. Os próximos da fila são o ônibus urbano totalmente elétrico Citaro e a eSprinter.
Como se vê, os veículos comerciais da Daimler Trucks, Daimler Buses e Mercedes-Benz Vans garantem que todos os aspectos do transporte urbano sejam atendidos por modelos elétricos. Juntamente com a capacidade de carga, os principais objetivos são a sustentabilidade e a redução de ruídos. É exatamente nessas situações, onde frequentes paradas, frenagens e acelerações fazem parte da operação, que as vantagens da tecnologia de propulsão elétrica são importantes. Os habitantes das cidades ganham ar mais puro e menos ruído. E como vantagem adicional, os caminhões elétricos não são, em grande parte, afetados por restrições de acesso a áreas urbanas.
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