O Dia Mundial de Higienização das mãos foi criado para lembrar que a higiene correta das mãos deve se tornar um hábito. Embora pareça simples, a lavagem das mãos ainda costuma ser ignorada no dia a dia, tanto por pessoas comuns como por profissionais de saúde.
A prática é tão importante que foi adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma bandeira de combate à infecção hospitalar. Devido ao alto potencial de propagação de doenças virais e bacterianas, em que as mãos são as principais vias de transmissão, placas com lembretes para a higienização das mãos nas proximidades de banheiros e pias é lei desde 2014 na cidade de São Paulo.
Segundo a OMS, lavar as mãos significa reduzir em aproximadamente 40% doenças como gripe, conjuntivite e outras viroses[1]. A recomendação de especialistas é fazer a higienização com água e sabão, além de, sempre que possível, carregar álcool em gel para se precaver quando não houver outros meios à disposição. “A higiene das mãos, com água e sabão ou com álcool gel é uma medida que deve ser utilizada”, afirma Dr. Evaldo Stanislau Affonso de Araújo, médico da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas e Responsável pelo Programa deStewardship da Fundação São Francisco Xavier.
Resistência Bacteriana em Hospitais
A higienização correta das mãos é fundamental para prevenir que bactérias multirresistentes se espalhem em ambientes hospitalares. Dados da Organização Pan-Americana da Saúde revelam que, mundialmente, as infecções relacionadas à assistência à saúde afetam centenas de milhões de pessoas e têm um impacto econômico significativo nos pacientes e sistemas de saúde em todo o mundo. Em países desenvolvidos, representam de 5% a 10% das internações em hospitais de cuidados agudos. Nos países em desenvolvimento, o risco é de duas a 20 vezes superior e a proporção de pacientes com esse tipo de infecção pode exceder 25%.[2]
Uma das consequências da má higienização das mãos, é questão das bactérias multirresistentes, que vêm ganhando notoriedade nos últimos anos. A OMS declarou que até 2050, caso nada seja feito, tais bactérias poderão matar anualmente 10 milhões de pessoas no mundo, número maior que a mortalidade por câncer, que até lá, atingirá cerca de 8,2 milhões de pessoas ao ano.[3]
No Brasil, de acordo com dados da Anvisa, cerca de 25% das infecções registradas são causadas por micro-organismos multirresistentes[1] – aqueles que se tornam imunes à ação dos antibióticos.
“A higienização das mãos é uma prática tradicional e, isoladamente, é o fator mais importante na prevenção das infecções. Por mais que tenhamos tecnologia e antibióticos potentes, nada vai impedir que uma bactéria passe de um paciente para outro se não fizermos a higienização correta das mãos”, enfatiza o Dr. Evaldo Stanislau.
No país, já existem algumas iniciativas que visam conter a proliferação das superbactérias, entre elas, o Antimicrobial Stewardship Program (AMS na sigla em inglês), que tem como objetivo conscientizar profissionais de saúde e a população em geral sobre o uso racional de antibióticos, dado que o uso indiscriminado é uma das razões pelas quais as bactérias acabam criando resistência aos tratamentos. Porém o Dr. Evaldo é enfático: “Todo o esforço de se implantar políticas de Stewardship, diagnóstico rápido, de investimento tecnológico é perdido se não fizermos o básico que é higienizar corretamente as mãos”, conclui o médico.
Sobre o Projeto Antimicrobial Stewardship (AMS)
A iniciativa tem como objetivo conscientizar profissionais de saúde e a população em geral sobre o uso racional de antibióticos, dado que o uso indiscriminado, ou então, sem critério desse tipo de medicamento acaba criando resistência ao tratamento.
No Brasil, a farmacêutica americana MSD tem reunido esforços para promover o programa, levando o conceito a hospitais e clínicas médicas – tanto no sistema público quanto no privado. A ideia é munir médicos e gestores de saúde com informações a respeito da importância de mapear a resistência bacteriana presente no ambiente hospitalar para, assim, definir o melhor antibiótico para cada situação, diminuindo as chances de resistência e proliferação das chamadas superbactérias.
Além da compreensão da importância desses dados para os hospitais, a farmacêutica também auxilia na implementação da iniciativa em cada um dos ambientes, após identificar as necessidades de cada um deles. Entre 2014 e 2016, o projeto AMS foi implementado em 110 hospitais ao redor do país. O Hospital do Coração (HCor), em São Paulo, foi um dos pioneiros na implementação deste projeto em hospitais privados. Até o final de 2017, cerca de 250 instituições foram impactadas.
Para mais informações, acesse www.msdonline.com.br.
priscilla.oliveira