Fonoaudióloga do HNSG alerta sobre os cuidados que deve-se ter com a voz

Você já sentiu sua voz falhar depois de um dia intenso? Ou já teve dor na garganta após ter usado a voz por horas seguidas? Situações assim, que costumam se repetir, são alertas de que algo que está errado.

De acordo com a fonoaudióloga do Serviço de Fonoaudiologia do Hospital Nossa Senhora das Graças, Milena Aoki, qualquer dificuldade na produção da voz, como rouquidão, cansaço ao falar, voz fina grossa, fraca ou forte demais, que se prolongam por mais de 15 dias podem indicar um problema vocal. “Se sua voz ficou diferente nos últimos tempos, se melhora quando você fica alguns dias sem falar muito, e piora em situações em que a usa mais, é importante consultar um especialista”, afirma a fonoaudióloga.

O pigarro ocasional, segundo a especialista não faz mal, porém, se ocorrer de forma insistente pode ser sinal de algum problema de voz ou até indicar alergia, rinite ou sinusite. “Pigarrear corresponde a uma batida forte entre as “cordas vocais” e pode irritar ainda mais a laringe”, alerta.

Fumar e ingerir bebidas alcoólicas são outros vilões para a voz, e hábitos que devem ser deixados de lado. A fonoaudióloga destaca que ambos irritam os tecidos da laringe e aumentam a chance de um abuso vocal. “Além de prejudicar a voz o cigarro aumenta as chances do aparecimento de câncer de laringe e do pulmão. O fumante passivo também sofre as consequências negativas. Como o cigarro, o álcool também irrita os tecidos da laringe e o seu consumo em excesso diminui o controle da voz, e aumenta a chance de um abuso vocal”, explica Milena.

Para quem não fica sem o uso do ar-condicionado, esse também pode ser outro agravante para a voz. Algumas pessoas podem ser sensíveis à exposição prolongada, apresentando ressecamento e alteração na voz. “Se você trabalha em ambientes com ar- condicionado, tome pequenos goles de água ao longo do dia, para combater a secura. A hidratação contribui para o funcionamento das “cordas vocais”, reduzindo o esforço e aumentando o rendimento vocal”, diz a especialista.

Segundo a fonoaudióloga remédios caseiros para melhorar a voz geralmente não dão resultados e podem irritar ainda mais a garganta. “O mel pode ajudar como lubrificante e o própolis tem propriedades anti-inflamatórias, mas nenhum desses alimentos pode ser considerado tratamento para um problema de voz”, explica Milena. A relação dos alimentos sobre a voz é indireta, pois somente o ar passa pela laringe e pelas “cordas vocais”. A água também não passa pela laringe, mas a hidratação contribui para o funcionamento das “cordas vocais”, reduzindo o esforço e aumentando o rendimento vocal. Já a maçã possui propriedades adstringentes que ajudam na limpeza da boca e da faringe, melhorando a ressonância da voz; além disso, o movimento de mastigar a maçã deixa mais solta a musculatura responsável pela articulação das palavras. “Contudo, maçã não é tratamento para voz rouca”, afirma.

Para cuidar bem da voz, Milena recomenda alguns cuidados. “Procurar falar sem fazer força e abrir bem a boca para articular as palavras. Beber água regularmente e evitar gritar e falar muito em ambientes ruidosos competindo com o barulho também podem ajudar”, diz.

Anabolizante e seus efeitos na voz

É cada vez mais comum encontrar, principalmente nas academias, pessoas que utilizam e transformam o próprio corpo com os esteroides anabolizantes. Mas, além de modificar esteticamente o corpo, essas substâncias podem alterar a voz – e essa mudança pode ser definitiva.

De acordo com Milena há comprovação da relação entre os anabolizantes e a modificação vocal. Um dos sintomas mais frequentes com o uso de esteróide é a mudança no padrão vocal, tornando a voz mais grave. “Isso ocorre devido à ação dessas substâncias no aparelho de fonação, mais específicamente na região das pregas vocais, que ficam ‘inchadas'”, afirma a fonoaudióloga.

As cordas vocais são músculos que vibram, formando os sons da fala. Cada pessoa possui uma identidade vocal, ou seja, um registro característico de voz que o identifica. “O principal prejuízo com o uso de anabolizantes é a perda dessa referência”, alerta a especialista.

A fonoaudióloga afirma que quanto mais tempo o medicamento for utilizado, mais grave o timbre vai ficar. Para quem notou a mudança na voz, suspender o uso das substâncias é o primeiro e mais importante passo para evitar maiores danos. “O principal tratamento é interromper o uso dos esteróides, aliado a isso podem ser feitos tratamentos medicamentosos e terapia fonoaudiológica para diminuir o inchaço laríngeo”, comenta.

Segundo Milena, o diagnóstico é feito durante uma consulta com um médico otorrinolaringologista, que fará um exame chamado laringoscopia, bem como de uma avaliação fonoaudiológica da voz e o tratamento vai depender do resultado. Dependendo da quantidade e do período de utilização do anabolizante, é possível que a voz volte ao normal. “Se o uso for prolongado e contínuo a alteração pode ser permanente, mas na maior parte dos casos há retorno ao padrão vocal anterior”, diz. Outro passo importante para a recuperação da voz é a ingestão de líquidos e a prática de exercícios vocais específicos. “Indica-se ingerir no mínimo 2 litros de água por dia a fim de aumentar a hidratação da voz”, comenta Milena. Já os exercícios vocais devem ser monitorados por um profissional.

imprensa@hnsg.org.br

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