Especialista do Instituto de Hematologia e Oncologia Curitiba (IHOC/Grupo Oncoclínicas) esclarece algumas dúvidas sobre o uso da pílula e a sua relação com o surgimento de tumores
O uso do anticoncepcional é constantemente motivo de debates tanto nas rodas de conversas entre mulheres quanto nos estudos promovidos pela comunidade médica. Assim como rumores de trombose, ganho de peso e enxaqueca, o possível risco aumentado de surgimento de tumores malignos é um dos principais motivos de preocupação relacionados ao uso contínuo do medicamento. A exemplo disso, um estudo recente publicado no “The New England Journal of Medicine” levantou novas questões sobre a relação direta entre a contracepção hormonal e o câncer de mama. Os pesquisadores revelam que o uso do anticoncepcional produziu um caso extra de câncer de mama para cada 7.690 mulheres por ano, considerando que, cerca de 140 milhões usam o anticoncepcional em todo o mundo.
A Dra. Marina Bachmann Guimarães, oncologista do Instituto de Hematologia e Oncologia Curitiba (IHOC) – unidade paranaense do Grupo Oncoclínicas – avalia as informações disponíveis sobre a utilização de anticoncepcionais hormonais e a incidência de câncer na população. “Após análise desse recente estudo, reconhecemos que existe uma correlação entre o risco de câncer de mama e o uso de anticoncepcionais hormonais e que esse risco cresce com a idade, com o tempo de uso e com a formulação do hormônio utilizado. Os dados apresentados demonstram que os métodos contraceptivos modernos não estão completamente isentos de risco, embora possam reduzir a incidência de outros tipos de câncer. O seu uso deve ser individualizado, considerando os riscos e benefícios e deve ser reavaliado periodicamente pelo médico assistente à medida que as pacientes envelhecem”, considera.
Médicos do Grupo IHOC/Oncoclínicas esclarecem algumas dúvidas sobre o assunto:
Apenas a pílula anticoncepcional que aumenta o risco de câncer?
Mito. Todos os métodos contraceptivos que liberam hormônio foram associados ao aumento da probabilidade da doença. Nesse grupo estão a pílula, adesivos, anéis vaginais, dispositivo intrauterino (DIU) de hormônio, injeções e implantes. Independente da via de absorção do hormônio, o risco existe.
Se eu utilizar algum método contraceptivo hormonal com certeza vou ter câncer de mama?
Mito. A pesquisa demonstra que o método contraceptivo hormonal apenas aumenta a chance de desenvolver o câncer de mama comparado com as mulheres que não o utilizam. Vale ressaltar que embora exista essa chance para as mulheres, o risco ainda é relativamente baixo.
O tempo de uso influência no aumento das chances de desenvolver o câncer de mama?
Verdade. O tempo de uso do método contraceptivo está inteiramente relacionado às chances de desenvolver a doença. O estudo avaliou que as mulheres que utilizam métodos hormonais por até um ano aumentam em 9% o risco, contra as mulheres que utilizam por mais de dez anos, com um risco aumentado de cerca de 38%.
Devo suspender o medicamento para não desenvolver câncer de mama?
Mito. O estudo não muda a indicação, considerando que a contracepção hormonal diminui riscos de câncer no ovário, endométrio e intestino. Ele é um alerta para a comunidade médica sobre mais um fator de risco para o câncer de mama, assim como a obesidade e o sedentarismo. Uma pessoa que possui mais de um fator de risco, além de buscar uma vida mais saudável, deve discutir com o seu médico outras opções de contraceptivos.
Sobre o IHOC
O Instituto de Hematologia e Oncologia Curitiba (IHOC), fundado em 2000, é um centro de tratamento médico multidisciplinar, com foco no tratamento de pacientes com tumores e doenças hematológicas. A estrutura é preparada para procedimentos de alta complexidade. Desde o início de 2017, se uniu ao Grupo Oncoclínicas. Mais informações sobre o instituto podem ser conferidas no site www.ihoc.com.br.
Sobre o Grupo Oncoclínicas
Fundado em 2010, é o maior grupo especializado no tratamento do câncer na América Latina. Possui atuação em Oncologia, Radioterapia e Hematologia em 11 estados brasileiros. Atualmente, conta com 55 unidades entre clínicas e parcerias hospitalares, que oferecem tratamento individualizado, baseado na melhor prática clínica.