Sintomas atípicos como suor excessivo e azia podem indicar infarto

Quando se trata de doenças do coração, a falta de informação pode ser fatal. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, a cada dois minutos morre uma pessoa devido a uma enfermidade cardiovascular. Entretanto, pouca gente sabe reconhecer os sintomas do infarto. Apenas 2% dos brasileiros que já sofreram desse problema sabem reconhecer os seus sintomas.

O principal sinal do infarto é a dor aguda no peito. Mas ele também pode se manifestar por meio de outros sintomas atípicos e igualmente importantes como fadiga, azia, suor excessivo, dores nas costas e no pescoço, indigestão e sensação de obstrução na garganta. Ou seja, além da sensação de que algo aperta o coração, a pessoa que está enfartando pode sentir dores e desconforto em toda a região torácica.

“Isso acontece porque os órgãos e tecidos do corpo são interligados e interdependentes. O músculo cardíaco não funciona sozinho, ele precisa de uma boa oxigenação promovida pelos pulmões, da pressão sanguínea (ou bombeamento de sangue) eficiente e constante. Além de um sistema circulatório sadio, livre de placas de gordura ou coágulos que impeçam a chegada do sangue e do oxigênio aos diversos órgãos”, esclarece Dr. Leopoldo Piegas, cardiologista e coordenador do programa de Infarto Agudo do Miocárdio do HCor – Hospital do Coração.

O infarto agudo do miocárdio é a morte das células do coração por falta de oxigenação adequada. “Para que o coração funcione, é preciso que as artérias coronárias levem o oxigênio até o músculo cardíaco. Quando uma dessas artérias está obstruída, esse fornecimento é interrompido. Se nada for feito para frear essa obstrução, as células cardíacas morrem”, explica Dr. Piegas.

De acordo com o especialista, os sintomas do infarto são agudos. “Dependendo de qual artéria estiver obstruída, o paciente pode apresentar um conjunto de sintomas diferentes. A dor de infarto costuma durar poucos minutos e pode vir acompanhada de palidez, mal-estar e dificuldade para respirar”, explica.

Sinais de alerta: os sintomas atípicos são mais comuns em três grupos de pacientes: nos idosos, em diabéticos e nas mulheres. Neles, o sintoma “dor” deve ser olhado com mais atenção. O quadro clássico de dor no peito, que irradia para o braço esquerdo, é muito comum até os 60 anos, mas 50% dos idosos, diabéticos e mulheres podem apresentar sintomas menos comuns.

“Isto faz com que o paciente leve mais tempo para pensar que tem um problema cardíaco e demora mais para procurar ajuda. O ideal é não esperar sentir dor para procurar atendimento. No cenário ideal, todos deveriam procurar saber se têm fatores de riscos e se cuidar para prevenir algo mais grave”, comenta o cardiologista.

Quando procurar ajuda em casos de sintomas atípicos? Diabéticos, em especial, podem sofrer diminuição da sensibilidade à dor. Idosos e mulheres podem atribuir as dores a outras causas não cardíacas. Qualquer pessoa que tenha antecedente familiar, com doenças cardíacas, entra no grupo de risco dos que não devem menosprezar, mesmo os sintomas mais leves e aparentemente insignificantes. É por isso que é tão importante estar atento a qualquer sinal que o corpo manda.

“Se você não se enquadra em nenhum dos casos anteriores, também deve ficar alerta se ocorrer, por exemplo, azia ou queimação com vômitos e náuseas persistentes ou falta de ar súbita e limitante, pois esses sintomas devem ser avaliados por um médico. Nos casos de infarto, que não são atendidos adequadamente, podem ocorrer complicações graves e até óbitos que, com abordagem precoce, certamente seriam evitados”, finaliza Dr. Piegas.

rita@targetsp.com.br

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