Há quem ainda diga que a mulher é o sexo frágil, mas não é bem isso que indica a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo IBGE com apoio do Ministério da Saúde. De acordo com o estudo, os homens são mais suscetíveis à problemas de audição do que as mulheres – em toda a população a proporção é de 1,2% no sexo masculino e 1,0% no sexo feminino. Isso acontece porque os hormônios femininos protegem a audição, fazendo com que o declínio auditivo se inicie mais tardiamente nas mulheres do que nos homens. Essa diferença entre os sexos só diminui quando as células auditivas começam a morrer naturalmente, por volta dos 50 anos. No entanto, isso não significa que elas podem descuidar da saúde auditiva. Cada vez mais as mulheres convivem com o barulho no cotidiano, principalmente as mais jovens.
“A poluição sonora é um dos principais vilões. O ouvido humano acostuma-se com frequências mais altas à medida que é exposto ao barulho. Por isso eu recomendo manter distância de ambientes barulhentos e ouvir música e assistir TV sempre em volumes abaixo de 85 decibéis”, alerta a fonoaudióloga Isabela Papera, da Telex Soluções Auditivas.
E a poluição sonora está em todos os lugares. Na música alta nas aulas da academia; no happy hour em bares; nas baladas dos fins de semana; no som nas alturas nos fones de ouvido para a corrida matinal ou até mesmo durante a ida ao trabalho de metrô. É aquela animada playlist que você coloca bem alta enquanto vai de um lugar para outro, todos os dias! O barulho presente nos diversos ambientes e situações de nosso cotidiano podem, sim, prejudicar a audição.
Oi? Hein? Hã?
Há ainda outras diferenças na audição entre os gêneros. As mulheres tendem a ouvir melhor os sons em frequências mais altas e até por isso elas tendem a prestar mais atenção a conversas paralelas. Porém, é preciso ficar atento ao volume das conversas. Já se sabe que uma pessoa alcança em média 70 decibéis falando alto. Se para se comunicar com alguém em um ambiente for necessário muito esforço na fala, existe um forte indício de que é melhor sair de cena e procurar um lugar mais silencioso.
Um outro estudo, este realizado em uma clínica de audição em Massachusetts (EUA), mostrou que as mulheres também se sentem mais à vontade para falar de sua perda auditiva, enquanto os homens preferem esconder essa perda, mesmo que isso prejudique a sua comunicação. Comprovando essa resistência, outra pesquisa na Islândia mostrou que homens idosos com perda auditiva e visual têm grande risco de morrer em um período de cinco anos, caso não usem aparelho auditivo.
“Acima dos 50 anos é recomendado que tanto homens quanto mulheres consultem um otorrinolaringologista anualmente. O médico irá checar se está tudo bem com a audição e pode recomendar uma audiometria, exame que avalia o grau de perda auditiva. A partir daí, será identificado o melhor tipo de tratamento, que pode ser com o uso de aparelhos auditivos”, explica a Fonoaudióloga da Telex.
Genética x perda auditiva
A perda de audição também é influenciada pela genética. Há indivíduos que são geneticamente predispostos a serem mais sensíveis aos sons elevados. Seja o seu caso ou não, algumas atitudes fazem toda diferença quando o assunto é a saúde dos ouvidos. Usar protetores auriculares em ambientes barulhentos é essencial.
Os protetores auriculares podem garantir um bom conforto acústico para quem precisa estar próximo a maquinários ou em lugares barulhentos como estações de trem e metrô. “Muitas pessoas recorrem à música em seus smartphones em volumes cada vez mais altos quando estão nesses lugares para evitar o ruído, mas para os ouvidos, a música alta também é prejudicial. Ao invés dos tradicionais fones, o ideal é o uso dos protetores auriculares que diminuem o som ambiente. E eles podem ser encontrados em diversas cores e formatos para não atrapalhar o look“, recomenda Isabela.
E para termos uma noção dos danos causados à audição pelos ruídos do cotidiano, já é possível baixar aplicativos que registram os decibéis do ambiente. “Os efeitos da exposição prolongada a sons altos podem demorar para aparecer, já que a deficiência auditiva atinge estágios cada vez maiores ao longo da vida; por isso é importante se cuidar desde cedo para evitar problemas futuros de perda de audição”, finaliza Isabela Papera.
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