Suicídio de estudantes é um alerta, mas não configura surpresa

É quarta maior causa de morte  de jovens entre 15 e 29 anos no país 

Os recentes casos de suicídios de estudantes de colégios particulares de São Paulo (três neste ano e um em 2017) não chegam a surpreender especialistas em educação e saúde mental.

Dados do primeiro boletim epidemiológico sobre suicídio, divulgado em 2017 pelo Ministério da Saúde, informam que o suicídio se constituiu na quarta maior causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos no Brasil. Ainda, segundo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgados no final de fevereiro, 9,3% dos brasileiros sofrem de algum transtorno de ansiedade.

Luciano Passianotto, especialista nas áreas de depressão, dependências e terapia de casal, afirma que a ansiedade, depressão ou qualquer outra doença psicológica prejudica o cotidiano das pessoas, e precisa de tratamento adequado por causar consequências graves.

“As doenças psicológicas são uma das maiores causas de afastamento do trabalho, são responsáveis pelo aumento no risco de suicídios e ainda são vistas com preconceito, principalmente por aqueles que não as compreendem”, completa.

A ansiedade é uma reação natural do organismo humano, que busca adaptar a sensação para uma situação de estresse, como uma luta ou fuga. O problema aparece quando ela se torna patológica, ou seja, quando o corpo reage dessa maneira mesmo sem algum estímulo ou reage de forma descompensada e desproporcional.

Também é importante ressaltar que a ansiedade pode atingir todas as idades, desde crianças a idosos. Por isso é necessário a adaptação de técnicas de tratamento de acordo com a idade do paciente.

“É fundamental entender as diferenças nos seus sintomas e desenvolver diagnósticos e tratamentos mais eficazes e específicos para cada fase da vida”, aconselha Luciano.

Condições como o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), transtorno de ansiedade generalizada e fobias, incluindo fobia social e síndrome do pânico, têm as mesmas origens do transtorno de ansiedade, porém Luciano Passianotto explica que cada um é associado a questões ou situações específicas e apresenta sintomas diferentes.

Uma maneira de tratar a ansiedade é a psicoterapia. Durante as sessões é possível identificar a origem e os gatilhos das situações que geram ansiedade, o que permite estabelecer estratégias para que o paciente aprenda a lidar melhor com a doença. Já os medicamentos, como antidepressivos e ansiolíticos, são ministrados para tratar os sintomas gerados pelo transtorno. Por isso, o tratamento com melhores resultados engloba ambos os lados, tratando as causas e sintomas.

“Embora mais prático, as pessoas não podem acreditar que serão curadas tratando somente os sintomas”, adverte.

Em uma sociedade conturbada, o estresse dos grandes centros urbanos, a situação econômica e política brasileira e cobranças diárias podem causar a ansiedade, que também atinge o ambiente escolar e vida acadêmica. Por isso, deve-se oferecer mais atenção ao tema para que seja possível evitar mais fatalidades.

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