Turbulências do 1º semestre reduzem otimismo do empresário do comércio

Os empresários paranaenses estão menos otimistas em relação a este 2º semestre do ano. De acordo com a Pesquisa de Opinião do Empresário do Comércio, Serviços e Turismo, elaborada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR), 51,8% dos empreendedores do estado declaram ter boas expectativas para o período. O resultado interrompe a elevação gradual da confiança do empresariado registrada a partir do 2º semestre de 2016.

Na edição anterior da pesquisa, referente ao 1º semestre de 2018, 59% dos entrevistados projetavam aumento no faturamento, enquanto no 2º semestre de 2017 esse percentual era de 58%.

A redução no otimismo deve-se em grande parte às instabilidades da economia e da política, que afetam diretamente a sensação de segurança dos gestores de empresas. O clima pré-eleições, a oscilação cambial e a paralisação dos caminhoneiros, que ocasionou o aumento no preço do frete e alta nos preços de diversas mercadorias, desmotivaram a classe empresarial.

A parcela de empresários com expectativa desfavorável aumentou em relação ao começo do ano, passando de 12% para 20,6% neste semestre. Outros 17,7% dos empresários ouvidos pela Fecomércio PR ainda não sabem o que esperar sobre o restante deste ano. Essa opção de resposta demonstra a insegurança dos gestores com relação ao futuro. Na pesquisa anterior o índice de projeções indefinidas foi de 25%. Os mais comedidos, que acreditam que tudo permanecerá da mesma forma, são 9,9%.

A pesquisa da Fecomércio PR mostra ainda que o empresariado está cauteloso com relação à retomada da economia brasileira. A recuperação é plausível para 45,9% dos entrevistados, mas não antes de dois ou três anos de decisões assertivas na esfera política. Para 26,6% a situação do país só deve melhorar a longo prazo (acima de cinco anos). Os mais esperançosos, que acreditam em uma reviravolta positiva em menos de um ano, somam 12,7%. Outra parcela (9,8%) acredita na retomada em médio prazo (três anos).

Dados regionais

Das seis regiões pesquisadas, a Oeste possui o maior índice de otimismo. Isso porque a região tem apresentado o maior volume de vendas do estado e até maio acumula alta de 19,78% segundo a Pesquisa Conjuntural da Fecomércio PR.

A segunda região mais confiante é Maringá, com 62%, seguida pelo Sudoeste (55,6%), Londrina (51,4%), Curitiba (48,7%) e Ponta Grossa (44%).

Comércio X Serviços X Turismo

Dos três ramos representados pela Fecomércio PR, os empresários do turismo são os mais confiantes, com 53,3%. Já entre os empresários do comércio, 50,7% possuem expectativa de ampliar o faturamento neste semestre e entre os prestadores de serviços, 48,8% estão otimistas. Na edição anterior da pesquisa, correspondente ao 1º semestre, a confiança do turismo atingia o índice de 69,8%. Nos setores de comércio e serviços também houve redução nas opiniões favoráveis, que chegaram a 57,9% e 57,5%, respectivamente.

Quadro funcional

A pesquisa da Fecomércio PR aponta ainda 68,6% dos empresários pretendem manter o quadro funcional. Na edição anterior, esse percentual correspondia a 67,7% dos entrevistados. No entanto, a parcela de empresas que deve reduzir o número de funcionários subiu, passando de 10,9% para 16,6% neste semestre. As empresas que planejam aumentar o quadro de colaboradores são 12,7%. Na pesquisa anterior eram 15,2%.

A maioria das empresas (52,4%) está satisfeita com a equipe. Outras 25,7% acreditam no potencial dos colaboradores, mas admitem que falta treinamento; 9,6% classificam o quadro funcional em um padrão muito satisfatório; 9,4% consideram que o nível da equipe é excelente e 2,9% não souberam/não quiseram responder.

Dificuldades previstas para o 2º semestre

Os empresários elencaram as principais dificuldades para a atividade empresarial, sendo que a mais citada foi a instabilidade econômica, seguida pela carga tributária elevada, clientes descapitalizados e aumento no custo das mercadorias. Os empecilhos mencionados foram praticamente os mesmos relatados no semestre anterior.

Novos investimentos

A maioria dos empresários (58,1%) afirma que não fará novos investimentos, percentual semelhante ao registrado no 1º semestre (58,4%). O número de empresas que pretendem investir no negócio caiu de 30,5% nos primeiros meses do ano para 26,9% neste semestre. Dentre os que pretendem investir, os pontos mais citados foram reforma e modernização, capacitação da equipe e publicidade.

(karla@pr.senac.br)

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