HOME Vida e Saúde Descoberta recente abre novas perspectivas para mulheres com síndrome do ovário policístico...

Descoberta recente abre novas perspectivas para mulheres com síndrome do ovário policístico que desejam engravidar

Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisa Médica e de Saúde, na França, acabam de divulgar que a síndrome do ovário policístico, uma importante causa de infertilidade feminina no mundo, é consequência de uma exposição excessiva do útero ao hormônio anti-Mülleriano durante a gestação. A descoberta explica a incidência do distúrbio numa mesma família e promete ampliar o horizonte de tratamentos para as mulheres nessa condição.

No Brasil, todos os anos, são diagnosticados cerca de dois milhões de casos e a estimativa é de que três quartos dessas mulheres lutam para poder engravidar. Os tratamentos para infertilidade decorrentes dos ovários policísticos estão disponíveis, mas os resultados ainda são inferiores a 30%. “Até então havia a compreensão de que os ovários policísticos envolviam fatores genéticos e ambientais, mas agora sabemos como e quando isso acontece. Essa descoberta nos ajudará, num futuro próximo, a aumentar a eficácia dos tratamentos existentes e o surgimento de novas possibilidades terapêuticas”, analisa Maurício Abrão, referência internacional em tratamento da infertilidade feminina e coordenador do Serviço de Saúde da Mulher da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

O estudo que deu origem à descoberta constatou que as mulheres com síndrome de ovários policísticos que conseguiram engravidar apresentaram níveis do hormônio anti-Mülleriano (HAM) até 30% acima do normal. Como a síndrome está geralmente presente em mães e filhas, os pesquisadores trabalharam com a hipótese de que o desequilíbrio hormonal na gravidez levaria essas filhas à mesma situação.

Essa ideia foi comprovada por meio de um experimento com camundongos prenhes, que receberam uma dose excessiva do hormônio anti-Mülleriano e cujos filhotes fêmeas desenvolveram características da síndrome do ovário policístico como puberdade atrasada, baixa ovulação, dificuldades de engravidar e número reduzido de filhos. “Tudo indica que o excesso do hormônio anti-Mülleriano ativa um conjunto de células cerebrais que aumentam a produção de testosterona e, consequentemente, causam os cistos no ovário, ciclos menstruais irregulares e outras questões que inviabilizam a gravidez”, esclarece o especialista.

Um novo olhar para a síndrome

O coordenador do Serviço de Saúde da Mulher antecipa que, em breve, medicamentos começarão a ser testados para controlar os níveis desse hormônio e da testosterona como estratégia para restaurar a ovulação. “Ainda serão necessários ensaios clínicos, testes e pesquisas complementares, mas é uma descoberta que, sem dúvida, muda o olhar dos estudiosos e especialistas sobre a síndrome e nos deixa otimistas”, conclui Maurício Abrão.

 rogerio.ramalho@mslgroup.com

Sair da versão mobile