Curitiba ganha livro que retrata processo de verticalização

A arquiteta Elizabeth de Castro e a antropóloga Zulmara Clara Posse, lançam a obra Morar nas Alturas! A verticalização de Curitiba entre 1930 a 1960. Esse é o quarto trabalho em conjunto entre a arquiteta e a antropóloga, desde 2010. O interesse em contar a história da verticalização da capital paranaense surgiu quando as pesquisadoras concluíram outra pesquisa, em 2013, baseada no trabalho do arquiteto Eduardo Fernando Chaves, que retrata o início da urbanização de Curitiba e as virtudes do bem-morar, até 1930. “Foi assim que surgir a vontade de avançar mais no tema urbanização e no processo de verticalização da capital paranaense”, relata Elizabeth.

As pesquisas que deram origem a Morar nas Alturas! A verticalização de Curitiba entre 1930 a 1960, tiveram a duração de três anos e abordam dois períodos marcantes da urbanização de Curitiba. Na primeira etapa, situada entre os anos 1930 e 1944, as especialistas trazem à tona a história de empreendimentos de até 10 pavimentos, que eram construídos para as famílias morarem. Esses apartamentos também eram concebidos para a locação, como forma de aumentar a fonte de renda dos proprietários.

A partir de 1944, com a da lei do inquilinato e a regulamentação do setor, os imóveis tornaram-se atraentes também para a venda. Foi neste momento que surgiram os financiamentos das obras, que impulsionaram o negócio das construtoras. “A venda via financiamento incentivou a construção de prédios de 14, 16 pavimentos no período que compreende os anos de 1944 até 1960. No livro, contamos a história de edificações que são um ícone de Curitiba, como o Marumby, na Praça Santos Andrade e edifício João Alfredo, na Praça Zacarias”, conta Elizabeth.

Um dos aspectos mais interessantes observados na pesquisa, segundo a arquiteta, foi o conceito de “morar e trabalhar”. “A ideia de construir edifícios multiuso não é nova. No intervalo de 1944 e 1960 já existiam empreendimentos que dividiam as duas funções, com alas comerciais, que contemplavam escritórios e galerias, e imóveis residenciais.

Os 124 exemplares estudados apresentam diversas tipologias, mas têm em comum a multiplicidade de funções, buscando incorporar nos meandros da construção civil a complexidade da vida moderna. “Moradia, prestação de serviços, comércio e lazer estão reunidos nestes “monumentos de concreto armado”, que são “verdadeiros ornamentos da cidade” e os “símbolos de nossa civilização urbana”. Pode-se não só morar nas alturas, mas também trabalhar, ou ainda morar e trabalhar no mesmo endereço, atingindo o ápice da modernidade”, analisa Elizabeth de Castro.

Depoimentos

A pesquisa contou com a colaboração de 21 entrevistados – arquitetos, engenheiros, além de pessoas que viverem nesses empreendimentos. Marcello Thá, diretor de incorporações do Grupo Thá, foi um dos entrevistados e elogia a iniciativa.  “As pesquisadoras eternizam nas páginas de um livro edificações que fazem parte do cotidiano dos curitibanos, há quase 100 anos. O Grupo Thá se identifica com o trabalho das arquitetas, porque, há 123 anos, também se dedica à construção de empreendimentos que fazem parte da história da capital paranaense, e, inclusive, se dedica às edificações multiuso, que quebraram paradigmas. Esses edifícios são reflexo nas mudanças de estilo de vida da população urbana e trouxerem conforto, economia e praticidade para os curitibanos, principalmente para aqueles que tem predileção por morar nas regiões centrais. Apenas o Grupo Thá possui 18 empreendimentos que seguem esse conceito”, avalia Marcello Thá.

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