Apesar de haver tratamento para o herpes ocular, a doença ainda é incurável. Trata-se de uma infecção provocada pelo mesmo vírus do herpes labial, o herpes simplex (HSV). Existem mais de 80 tipos de vírus do herpes, mas uma coisa eles têm em comum: percorrem os nervos até se alojarem numa terminação nervosa, onde passam períodos de inatividade. Quando acomete lábios e pele, o diagnóstico do herpes é bastante fácil. Mas quando o vírus atinge os olhos, a doença pode ser mal diagnosticada e tratada indevidamente – aumentando os riscos, inclusive, de o paciente perder a visão.
De acordo com Renato Neves, médico oftalmologista e diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo, é preciso ter bom conhecimento para distinguir o herpes ocular do herpes zoster (causado pelo vírus da varicela), de determinadas infecções, e até mesmo de uma intoxicação ocular provocada por medicamentos. Assim como o herpes labial, que pode surgir novamente quando a imunidade da pessoa está em baixa, dados da Academia Americana de Oftalmologia (AAO) revelam que, depois do episódio inicial, há 27% de chance de acontecer novamente dentro de um ano, 50% em cinco anos e 63% em 20 anos.
“Infecções recorrentes incomodam muito os pacientes, já que a doença pode surgir na infância e voltar a ocorrer de tempos em tempos. Vale ressaltar que o herpes ocular pode acometer qualquer camada dos olhos, mas as manifestações mais comuns incluem blefarite (inflamação das pálpebras), conjuntivite folicular (causada por alterações da própria mucosa) e ceratite (inflamação da córnea). Outro ponto importante e que precisa ser esclarecido: o herpes ocular nada tem a ver com o herpes genital, que é uma doença sexualmente transmissível”, diz Neves.
O médico explica que geralmente a pessoa entra em contato com o vírus herpes simplex ainda na infância – mas a doença pode se manifestar muitos anos depois, em períodos de estresse intenso ou baixa imunidade. “Em determinados casos, a criança é tratada de uma infecção moderada. O vírus invade os olhos e chega ao gânglio trigeminal, onde encontra condições ideais para se instalar e se tornar latente. Ao longo da vida, principalmente quando a pessoa passa por episódios traumáticos, esse vírus faz o caminho de volta para a córnea e se manifesta como herpes ocular. O tratamento imediato com medicamentos antivirais específicos ou antibióticos interrompe a multiplicação do vírus e impede que a doença continue destruindo as células epiteliais”.
Embora o estresse seja um gatilho importante para a manifestação da doença, o oftalmologista afirma que problemas de saúde bucal, queimaduras de sol, traumas e períodos pós-cirúrgicos também podem desencadear novos episódios de herpes ocular. “Mais da metade da população mundial já entrou em contato com esse vírus. O importante é que a doença seja devidamente diagnosticada e tratada, a fim de não se agravar. Em casos mais severos, o tratamento indicado é o transplante de córnea.”
Fonte: Dr. Renato Neves, cirurgião-oftalmologista, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos – www.eyecare.com.br
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