Grandes variações de temperatura e baixa umidade do ar, situações frequentes no outono e também no inverno, fazem com que a incidência de doenças respiratórias em cães aumente nesta época do ano.
Por isso, é importante manter os pets aquecidos e abrigados, especialmente nos dias mais frios, como sugere o médico-veterinário Rodrigo Mainardi, presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP). “É interessante manter os animais em áreas cobertas e longe de corredores de vento, para tentar amenizar as mudanças bruscas de temperatura.”
Deixar os cães em lugares fechados, onde não há circulação de ar, ou em locais com grande concentração de animais, como creches, canis e abrigos, também favorece a transmissão de viroses, explica a médica-veterinária Rosangela Gebara, membro da Comissão Técnica do Bem-Estar Animal do CRMV-SP.
“Quase todos os cães são suscetíveis à infecção da gripe canina e a doença tende a se espalhar mais facilmente entre os animais que ficam alojados em um mesmo local” observa a médica-veterinária.
Há dois tipos do vírus Influenza A que causam gripe em cães – o H3N8 e o H3N2. “Esses vírus causam a doença em cães, mas não em seres humanos” enfatiza Rosangela. A gripe canina pode ser transmitida por meio de tosse e espirros de cães infectados e também por cães não infectados que entraram em contato com objetos contaminados.
Sintomas
O médico-veterinário Rodrigo Mainardi explica que, como na gripe humana, coriza, tosse seca e apatia são os primeiros sintomas observados nos animais gripados. Mas eles também podem apresentar espirros, febre e falta de apetite. “Como muitas doenças graves nos cães também são virais e possuem esses mesmos sinais, assim que o tutor perceber os sintomas é recomendável a visita ao médico-veterinário”, orienta.
Rosangela Gebara ressalta que a maioria dos cães melhora após duas ou três semanas. “Dependendo da gravidade dos sintomas e do status imunitário do animal, ou seja, se for um animal muito jovem, idoso, com a imunidade baixa ou com alguma outra doença concomitante, a gripe pode piorar”, diz. Nesse caso, o animal pode ter uma infecção bacteriana secundária e desenvolver uma pneumonia, que pode se agravar e levar o animal à morte se não for tratada.
Cuidados
Se o cão estiver com gripe é importante mantê-lo bem hidratado, disponibilizando água fresca em diversos pontos da casa. A médica-veterinária Rosangela Gebara também recomenda reforçar a alimentação. “Animais gripados necessitam de um maior aporte calórico para enfrentar a infecção, portanto devemos oferecer alimentos mais palatáveis e em maior frequência e quantidade.”
Também é importante evitar ao máximo dar banhos no animal doente. Se for realmente necessário, o mais indicado é dar banhos rápidos, com água morna, lembrando de secar bem o pelo do animal.
Quanto aos passeios, deve-se seguir a rotina do animal, evitando, no entanto, exercícios muito intensos, passeios na chuva ou nas horas do dia em que a temperatura esteja muito baixa. “Os passeios diários, seguindo o ritmo do cão, são benéficos e não devem ser cortados, só se for por recomendação médica-veterinária” diz Rosangela.
Para o médico-veterinário Rodrigo Mainardi, os cuidados variam de animal para animal, por isso é importante que o tutor siga as orientações do profissional que acompanha o pet.
“Em alguns casos o médico-veterinário pode prescrever antiinflamatórios e/ou xaropes com anti-histamínicos para melhorar os sintomas da tosse e coriza” esclarece Rosangela.
Roupas, assim como caminhas, casinhas, potes de água e de comida não devem ser compartilhados com outros animais enquanto o cão estiver doente. “Como em toda gripe, a transmissão é fácil e rápida, portanto o isolamento do animal também é recomendado” complementa Mainardi.
Prevenção
Existem vacinas que protegem contra o vírus da parainfluenza canina. Essas vacinas devem ser aplicadas, de forma preventiva, em filhotes a partir das oito semanas de vida e repetidas anualmente, seguindo sempre a recomendação do fabricante e do médico-veterinário. Geralmente são vacinas de aplicação intranasal e que protegem também contra Adenovírus Canino Tipo 2 e Bordetella bronchiseptica, uma bactéria que pode causar bronquite.
“As vacinas só devem ser aplicadas por um médico-veterinário e somente em animais saudáveis. Não se deve vacinar animais enfermos, subnutridos, parasitados ou sob condições de estresse”, alerta a médica-veterinária Rosangela Gebara.
Outras medidas podem contribuir para evitar que o animal fique gripado:
• evitar passeios em dias muito frios;
• não deixar o cão dormir ao relento, protegendo-o de correntes de ar e intempéries;
• colocar cobertores nas casinhas e roupas para mantê-los aquecidos nos dias frios. Os tutores devem priorizar o uso de roupinhas confortáveis e que não restrinjam a movimentação do animal;
• manter o cão bem hidratado;
• oferecer uma quantidade maior de alimentos e que sejam mais agradáveis ao paladar, a fim de manter a imunidade do animal.
Sobre o CRMV-SP
O CRMV-SP tem como missão promover a Medicina Veterinária e a Zootecnia, por meio da orientação, normatização e fiscalização do exercício profissional em prol da saúde pública, animal e ambiental, zelando pela ética. É o órgão de fiscalização do exercício profissional dos médicos-veterinários e zootecnistas do Estado de São Paulo, com mais de 34 mil profissionais ativos. Além disso, assessora os governos da União, Estados e Municípios nos assuntos relacionados com as profissões por ele representadas.
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