Dificuldade para manter atividades do dia a dia e, até mesmo, para trabalhar e estudar. Compromissos frequentemente cancelados. Mudanças importantes nos hábitos alimentares. Uma rotina marcada por dor, incômodos, dúvidas e, não raro, por um longo caminho até o diagnóstico. Esta é a rotina de quem sofre da doença de Crohn. A enfermidade é lembrada em 19 de maio, Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal.
A doença de Crohn é uma condição inflamatória crônica que pode acometer qualquer parte do intestino. De repente, o paciente, na maioria das vezes ainda jovem, começa a perder peso, a ter febre, a sentir dores abdominais e a ter diarreias constantes – em alguns casos, por mais de 20 vezes ao dia. Como os sintomas não são específicos, é comum a dificuldade de detectar a doença. Dados de pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD) dão conta de que, para mais da metade dos pacientes ouvidos, esse tempo foi superior a um ano. Em 12% dos casos, foram mais de cinco anos até o diagnóstico final.
Comprometimento da qualidade de vida
E a demora do diagnóstico leva a piora da qualidade de vida de quem sofre com a doença. Segundo o mesmo levantamento, 80% dos pacientes entrevistados afirmaram que a vida sofre impactos negativos por conta dos sintomas da Doença Inflamatória Intestinal, que engloba um grupo de enfermidades, sendo a mais incidente (54%) a Doença de Crohn[i].
“É essencial que o diagnóstico seja realizado rapidamente para que a enfermidade seja tratada da maneira adequada. Dessa forma, é possível iniciar a terapia mais indicada para cada paciente, reestabelecendo, assim, sua qualidade de vida”, explica Flavio Steinwurz, gastroenterologista do Hospital Israelita Albert Einstein. As opções para controlar a enfermidade vão desde analgésicos e anti-inflamatórios até a nova geração dos medicamentos biológicos, que conseguem atacar a doença em um ponto diferente dos demais medicamentos.
Tão fundamental quanto o diagnóstico precoce é a ampliação do arsenal terapêutico. “A doença de Crohn é uma condição complexa e nem todas as terapias funcionam para todos os pacientes. Daí a importância da chegada de novas opções para ampliar as alternativas de tratamento para cada perfil de paciente”, esclarece o especialista.
Historicamente, os pacientes com doença de Crohn eram tratados apenas com imunomuladores e corticoides. Essa linha de tratamento atuava na melhora dos sintomas, porém não agia diretamente na causa da inflamação. Com a chegada do biológico infliximabe, houve uma mudança na maneira de tratar a enfermidade, pois passou a atuar na cicatrização da mucosa, resultando no controle da doença.
Entre os mais recentes lançamentos no Brasil, há medicamentos biológicos com mecanismo de ação inovador, capazes de aliviar os sintomas de maneira rápida e manter o controle da doença de Crohn por um período de tempo prolongado, com segurança comparada ao placebo[ii], e com comodidade na aplicação. No caso da terapia com ustequinumabe, aprovado pela ANVISA no Brasil para a doença de Crohn em setembro de 2017, o estudo UNITI-2 [iii] avaliou que 56% dos pacientes atingiram resposta clínica em apenas seis semanas após receberem uma única infusão intravenosa do medicamento. Além disso, a maioria dos pacientes estava em remissão após um ano de tratamento.
Todos esses medicamentos são de prescrição médica e apenas o médico pode avaliar a melhor opção terapêutica para cada paciente.
No Brasil
Embora não haja um amplo estudo epidemiológico para o Brasil, o levantamento da ABCD, entidade responsável por promover a difusão das informações a fim de ampliar o acesso ao tratamento e a melhoria na qualidade de vida dos pacientes, constatou que os pacientes com doença de Crohn representam 54% das pessoas afetadas por doença inflamatória intestinal (DII) no país. As causas da doença não estão completamente compreendidas. Fatores genéticos e ambientais podem estar associados ao desenvolvimento da enfermidade, entre eles, a hipótese de que a falta de exposição a infecções na infância ou a condições de higiene afetariam o desenvolvimento do repertório imunológico.
Um longo e impactante caminho
- Mais de 80% têm sua vida negativamente impactada por conta dos sintomas da DII
- 41% levaram mais de 12 meses para receber o diagnóstico final
- Em alguns casos (12%), a demora ultrapassou os cinco anos
O que é um biológico?
Medicamentos biológicos ou biofármacos são produzidos em sistemas vivos por meio de processos biotecnológicos. Atualmente, é possível produzir medicamentos biológicos altamente específicos. Estes produtos passaram a oferecer soluções inovadoras para muitas doenças até então não tratadas pelas terapias sintéticas.
A nova geração
Os biológicos chamados de anticorpos monoclonais funcionam como mísseis teleguiados que localizam a substância contra a qual foram produzidos de forma muito precisa e específica. Desta forma, obtêm melhores resultados ao bloquear os agentes que causam os sintomas da doença.
Para saber mais acesse: www.janssen.com.
[i] Jornada do Paciente. Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn. Disponível em https://abcd.org.br/jornada/. Acesso em 27/02/2018.
[ii] Feagan BG, Sandborn WJ, Gasink C, et al. Ustekinumab as induction and maintenance therapy for Crohn’s disease. N Eng J Med. 2016;375(20):1946-1960. PMID: 27959607.
[iii] Sandborn W, Rutgeerts P, Gasink C et al. Long term efficacy and safety of ustekinumab for Crohn’s disease: Results from IM-UNITI Long-Term Extension through 2 years. Annual Congress of the European Crohn’s and Colitis Organisation (ECCO 2017); 15-18 February, 2017; Barcelona, Spain; Abstract A-1285.
(juliana.vieira