Ressaca e dores de cabeça são sintomas comuns no dia seguinte após uma bebedeira. Mas se engana quem acha que estes são os únicos problemas relacionados ao consumo excessivo de álcool. De acordo com um estudo publicado no Journal of the American Academy of Dermatology, revista médica da Academia Americana de Dermatologia (AAD), o aumento do consumo de álcool está associado a um maior risco do surgimento de rosácea em mulheres. “A rosácea é uma doença de pele inflamatória e crônica que atinge cerca de 10% da população mundial. Muito comum principalmente em mulheres de pele clara e idade entre 30 e 50 anos, a doença tem causa desconhecida e, geralmente, é caracterizada por uma pele sensível e ressecada, com o surgimento de áreas vermelhas na face e o aumento de vasos sanguíneos e de pápulas ou pústulas nessas regiões avermelhadas”, explica a dermatologista Dra. Thais Pepe, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia.
Para este estudo, os pesquisadores utilizaram dados coletados de cerca de 82 mil mulheres, onde, num período de 14 anos, aproximadamente 5 mil destas pacientes tiveram casos de rosácea. Analisando estes dados, os pesquisadores descobriram que as mulheres que bebiam álcool tinham maior propensão a desenvolver rosácea, risco este que aumentava à medida que o consumo de álcool também aumentava. “Embora ainda sejam necessárias mais pesquisas para determinar exatamente a relação entre o consumo de álcool e o surgimento de rosácea, os autores do estudo acreditam que o enfraquecimento do sistema imunológico, a vasodilatação e os efeitos pró-inflamatórios causados pelo álcool contribuem para o desenvolvimento da vermelhidão e rubor característicos da doença”, afirma a especialista.
A pesquisa ainda foi além ao examinar a relação entre o surgimento da rosácea e tipos específicos de álcool. Com isso, os pesquisadores descobriram que o vinho branco e o licor estão significativamente associados a um maior risco de desenvolvimento da doença. Isso porque estas bebidas possuem altas concentrações de álcool sem os flavonoides e substâncias anti-inflamatórias encontradas do vinho tinto, que, por sua vez, não está associado ao desenvolvimento inicial da condição, mas pode servir como um gatilho para o aparecimento de vermelhidão e rubor em pessoas que já sofrem com a doença.
E este é apenas um dos efeitos nocivos do consumo de álcool para o corpo e para a pele. Segundo a Dra. Thais Pepe, o álcool ainda está associado a uma variedade de doenças da pele, como psoríase e acne, além de afetar a hidratação do tecido, diminuindo o viço e colaborando para o ressecamento e a descamação. “O álcool também estimula a produção de radicais livres, que, em contato com as células, danificam a sua estrutura, causando envelhecimento precoce e flacidez”, completa. “Por isso, caso você esteja preocupada com a saúde de sua pele, é importante que você consulte um dermatologista para receber o diagnóstico e os tratamentos adequados.”
Fonte: Dra. Thais Pepe – Dermatologista especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, membro da Sociedade de Cirurgia Dermatológica e da Academia Americana de Dermatologia. Diretora técnica da clínica Thais Pepe, tem publicações em revistas científicas e livros, além de ser palestrante nos principais Congressos de Dermatologia.
Estudo: https://www.jaad.org/article/
(maria.claudia