Vacinação contra gripe pode reduzir gastos com saúde em até R$1,8 bilhão[i]

A implementação da campanha pública de vacinação utilizando-se a vacina quadrivalente contra gripe – ou seja, com vacina que protege contra quatro tipos do vírus e não três, como é feita atualmente – na população pediátrica reduziria os gastos da sociedade no tratamento da influenza em até R$1,8 bilhão, evitaria até 2,1 milhões de casos e 6,1 mil mortesi. É o que mostra um estudo de impacto em saúde pública e análise econômica realizado em parceria com o Prof. Dr. Expedito Luna (Universidade de São Paulo – USP), e Prof. Dr. Pascal Crepey (Université Pierre et Marie Curie e Global Influenza Initiative), pela Sanofi Pasteur, a divisão de vacinas da Sanofi. O material foi apresentado no ESPID – Congresso internacional da Sociedade Europeia de Doenças Infectopediátricas.

A análise considera dados demográficos e epidemiológicos de casos e mortes, além dos registros de custos com a doença e o valor da vacina a ser adotada. Com base em tais números e utilizando um modelo matemático, experts projetaram uma tendência para os próximos anos e avaliaram o impacto da influenza na saúde e economia do país.  Trata-se de um estudo comum para avaliar a custo-efetividade da adoção de novas tecnologias no âmbito estadual ou nacional.

O material mostrou que a substituição da vacina trivalente pela quadrivalente na população pediátrica de seis meses a quatro anos completos reduziria de 1,1 milhão a 2,1 milhões de casos, e 3,3 mil a 6,1 mil mortes nos próximos dez anosi. “Esse tipo de avalição requer uma visão de longo prazo. As estimativas analisam os efeitos da vacinação com o passar do tempo, por isso é necessário fazer as projeções ao longo de anos. Como consideramos cenários comuns versus cenários de alta incidência, há sempre uma variante nos resultados”, explica Expedito Luna, um dos autores do estudo.

Em termos de impacto financeiro, sob a perspectiva da sociedade brasileira seriam economizados entre R$ 1 bilhão a R$ 1,8 bilhão no mesmo períodoi. Além disso, a adoção do imunizante que protege contra quatro tipos de vírus influenza evitaria 374 mil a 705 mil consultas médicas e 21 mil a 39 mil hospitalizaçõesi, diminuindo filas e liberando leitos para demais doenças que não são preveníveis por vacinação.

A diferença entre os dois tipos de vacina – trivalente e quadrivalente

Atualmente o Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde realiza uma campanha de vacinação pública contra gripe que utiliza a vacina trivalente. O produto imuniza contra três tipos do vírus influenza. Já a vacina quadrivalente oferece uma proteção ampliada, imunizando contra quatro tipos do vírus. A definição dos vírus que farão parte da vacina é feita a partir de uma indicação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A circulação dos vírus da gripe pode mudar a cada ano. Por isso, duas vezes ao ano, a OMS atualiza as recomendações sobre a composição da vacina contra os quatro tipos mais representativos em circulação. Para a temporada 2018, a vacina trivalente será composta por três desses vírus, dois subtipos do vírus tipo A e um do tipo B, e a vacina quadrivalente (tetravalente) agregará proteção contra um vírus tipo B adicional, com o objetivo de proporcionar maior proteção contra as infecções por este tipo de vírus.

Segundo a indicação da OMS, as cepas que compõe as vacinas para a temporada de Influenza para o Hemisfério Sul em 2018 são:

Vacina trivalente

– A/Michigan/45/2015 (H1N1)

– A/Singapore/INFIMH-16-0019/2016 (H3N2)

– B/Phuket/3073/2013 (Yamagata)

Vacina quadrivalente

– A/Michigan/45/2015 (H1N1)

– A/Singapore/INFIMH-16-0019/2016 (H3N2)

– B/Phuket/3073/2013 (Yamagata)

– B/Brisbane/60/2008 (Victoria)

(nathalia.angelis@ketchum.com.br)